Revista Inovação FAPEMA

Festas religiosas no Maranhão: uma cartografia para o turismo

Pesquisa de pós-doutorado constitui base de dados local e nacional sobre o tema

Manifestação religiosa na na Praça da Matriz de Vargem Grande, durante a Festa do Santo Vaqueiro São Raimundo Nonato dos Mulundus

Josenildo Campos Brussio

Pós-Doutor pelo Programa de Pós-graduação em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Doutor em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mestre em Educação e bacharel em Direito pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Licenciado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Professor da UFMA, no Centro de Ciências de São Bernardo, como associado do Curso de Licenciatura em Ciências Humanas/Sociologia e como colaborador do Curso de Turismo. Professor colaborador da UEMA, nos programas de Pós-Graduação em Educação e em Letras. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Meio Ambiente, Desenvolvimento e Cultura e do Laboratório de Estudos do Imaginário. Integra a Rede de Pesquisa em Turismo Religioso no Nordeste Brasileiro, a Société Internationale de Sociologie des Religions e a Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as.

De acordo com o Observatório de Turismo, as riquezas naturais do Maranhão movimentam o setor principalmente nas áreas litorâneas e no sul. O pólo São Luís abrange a capital, além de Alcântara, São Jose de Ribamar e Raposa. Os Lençóis Maranhenses são constituídos por Humberto de Campos, Santo Amaro, Barreirinhas e Primeira Cruz. O pólo Delta das Américas inclui Tutóia, Paulino Neves, Araioses e Água Doce do Maranhão. No Sul do estado, a Chapada das Mesas é descrita com as localidades de Imperatriz, Tasso Fragoso, Estreito, Carolina, Riachão, Balsas, Formosa da Serra Negra, Fortaleza dos Nogueiras, Itinga do Maranhão, Campestre, Alto Parnaíba e Açailândia.

“Não há quase nada sobre os destinos do turismo religioso no estado, apesar de sabermos o quanto algumas festas religiosas movimentam milhares de turistas todo ano no Maranhão”, avalia o professor da Universidade Federal do Maranhão, Campus São Bernardo, Josenildo Campos Brussio, que lidera o Grupo de Estudos e Pesquisas em Meio Ambiente, Desenvolvimento e Cultura.

Doutor em Psicologia Social (UFRJ), mestre em Educação (UFMA), com graduação em Direito (UFMA) e licenciatura em Letras (UEMA), ele desenvolveu o projeto “Cartografia do Turismo Religioso no Maranhão: cenários e perspectivas de atuação para o pós-pandemia”, entre maio de 2021 e maio do ano passado 2022. A pesquisa foi realizada durante o seu pós-doutorado em Turismo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

“É um projeto pioneiro sobre a cartografia do turismo religioso no Maranhão”, afirma Brussio. De acordo com o pesquisador, há trabalhos isolados sobre as festas religiosas como o Festejo de São José de Ribamar e o Divino Espírito Santo, na região metropolitana da capital, e a Festa do Vaqueiro de São Raimundo do Mulundus, em Vargem Grande. “Quando se fala em turismo religioso no Maranhão, essas três festas religiosas aparecem em destaque no mapa do estado”, assinala.

Festa de Santa Bárbara e do Terecô, em Codó, marcada pelo sincretismo

“Mas há uma festa, em específico, fortemente marcada pelo sincretismo religioso afrocatólico, que deveria fazer parte desse mapa: Santa Bárbara em Codó”, avalia. De acordo com pesquisador, ela é centrada nas religiões afro-brasileiras, particularmente o Terecô, e seus principais agentes, como o Bita do Barão, falecido em 2019.

“O projeto surgiu após um convite recebido para que eu integrasse, em 2020, como membro efetivo, a Rede de Pesquisa em Turismo Religioso no Nordeste”, informa. A rede surgiu no período da emergência sanitária por conta da Covid-19, reunindo, de forma remota, grupos de pesquisa dos nove estados do Nordeste. O pesquisador também está elaborando uma cartilha para atualizar as informações sobre as festas religiosas que movimentam o turismo no estado, antes, durante e após a pandemia. “Será uma roteirização desses espaços festivo”, informa.

Durante os dois anos iniciais da pandemia, foram coletadas informações e divulgações disponibilizadas pelos participantes e promotores das festas, acessadas por meio de aplicativos, sites e plataformas digitais frequentemente utilizadas pelas instituições responsáveis pelas festas. “Participamos presencialmente de todos os festejos em questão no ano de 2022”, pontuou. “Metodologicamente, optamos pelos caminhos da etnografia associada à netnografia”, complementou.

Os estudos resultaram na constituição de uma base de dados para a Rede de Pesquisa em Turismo Religioso do Nordeste Brasileiro, para o Observatório de Turismo do Maranhão, (vinculado à Secretaria de Turismo do Estado do Maranhão) e ao Observatório de Turismo, do Governo Federal (vinculado à Ministério do Turismo). “Espero que os benefícios da pesquisas apareçam mais evidentemente a médio e longo prazo, com a maior visualização e destaque das festas religiosas que movimentam o Turismo religioso no Maranhão”, assinalou Josenildo Campos Brussio.

Como resultado da pesquisa, também foram publicados dois artigos científicos: “Reinventing Northeastern Religious Tourism in Brazil during the COVID-19 pandemic, na Open Journal of Social Sciences  e “O festejo de São José de Ribamar/MA e as (re)configurações do turismo religioso no espaço e tempo da pandemia da Covid -19” na Revista de Turismo Contemporâneo.

O pesquisador prossegue no acompanhamento dessas festas religiosas no pós-pandemia, com um projeto de iniciação científica com apoio da FAPEMA. “O projeto dá continuidade à pesquisa iniciada no pós-doutorado e ajudará na construção final da Cartilha Cartográfica do Turismo Religioso no Maranhão”, concluiu.

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