Revista Inovação FAPEMA

Fotografia Maranhense no século XIX: um resgate

Pesquisa de Iniciação Científica resultou na produção de materiais didáticos e audiovisuais

O projeto analisou a arte fotográfica e seus desdobramentos no Maranhão oitocentista

Igênia Moraes Silva Gomes

Cursa Licenciatura em História na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) – Centro de Estudos Superiores de Caxias (CESC).

Integra o grupo de Pesquisa e Documentação em História Social e Política do Maranhão (GP-DOHSPEM)

Hoje em dia, a maioria dos telefones celulares também funcionam como câmera fotográfica e são capazes de produzir materiais digitais de alta qualidade. Mais que isso: a internet e as redes sociais permitem que essas fotos alcancem um grande número de pessoas em rápida velocidade.

E, na verdade, a fotografia é considerada uma das mais importantes formas de registro e de expressão da criatividade de toda a humanidade desde a época em que a tecnologia capaz de produzi-la foi inventada: no Século XIX.

O período foi estudado por Igênia Moraes Silva Gomes, graduanda do curso de Licenciatura em História pela Universidade Estadual do Maranhão Campus Caxias, em seu projeto de extensão “Por trás dos Olhos: A arte fotográfica e o comércio de retratos nos jornais maranhenses do século XIX”. A pesquisa, orientada pelo professor Eloy Barbosa de Abreu, foi premiada na última edição do Prêmio Fapema na categoria Jovem Cientista – Ciências Humanas e Sociais.

O objetivo do projeto foi analisar a arte fotográfica e seus desdobramentos no Maranhão oitocentista (a partir da década de 1860) a fim de compreendê-la transcendendo o próprio ato de fotografar. “Buscamos compreender e perceber o significado simbólico que a fotografia assumiu e, por conseguinte, influenciou o comércio de retratos no final do século XIX”, explica Igênia. Ao longo do tempo, ela vem se destacando e sendo utilizada, também, para fins científicos e como fonte de análise histórica. “É um instrumento de relevância no processo de construção do conhecimento histórico e conservação da memória individual e coletiva”, prossegue.

Para a pesquisadora, a forte presença da fotografia na cultura é uma herança de nossos antepassados, que utilizavam a fotografia como representação de si mesmos e do mundo a sua volta. “O retrato e o álbum fotográfico se tornaram verdadeiras relíquias, pois os registros evocam lembranças e despertam emoções no observador que as contempla, aponta a pesquisadora. De acordo com Igênia, desde o seu advento até os dias atuais, a fotografia passou por diversos avanços e aperfeiçoamentos em sua técnica, e continua sendo muito requisitada. “Diante disso, estudar essa arte e a sua comercialização nesse recorte espaço-temporal torna-se interessante, pois se trata de um assunto diretamente relacionado a realidade de praticamente todas as pessoas”, complementa.


Metodologia

A primeira fase do projeto foi uma revisão bibliográfica das obras que tratam sobre a origem, características, teorias, simbologias e diversos outros temas relacionados à fotografia, possibilitando a compreensão do tema em aspectos gerais e específicos.

Após isto, foram cruzados dados de diferentes fontes. As fotografias foram localizadas na base de dados da Brasiliana Fotográfica Digital, no Domínio Público e na Fundação Joaquim Nabuco (FUNDAJ). Além disto, foram realizadas pesquisas nos periódicos maranhenses do século XIX através da base de dados da Hemeroteca Nacional. Nos jornais, foram coletadas informações sobre os três fotógrafos analisados no trabalho: o português Hygino Soares, o espanhol Filomeno Gonzales e o maranhense Henrique Neves.

As informações disponíveis nos periódicos foram das mais variadas: técnicas utilizadas, parcerias comerciais com outros fotógrafos, aparelhos e produtos utilizados para captura e revelação da imagem fotográfica, os valores dos retratos e muito mais. “Cruzando as informações dos periódicos, linguagem escrita, com as fotografias e linguagem visual foi possível estabelecer relações e evidenciar características pertinentes à pesquisa contidas no campo imagético da fotografia e no verso delas”, detalha a pesquisadora. Foram observados os objetos que compõe o cenário; a dedicatória no verso dos ‘cartões de visita’; as poses; o rosto ou olhar direcionado à lateral da câmera; as indumentárias e acessórios dos representados; fotografias de busto e de corpo inteiro. “Ou seja, examinamos todos os detalhes que possibilitam a compreensão acerca da técnica fotográfica”, explica Igênia.

Premiação

Ganhadora do prêmio FAPEMA na categoria Pesquisador Júnior, Igênia conta que ficou muito feliz e honrada pelo reconhecimento. “Me fez perceber a inovação e importância do projeto que foi produzido a partir dessa pesquisa”, afirmou.  Ela pretende prosseguir com os estudos acerca do tema em seu trabalho de conclusão de curso.

Confira, nos links, os produtos da pesquisa:

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