O estudo constatou a atividade antitumoral promissora
Lais Araújo Sousa Wolf
Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). É também, bolsista pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, voluntária do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência e integrante do laboratório de Micologia vinculado ao Núcleo de Imunologia Básica e Aplicada (NIBA) da UFMA. Tem experiência na área de Microbiologia, com ênfase em Micologia e interesses nas áreas de Microbiologia, Bioquímica, Biologia Molecular, Imunologia e Genética.
O estudo “Análise dos efeitos do extrato da semente do açaí (euterpe oleracea mart.) em modelos in vitro e in vivo de câncer de mama” traz uma nova luz aos tratamentos de combate à doença. Segundo a pesquisa, o composto retirado da semente da fruta tem efeito preventivo contra a doença. O estudo foi desenvolvido pela bióloga Laís Araújo Souza Wolff, sob coordenação do doutor em Ciências Médicas Marcos Antônio Custodio Neto da Silva, ambos da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
A juçara é rica em diversas substâncias fitoquímicas, que possuem atividades antioxidante, anti-inflamatória e antitumoral. A semente, no entanto, é um produto de descarte, sendo pouco utilizada na economia, porém, é relevante estudar as propriedades antitumorais desse subproduto, destaca Laís Araújo. “E esse é justamente o objetivo deste estudo, de analisar os efeitos do extrato hidroacoólico em modelos in vitro e in vivo, de câncer de mama. Nosso objetivo é desenvolver um composto fármaco-ativo com propriedades anticâncer”, pontua.
Os frutos utilizados na pesquisa foram coletados no Parque Ecológico do Maracanã – Parque da Juçara, em São Luís, Maranhão. O extrato foi analisado quanto ao perfil fitoquímico do tipo por LC-MS/MS e realizadas várias análises in vitro, nas linhagens celulares do tipo MCF-7 (adenocarcinoma de mama). Marcos Antônio explica que a linhagem foi tratada com quatro concentrações do extrato, pelo período de 24, 48 e 72 horas e, depois, foram realizadas as análises de viabilidade celular, morte celular e morfologia.
“Após estas análises in vitro, estudamos o efeito do extrato hidroalcoólico da semente da juçara em modelo de tumor sólido de Ehrlich”, explica o orientador. Os animais utilizados como cobaia foram ratos de laboratório, tratados com diferentes concentrações do extrato, 30 dias antes da indução do tumor e mais 15 dias após essa indução. Após o tratamento com o extrato, houve aumento na detecção de espécies reativas de oxigênio e a análise por microscopia eletrônica de transmissão, confirmou a presença de vesículas autofágicas e o aumento no número de mitocôndrias.
“Foi constatado que o extrato da semente de açaí tem atividade antitumoral promissora em modelos in vitro e in vivo. Nossos estudos mostram que o extrato da semente de açaí tem propriedades preventivas para o câncer de mama. Acreditamos que um medicamento à base desse extrato possa ajudar na prevenção do câncer de mama, porém, faltam estudos em humanos para avaliarmos melhor os efeitos desse extrato. Nosso grupo desenvolve a pesquisa desde 2011 e considero que houve avanços na compreensão da ação da juçara para o câncer de mama. O uso da semente tem impacto na economia e também na biodiversidade”, observa Marcos Antônio.
O orientador Antônio destaca, ainda, o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) para o avanço do trabalho. “Foi fundamental para o desenvolvimento da pesquisa. Os recursos provenientes do edital contribuíram para a compra de insumos e equipamentos que possibilitaram a execução de diferentes reações, além dos testes com camundongos. Além disso, o apoio da FAPEMA é fundamental para o desenvolvimento da pesquisa científica e para a inovação no estado. A instituição tem sido vital para todos os pesquisadores contar com a fundação para a continuidade das suas pesquisas”, ressalta.
Excelente pesquisa, não só pela sua inovação, mas por três aspectos importantes: primeiro a busca de um novo medicamento para tratar para câncer de mama que tem prevalência alta, segundo por se tratar de uma planta nativa do nosso estado e terceiro por utilizar a semente que é descartada no meio ambiente causando impactos ambientais.
Parabéns!!!