Revista Inovação FAPEMA

Investigação: antigas drogas no tratamento antiviral da Covid-19

Pesquisa busca por medicamentos com baixa toxidade no tratamento da doença

Em azul proteína do coronavirus (importina) e em vermelho uma molécula de lactona macrociclica

Lívio Martins Costa Júnior

Pós doutorado no United States Department of Agriculture (Estados Unidos) e no Roslyn Institute da Universidade de Edinburgh (Escócia). Doutorado e mestrado em Parasitologia (UFMG). Doutorado Sanduíche na Universidade de Munique (Ludwig-Maximilians), Alemanha. Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual do Maranhão. É professor associado do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal do Maranhão. Tem experiência na área de Parasitologia, com ênfase em Entomologia, Acarologia e Helmintologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Biologia e Controle de Helmintos, Ixodideos e Miíases.

A Pesquisa “Inibição da replicação do coronavírus (SARS-CoV-2) por lactonas macrocíclicas”, coordenada pelo professor Lívio Martins Costa Júnior, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), estuda o reposicionamento de drogas já utilizadas no tratamento de outras doenças no tratamento da Covid-19. O objetivo do trabalho é avaliar a atividade antiviral de vários outros compostos semelhantes a ivermectina sobre a Covid. Resultados preliminares, em ambiente computacional, mostram que as lactonas macrocíclicas ligam-se a proteínas importantes a do Sars-COV-2 e que a maioria dessas lactonas possuem baixas toxidade e frequência de mutação.

“Os resultados do projeto terão impacto imediato para o Maranhão em sua colocação no cenário científico nacional e mundial, no combate ao novo coronavírus”, afirma Lívio Martins. “Ao final dos ensaios computacionais (in silico) e testes em laboratório (in vitro), esperamos gerar subsídios para avaliações in vivo, em testes clínicos”, prosseguiu. “A busca por drogas com toxicidade baixa para seres humanos é uma das prioridades deste projeto e a seleção de compostos para o combate ao SARS-CoV-2 trará benefícios diretos para a população e reduzirá custos para o estado”, ressaltou.

Ele destaca que três lactonas macrociclicas (abamectina, selamectina e ivermectina) foram testadas sobre vírus, sendo que apenas a ivermectina teve comprovada, in vitro, atividade sobre o SARS-CoV-2. “Entretanto não é conhecida qual das ivermectinas (B1a ou B1b) que é ativa sobre SARS-CoV-2. Além disso, a dose necessária de ivermectina para redução da proliferação do SARS-CoV-2 é extremamente alta”, observa.

Dessa forma, segundo o professor, a pesquisa é inovadora pois testará as diversas ivermectinas, bem como todas as outras lactonas macrocíclicas, utilizando ferramentas computacionais e avaliações in vitro. “Isto aumentará, portanto, a possibilidade de se encontrar um dos compostos com alta atividade e baixa toxicidade”, pontuou.

ALVOS DA PESQUISA

Como alvos das pesquisa foram definidas as proteínas responsáveis pela translocação de moléculas virais do citoplasma para o núcleo nas células eucarióticas, cuja ivermectina venha a apresentar possibilidade de ligação. Por meio da pesquisa estão sendo buscadas todas as informações relevantes sobre essas proteínas, como número e sequência de aminoácidos, disponibilidade de estruturas no banco de dados de proteínas (protein data bank – PDB) e referências bibliográficas, dentre outras. 

O professor doutor Lívio Martins já trabalha com lactonas macrocíclicas há mais de 20 anos. São parceiros na pesquisa o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) e o Laboratório de Farmacologia Veterinária da Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires, Argentina. A sua equipe de trabalho é formada pelo pesquisadores Adrian Luis Lifschitz (UNCPBA), Alexandra Martins dos Santos Soares (UFMA) e Lucio Holanda Gondim de Freitas Junior (USP) e pelos alunos de mestrado e doutorado em Ciências da Saúde (UFMA), BIONORTE e RENORBIO, como Wallyson Santos. 

Lívio Martins enfatiza que a pesquisa busca selecionar uma lactona macrocíclica altamente eficaz para uso em baixa concentração, contra SARS-CoV-2, que tenha baixa toxicidade a humanos. Ela pretende, ainda, fornecer embasamento científico para realização de teste clínico utilizando a lactona macrocíclica com maior efetividade contra SARS-CoV-2, além de formar recursos humanos com metodologias mais atuais para reposicionamento de drogas. Com isso, haverá uma contribuição com respostas a problemas locais e mundiais, além do fortalecimento da pesquisa científica, tecnológica e colaboração entre as instituições brasileiras e internacionais. 

A primeira etapa do trabalho, a predição in silico, dos parâmetros farmacocinéticos e farmacológicos dos compostos dos grupos milbemicinas e avermectinas, já foi concluída. “Os compostos encontrados na primeira etapa do estudo já foram encaminhados para Universidade de São Paulo para que seja feito o teste in vitro para ver se há relação o que encontramos no teste já realizado” conta Lívio Martins.

MAIS INFORMAÇÕES 

A pesquisa é financiada pelo Governo do Estado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – Chamada Pública Emergência Fomento à Pesquisa no Enfrentamento à Pandemia e Pós-Pandemia da Covid-10 – Edital FAPEMA nº 06/2020.

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