Pesquisa realizada no pós-doutorado no Reino Unido estudou a biodiversidade de zooplanctons
Lígia Tchaicka
Doutora e mestre em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
Professora adjunta da Universidade Estadual do Maranhão, docente do Curso de Pós-Graduação (doutorado) em Recursos Aquáticos e Pesca e da Rede Bionorte .
Os zooplânctons são animais microscópicos que flutuam na água e são a base da cadeia alimentar marinha. Eles são importantes para a natureza, pois são uma fonte essencial de alimento para muitas espécies marinhas, como peixes, crustáceos e baleias. Além disso, ajudam a regular a quantidade de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, consumindo o gás durante o processo de fotossíntese.
A compreensão das diferentes espécies de zooplânctons é essencial para o desenvolvimento de estratégias eficazes de conservação e gestão dos recursos marinhos. Com a crescente demanda por recursos pesqueiros, é cada vez mais importante entender como as populações de zooplânctons interagem com as populações de peixes e outros organismos.
Nesta linha, o trabalho de pós-doutorado da pesquisadora Lígia Tchaicka, da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), realizado na Universidade de Cambridge (Reino Unido), apresenta uma importante contribuição. A pesquisa foi apoiada pela FAPEMA, por meio do edital nº 21/2020, de apoio à cooperação internacional.
A pesquisadora atuou no Instituto de Conservação da Biodiversidade da Universidade Britânica, que conta com contribuições de pesquisadores, iniciativa privada e outras instituições voltadas à conservação da natureza. Pra mim foi muito interessante porque eu interagi com pesquisadores que trabalham com tecnologias muito avançadas e pude discutir temas muito atuais e me inteirar das discussões,” explica a pesquisadora.
O grupo de pesquisa, coordenado pelo seu supervisor no pós-doc, Andrew Tenantzap (Department of Plant Science- Cambridge University), iniciou em 2018 um projeto com o nome de “Importância Ecológica e Evolutiva da Diversidade Molecular em Matéria Orgânica Dissolvida – SEEingDOM” que está avaliando amostras de mais de 100 lagos europeus utilizando tecnologias de ponta na área de química orgânica e que permitem estudos mais avançados acerca da diversidade de microrganismos marinhos. A pesquisadora utilizou as amostras disponíveis e analisou a diversidade dos zooplanktons. “Eu tive a oportunidade de gerar as primeiras sequências de DNA desse grupo para avaliar a diversidade que existem nos lagos e correlacionar com questões de temperatura e composição de matéria orgânica dissolvida na água, o que nos dá uma perspectiva de como será a mudança desse grupo após as mudanças climáticas”, explica Lígia
A cientista adquiriu um treinamento em uma tecnologia ainda pouco utilizada no Brasil e muito importante para estudos de ecologia, conservação e monitoramento ambiental: a técnica de coleta de DNA ambiental (eDNA). Ela permite a detecção e identificação de organismos em ambientes aquáticos ou terrestres utilizando amostras de água, solo ou ar. “A vantagem do método é que, em cada uma das amostras, eu consigo levantar todos os organismos que estão ou estiveram presentes naquela água”, destaca. “Nas técnicas tradicionais é necessário o contato direto com cada organismo e em um organismo de cada vez”, enfatiza a pesquisadora.
Esse conhecimento já está causando impacto em pesquisas realizadas no âmbito do Maranhão. “O meu treinamento para utilizar essa metodologia já está sendo utilizado para o estudo de ambiente marinho aqui na costa maranhense e a nossa perspectiva é fazer correlações semelhantes com as que realizei no pós-doutorado”, destaca.
Lígia também ressalta o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Maranhão na realização do seu trabalho. “A FAPEMA foi primordial porque ajudou no custeio dos deslocamentos e da minha manutenção na Universidade de Cambridge e sem esse apoio seria muito pouco provável que eu conseguisse realizar meu trabalho”, agradece. Ela também conta como a experiência impactou sua trajetória acadêmica. “Eu pude projetar a instituição e o laboratório onde eu trabalho neste contexto internacional, podendo fazer parcerias e especialmente trazer esta tecnologia mais moderna, visto que ela ainda é muito pouco utilizada no Brasil”, conclui Lígia.
