Revista Inovação FAPEMA

Estudo fornece suporte de baixo custo para pesquisas com crustáceos

A proposta pode ser utilizada em centros de pesquisas com estrutura reduzida

A técnica está sendo utilizada de forma didática, possibilitando a formação de jovens pesquisadores do interior do estado

Daniel Silva Andrade

 

Graduando em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Bolsista PIBIC/UFMA e membro ativo do Laboratório de Limnologia e do Grupo de Estudo em Artrópodes Aquáticos e Fauna Associada do Maranhão.

Atua em trabalhos de pesquisa e técnicas-científicas na área de Biodiversidade e Caracterização da Fauna de Chydoridae (Cladocera, Branchiopoda).

O pesquisador Daniel da Silva Andrade, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), com a orientação do professor Riccardo Mugnai,  doutor em Ensino em Biociências e Saúde (FioCruz), desenvolveu uma nova técnica para o exame  dos poros cefálicos de Branchiopoda em microscópios ópticos. A nova técnica se destaca por ser por ser eficaz no processo de identificação desses organismos, a custo zero e de forma mais rápida.

Os Branchiopoda são uma classe de crustáceos constituídos por um corpo segmentado e inclui espécies como a Artemia salina, vulgarmente conhecidas por artémias. No Brasil, ocorre produção de Artemia sp. voltada para uso na aquicultura, como alimento para organismos aquáticos como larvas de camarões e peixes. Cistos de Artemia podem ser adquiridos e incubados para posterior alimentação de algumas espécies de peixes de aquário.

Para visualização dos poros cefálicos desses microcrustáceos são geralmente utilizados microscópios eletrônicos, a um custo de centenas de milhares de reais. O trabalho possibilita a redução de custos e a sua utilização em laboratórios dos centros de pesquisas com menor poder aquisitivos, a exemplo dos campi do interior do Maranhão.

A técnica está sendo utilizada para didática de tipo formal e informal possibilitando a formação de novos pesquisadores nessa área, principalmente estudantes oriundos do interior do estado. E isso tem gerado um alto impacto para o desenvolvimento social e tecnológico para o Maranhão.

À esquerda: imagens dos poros cefálicos obtidas com lâminas compostas ao custo estimado de 50 centavos em um microscópio óptico de uso didático. À direita: as mesmas 3 imagens das estruturas realizadas por meio de um microscópio eletrônico que possui um custo que pode chegar a 1 milhão de reais.

O trabalho foi publicado na revista cientifica internacional Crustaceana, atualmente com avaliação B1 no quadro de avalição Qualis Capes e vencedor do Prêmio FAPEMA 2022 na categoria Jovem Cientista – Ciências Biológicas.

“As contribuições da pesquisa para a área do conhecimento são extremamente significativas e vão além de fatores técnicos abrangendo inclusive fatores econômicos”, afirma Daniel Andrade. “Esse processo criativo gerou impacto na sociedade, pois o equipamento normalmente utilizado para fazer esse tipo de fotografia de análises tem um custo que vai de R$ 200 mil a R$ 1 milhão”, complementa.

Ele explica que, no caso da fotografia, foi utilizado um microscópio didático e uma lâmina personalizada com um custo em torno de pouco mais de R$ 0,50 (cinquenta centavos). Assim, imagem realizada com este protocolo evita gastos vultosos de recursos públicos, gerando um impacto para sociedade. “Isso também possibilita o acesso a pesquisa de ponta a pesquisadores júnior, que muitas vezes não têm acesso a equipamentos específicos ou o mesmo não é disponível para estagiários”, pontua o pesquisador.

Do ponto de vista científico a imagem realizada a partir do microscópio didático, cujo custo não ultrapassa R$ 8 mil reais, permitiu a geração de informações anatômicas mais detalhadas que a microscopia eletrônica, sendo a mesma ler apenas a superfície enquanto a óptica onde há passagem de luz, demonstrou que em realidade se trata de um conjunto de anéis sobrepostos e não só um anel como mostra a microscopia eletrônica.

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