Revista Inovação FAPEMA

Gin Luar: do Médio Mearim no Maranhão para o mundo

A empresa participou, no final do ano passado, da Missão Internacional Brasil-Alemanha promovida pelo Sebrae

Os insumos da bebida são adquiridos de comunidades quilombolas da região do Médio Mearim

Raul Loiola Coelho Dias

Mestre em Gestão Empresarial pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas. Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Católica de Brasília. CEO e proprietário do Grupo Luar, empresa fabricante do Gin Luar. Foi professor da Escola de Negócios do Centro Universitário UNDB e atua como Consultor da Brasis Consultoria, empresa credenciada ao Sistema FIEMA.

O gin é uma bebida alcoólica destilada, produzida a partir  de álcool neutro de cereais, destilado com os frutos da planta Juniperus Communis (Zimbro) e outros botânicos como coentro e casca de laranja. A bebida surgiu na Holanda e se popularizou na Inglaterra no Século XVIII, onde foi adicionada a tônicos como método de prevenção contra malária. O Gin pode ser apreciado puro e é o ingrediente principal de uma série de drinks populares, como Martini e Negroni.

 

Graças a visão do empresário Raul Loiola e sua equipe, o gin agora também é uma bebida maranhense. Com o apoio e fomento do Edital Tecnova, uma parceria entre a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) do Governo Federal, a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) e a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI), a empresa Gin Luar, com sede em Bacabal, produz a primeira marca de Gin 100% maranhense.

 

O Programa Tecnova é destinado a microempresas e empresas de pequeno porte e atende, prioritariamente, negócios inovadores nas áreas de agropecuária, economia criativa, bem-estar social, indústria, tecnologias emergentes e informação. Com o apoio do programa, a empresa do interior do Maranhão adquiriu maquinário para expandir a sua capacidade produtiva, produziu sua identidade visual e embalagens, registrou a marca no Instituto Nacional de Propriedade Industrial e realizou uma obra de adequação de infraestrutura da unidade de fabricação.

Dizer que o Gin é maranhense não significa apenas dizer que ele é fabricado dentro do território do estado, mas que integra características e ingredientes regionais desde o seu preparo. O zimbro, a matéria-prima do gin, é importado, mas os outros botânicos que são misturados na fórmula são 100% locais, adquiridos de comunidades quilombolas da região do Médio Mearim. “A gente atua junto durante todo o processo de produção, fornece as sementes, acompanha o cultivo, a colheita e o beneficiamento dessas matérias primas para que elas sejam inseridas no processo produtivo”, explica Raul Loiola.

Antes do apoio do Tecnova, a empresa contava apenas com Raul e uma estagiária. Com a ajuda do edital, a equipe também se expandiu. Com a contemplação do Tecnova II a gente contratou duas colaboradoras efetivas e o programa sustentou a remuneração delas por 18 meses”, explica o empresário. O programa viabilizou, ainda, a contratação de três estagiárias. Ao final do período de subvenção pelo edital, a empresa teve condições de manter a equipe. As estagiárias se tornaram efetivas e as primeiras a ingressarem a empresa ocupam, agora, posições de liderança no negócio: “Agora, temos demanda por trabalho e condição de pagar essa remuneração para as funcionárias”, aponta Raul.

A dedicação de Raul e sua equipe fez com que a empresa fosse contemplada por mais dois editais de apoio a pequenos negócios: o edital Startups, também da FAPEMA, e o Inova Amazônia Maranhão do SEBRAE. Além disso, o Grupo Luar participou de uma série de eventos de empreendedorismo e inovação, como a Feira do Empreendedor, o Expoindústria, Festival Maranhense da Cachaça, Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e o Amazônia Summit. Para o empresário, essa intensidade concedeu ao negócio uma grande experiência em um curto período de tempo. “Temos um ano de mercado, mas parece que temos cinco anos, por já termos conseguido construir conexões com muitas pessoas”, avalia Raul. Ele também destaca a importância da participação em eventos para estreitar os laços com os clientes. “O evento é o olho no olho, o momento de passar para o cliente a confiança de que estamos vendendo um produto de qualidade”, explica.

A trajetória do Grupo Luar, apesar de intensa e bem sucedida, ainda está apenas no começo. Para Raul, o apoio da FAPEMA foi fundamental para viabilizar e impulsionar o negócio. “Sem o governo e sem a Fapema não conseguiríamos chegar onde estamos agora, não só pela questão financeira, que foi essencial, mas pelo apoio institucional que eles nos dão, acreditando no nosso produto e no nosso potencial”, destaca o empresário.

Na opinião do empreendedor, a grande lição desses primeiros passos é a de que um ecossistema saudável de empreendedorismo é essencial para o êxito de negócios. “A gente precisa da rede, do governo e das universidades”, afirma. “Além da FAPEMA, temos uma importante parceria com a SEINC [Secretaria de Estado de Indústria e Comércio] e com o projeto Armazém do Empreendedor, que nos leva até as feiras e eventos gratuitamente”, prossegue. “Além disso, o IFMA de Bacabal recolhe todos os nossos resíduos sólidos, nos cede estudantes na área de estágio obrigatório e o corpo docente e pesquisadores estão sempre à disposição para nos auxiliar e sanar nossas dúvidas acerca de qualquer problema técnico”, explica Raul. Ele finaliza com um conselho final para novos empreendedores: “se abrace a quem pode lhe dar suporte”.

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