Revista Inovação FAPEMA

Perfil – Érika Bárbara Abreu Fonseca

Professora doutora Érika Abreu (no centro) exibe troféu e certificado do Prêmio FAPEMA 2022

Todas as pessoas escrevem histórias que podem impactar realidades. E foi inspirada pela certeza de que sua contribuição para a sociedade seria construída através de um relacionamento sólido com a ciência que a professora Érika Bárbara Abreu transformou muitas vidas com o seu trabalho. A professora doutora foi vencedora do prêmio FAPEMA 2022, na categoria Pesquisadora Sênior – área Ciências da Saúde.

Entendendo a educação como instrumento para transformar pensamentos e ações, a professora Érika Abreu a escolheu para promover saúde. Os projetos executados em sua trajetória de mais de vinte anos possuem um impacto real em muitas vidas, melhorando a saúde daqueles que são foco de seus estudos.

Sua trajetória como pesquisadora se iniciou no terceiro ano da faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão, em 1998, quando participou de projeto de Iniciação Cientifica, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA. O projeto foi sobre “A importância da educação como estratégia para prevenção e diagnóstico precoce do câncer oral”, trabalho publicado no periódico especializado “Acta Oncológica Brasileira”.

Para divulgar os resultados desse trabalho, orientado pela  professora doutora Maria Carmem, Érika percorreu diversos lugares conscientizando pessoas de todas as idades sobre a necessidade de prevenção e cuidados com a saúde bucal. Aprendeu a transmitir essa mensagem com as estratégias mais adequadas para diferentes públicos e foi premiada na época com honra ao mérito em congresso da FAPEMA e CNPQ. Ela conta que isso a fez prometer a si mesma que continuaria esse trabalho por toda a sua vida, promessa que vem sendo cumprida. Ao longo desses anos têm conciliando com maestria vários papeis: o de mãe, esposa, dona de casa, estudante, estagiária e professora do ensino médio.

CRESCIMENTO PROFISSIONAL

 Seguindo com seu projeto, em 2001 iniciou o mestrado em diagnóstico bucal na Universidade Federal da Paraíba. Érika defendeu o trabalho de dissertação  “Relação entre o estado nutricional e má-oclusão na dentição decídua em pré-escolares na cidade de São Luís (MA)” – e, por causa dele,  a professora dá continuidade à linha de pesquisa em saúde pública voltada para crianças do Maranhão. O objetivo foi analisar se as crianças desnutridas tinham maior prevalência de alterações oclusais dentárias.

O trabalho foi publicado e discutido com pais e responsáveis de crianças, professores, diretores das pré-escolas de São Luís e gestores da saúde e educação. Nesse período do mestrado, Érika começou a ser professora do UNICEUMA e continuou na universidade até 2008 lecionando disciplinas para a graduação, coordenando estágios e orientando alunos.

E foi com o intuito de continuar capacitando-se para melhor desenvolver ações para a sociedade que, após o mestrado, Érika Abreu inicia em 2003 o doutorado em Saúde Coletiva no Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC-UFBA). Foi o único doutorado em Saúde Pública com conceito 7 no Norte/Nordeste do Brasil. “Nesse período, aprimorei minhas habilidades como cientista, com área de concentração em Epidemiologia. Minha tese ‘Estado antropométrico e alterações oclusais em escolares na cidade de Salvador, BA, Brasil’ foi orientado por uma cientista no campo da Nutrição e Saúde Pública, a professora doutora Ana Marlúcia Oliveira Assis. Com esse trabalho, tive a honra de receber o meu primeiro Prêmio FAPEMA, em 2008, na modalidade Talento Maranhense: melhor trabalho de doutorado desenvolvido por pesquisadores do Maranhão”, relata.

Após a conclusão do doutorado, ela retorna para São Luís/MA, continua suas atividades laboratoriais e passa a atuar também como cirurgiã dentista em São José de Ribamar. Em 2008 ela inicia a docência na UFMA, bem como  um projeto de extensão apoiado pela FAPEMA, que evoluiu para um Programa de Extensão da UFMA (Programa de Atenção à Saúde Bucal – PASB), envolvendo múltiplos projetos de extensão e pesquisa. O foco era realizar ações voltadas à redução da morbimortalidade por câncer de boca nos municípios do Maranhão. De 2010 a 2015, o programa envolveu dezenas de professores e estudantes de vários cursos.

“Produzimos e distribuímos milhares de folders explicando como fazer o autoexame de câncer de boca, distribuímos vídeos educativos em unidades de saúde e para a comunidade, gravamos uma música, apresentamos relatórios técnicos e trabalhos científicos a gestores, trabalhadores, estudantes e população em geral” – destaca a pesquisadora que continuou a liderar projetos, orientar alunos e publicar artigos científicos. Em 2009, ela realiza duas pesquisas apoiadas pela FAPEMA e CNPQ e publica seu primeiro capítulo de livro: “Situação de saúde bucal nos seis municípios mais populosos do Maranhão”, na obra “Atenção à Saúde do Adulto e da Criança no Maranhão”, publicado pela editora UFMA. No mesmo ano, ela recebeu o Prêmio de Honra ao Mérito (trabalho de pesquisa) na categoria Apresentação Oral/Efetivo no SNPqO.

Em 2010, por conta de outros projetos de pesquisa, ela recebe também uma menção honrosa pelo trabalho de iniciação científica apresentado no XXII SEMIC-UFMA e menção honrosa por pôster apresentado na 41ª JMEn; além do Prêmio Edital Enchoval UFMA. Logo em seguida, a professora inicia a sua especialização em formação docente na área de Vigilância da Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e a concluí em 2011 com o trabalho “Vigilância da saúde de base territorial local: a experiência maranhense no curso de formação docente”.

Um importante capítulo dessa história é escrito em 2011, ano em que um dos seus projetos foi marcante e que ela considera ser um dos mais importantes de sua carreira até o momento, a avaliação externa do “Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB)”, coordenado pelo Ministério da Saúde. Daí surgiram parcerias nacionais e internacionais, além dos resultado em produtos técnicos e bibliográficos disponíveis no Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde. O projeto contribuiu para a reestruturação da Política Nacional de Atenção Básica e para rediscutir as formas de financiamento do SUS.

Em 2014 ela foi convidada para compor o grupo gestor de consórcio do Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade dos CEO (PMAQ-CEO) do Ministério da Saúde e coordenou as atividades no Norte do Brasil e no Maranhão. Esse projeto também gerou dezenas de produtos técnicos e os resultados foram amplamente debatidos com gestores, profissionais de saúde e publicizados para a comunidade científica e para a população em geral. Ainda em 2014, a professora iniciou a Especialização em Avaliação de Programas e Serviços de Saúde na FIOCRUZ e o concluiu, no mesmo ano, com o trabalho “Plano de avaliação da implementação do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQAB) no Maranhão”.

Por causa disso, ela recebeu conquistou o Prêmio FAPEMA 2014, na Categoria Jovem Cientista (Iniciação científica) e o Prêmio Pró-Publicação da UFMA. Em 2015, coordenou o trabalho “Pesquisa Avaliativa da Gestão e Atenção ao Parto e Nascimento na Rede SUS do Brasil”, com financiamento global do Ministério da Saúde cujo objetivo foi incentivar mudanças do modelo de gestão e atenção nos serviços que realizam partos, garantindo boas práticas do parto e nascimento. E para isso, o projeto também garantiu a inclusão dos usuários no processo. Essas ações geraram bons frutos para o estado. Além do contato com a comunidade para aplicar as ações elaboradas no programa, os seus resultados foram publicados e discutidos em oficinas de trabalho.

Tais projetos foram importantes para as melhorias no sistema de avaliação do SUS e para a formação de recursos humanos no Maranhão e para que fossem firmadas parcerias nacionais e internacionais com pesquisadores de renomadas instituições de ensino e pesquisa no Brasil (UFPel, UFSC, UFMG, UNB, UFG, USP, UFPE, UFPB, ENSP-FIOCRUZ, etc), nos Estados Unidos (Duke University) e na Inglaterra (University of Southampton). Por isso, em 2015, a Fundação de Amparo À Pesquisa do Maranhão reconhece novamente o trabalho e Érika Abreu recebe o Prêmio FAPEMA na Categoria Dissertação de Mestrado.

Logo em seguida, a professora realiza estágios internacionais e segue publicando artigos sobre saúde em diversos veículos do Brasil. A professora, então construiu, juntamente com uma equipe de pesquisa, um aplicativo que calcula o risco de NPT, a “calculadora PRECOCE” (http://mathconsortium.com/app-risco-prematuridade/. A próxima inovação foi um dashboard, o “painel PRECOCE” (http://mathconsortium.com/painelnascidos-vivos/). A pesquisadora ressalta que ambos estão disponíveis para visualização de dados e suporte à decisão clínica e que todo o Brasil, inclusive o Maranhão, está georeferenciado nesses produtos tecnológicos.

Pensando em conhecer e transmitir de diversas formas, a professora Érika se destacou e se destaca nacionalmente e internacionalmente com suas iniciativas que unem ciência e inovação.  E na pandemia, ela continuou divulgando resultados dos seus projetos em lives e consultorias.

Foram 20 anos de atuação como docente no ensino superior, 10 orientandos no doutorado, 24 de mestrado, 5 de especialização, 28 de graduação, 30 de iniciação científica e 26 orientações de outra natureza (Iniciação à Extensão, Monitoria, Apoio Técnico, dentre outras).

Ela também já coordenou mais de 40 projetos de pesquisa, publicou 112 artigos, 01 livro, 12 capítulos de livro; 01 livro organizado, 198 trabalhos publicados em anais de eventos (resumo), dentre outras atividades que têm contribuído para garantir mais saúde para vidas no Maranhão, no Brasil e no mundo.

Em reconhecimento a sua importante contribuição, a professora doutora recebeu cinco Prêmios FAPEMA (melhor Tese de Doutorado, em 2008; orientadora do melhor trabalho de Iniciação Científica, em 2014; orientadora da melhor Dissertação de Mestrado, em 2015; e na categoria “Cientistas Mais Premiados” pela FAPEMA, em 2020). E a lista continua a revelar a dedicação e os resultados.

“Espero que nos próximos 20 anos possa vivenciar uma assistência à saúde e a educação públicas efetivamente de qualidade”, conclui a pesquisadora sênior que continua a escrever essa história junto com dezenas de pessoas que promovem a educação e a saúde e fazem crescer a ciência no Maranhão. 

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