Revista Inovação FAPEMA

Infecção materna por Covid-19 é mapeada em pesquisa

Foram realizadas análises hematológicas, bioquímica e imunológica de recém-nascidos infectados

Pesquisadoras realizam ensaio com o uso de camundongos.

Rosane Nassar Meireles Guerra

Doutora em Imunologia pela Universidade de São Paulo (USP), mestra em Patologia Experimental pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Santa Úrsula (USU) e professora titular da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Atua em pesquisas nas áreas de Imunologia e Biotecnologia com enfoque em efeito de produtos naturais sobre o sistema imune, em especial na diabetes, em tumores e na imunidade oral.

Mapear os impactos da pandemia por meio de análise hematológica, bioquímica e imunológica dos recém-nascidos infectados pelo SARS-COV-2, ou não, admitidos em Unidades de Terapias Intensivas (UTIs) de maternidades públicas e privadas de São Luís devido à COVID-19. Esse foi o objetivo da pesquisa apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico do Maranhão (FAPEMA), por meio do edital n° 06/2020 – Chamada Pública Emergencial Fomento à Pesquisa no Enfrentamento à Pandemia e Pós-Pandemia da Covid-19.

De acordo com a coordenadora do projeto, Rosane Guerra, a pesquisa foi desenvolvida devido à escassez de informações sobre as principais consequências da pandemia com relação aos bebês nascidos de mães que desenvolveram ou não COVID-19 durante o período de gestacional e que foram internados em UTIs.

Para que a análise acontecesse, a pesquisadora relata que foram investigadas 133 mulheres com puerpérios imediatos no período de setembro de 2020 até junho de 2021. Trata-se de estudo transversal, baseado em análise quantitativa de dados, a partir de um formulário de coleta de dados. O local escolhido para o estudo foi o hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão e os dados coletados são de informações sociodemográficas dos participantes e recém-nascidos. “Tivemos que buscar ativamente os prontuários, selecionamos os participantes, a partir da concordância dos responsáveis; coletamos amostras e fizemos testes imunológicos e bioquímicos e de avaliação hematológica de todas as pessoas”, explicou.

A pesquisadora relatou que o estudo está sendo desenvolvido desde setembro de 2020, mas ainda não foi finalizado, pois se encontra na fase de coleta de dados, devido à necessidade de obter um maior número de participantes e amostras. Informa ainda que a partir desse material já será possível apresentar alguns resultados e benefícios do estudo. “Com os dados que estamos colendo, vamos conseguir saber o perfil bioquímico e imunológico dos bebês nascidos durante a pandemia e avaliar as repercussões da COVID-19 nos recém-nascidos e nos bebês infectados”, explicou Rosane Guerra. “Já podemos adiantar que houve uma predominância de internação de mulheres com idade de 21 a 30 anos e uma redução de mulheres mais idosas talvez pela preocupação de engravidar neste momento complexo”, prosseguiu.

De acordo com a pesquisadora, houve um aumento no número de mulheres que ficaram internadas por períodos inferiores a três dias em razão da Covid-19 e também daquelas que tiveram complicações como aumento de coagulação, concentração de hemoglobina, diminuição de plaquetas e peso reduzido dos recém-nascidos, principalmente devido à comorbidades maternas. “Houve casos de gestantes hipertensas e com trombofilas e até, infelizmente, o falecimento de duas gestantes neste período pandêmico”, mencionou a pesquisadora. 

Rosane Guerra comentou sobre a importância do fomento da pesquisa cientifica pela FAPEMA para o seu projeto e para a ciência em todo país. “A ciência e a tecnologia necessitam de recursos crescentes e constantes, pois a interrupção de um projeto pode resultar em um grande atraso”, pontuou. “Essa premissa é confirmada pelo que estamos presenciando agora com a COVID-19, pois a falta de recursos necessários ao desenvolvimento de uma vacina nacional nos deixa refém da produção e das pesquisas realizadas em outros países”, ressaltou. “Além disso, há evidencias de que os investimentos em ciência e tecnologia refletem em melhoras do IDH e do PIB. Daí a importância significativa dos investimentos realizados em ciência e tecnologia no Maranhão e no Brasil”, concluiu.

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