Ao longo de sua história, a Fapema apoiou e produziu diversos trabalhos de divulgação científica
O impacto do trabalho científico pode ser sentido em todas as áreas da vida cotidiana. Por meio de pesquisas em saúde, por exemplo, são desenvolvidos diagnósticos mais precisos e obtidas curas para novas doenças. Estudos em ciências exatas e tecnologia explicam fenômenos naturais enquanto desenvolvem novas maneiras de lidar com eles. Pesquisadores de ciências agrárias e ambientais desenvolvem técnicas para preservar o planeta e alimentar a sociedade enquanto pesquisadores em ciências humanas buscam entender os mecanismos que operam na sociedade.
A ciência está em tudo, mas nem sempre é simples compartilhar o conhecimento acadêmico com a sociedade. Além da dificuldade em adaptar a linguagem científica para um público mais abrangente, existe a realidade da prática de pesquisa. Em meio à rotina de um pesquisador, de tempo em laboratório, projetos de pesquisa e extensão, docência e produção científica, falta tempo e estrutura para que ele possa sozinho realizar, também, o trabalho de divulgação.
E é daí que surge a importância do trabalho de parceiros da comunicação, que realizam o trabalho de divulgação científica através dos canais da mídia impressa, rádio e tv e das redes sociais. Jornalistas, assessores de comunicação e publicitários desempenham uma importante função: a de popularizar a ciência e de trazer conhecimento qualificado no centro das discussões da sociedade.
Sidney Pereira
TV Mirante/Globo Prêmio Fapema 2005, 2006, 2009
“É importante o apoio ao jornalismo científico”
Jornalismo científico na TV
Sidney Alves Pereira é parte importante dessa história. Jornalista experiente formado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Sidney conta com 40 anos de carreira e construiu a maior parte dela como repórter da TV Mirante, emissora que trabalha desde 1990. Ao longo da trajetória como comunicador, viajou por diversas cidades do Maranhão, Brasil e exterior e colaborou com os principais jornais da Rede Globo.
O repórter Sidney Pereira foi pioneiro no jornalismo científico da TV maranhense com incentivo da Fapema
Sua experiência resultou na conquista do prêmio FAPEMA, na categoria do jornalismo científico, nos anos de 2005, 2006 e 2009. Ele foi homenageado em 2011, além de ter sido finalista, entre os mais premiados, por ocasião da Homenagem Prêmio Fapema em 2020. “Receber premiações é sempre bom, mas o que é realmente importante é que existam instituições que apoiem o jornalismo científico”, destacou Sidney.
Ele também conquistou o Prêmio Guarnicê, da UFMA, nos anos de 1988, 1997 e 1999; o Prêmio BNB de jornalismo, do Banco do Nordeste, em 2004; o prêmio Catavento, do Ministério Público do Maranhão, em 2005, e o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo investigativo em 2009.
Para o jornalista, a TV aberta é um importante canal de divulgação científica pelo seu alcance e o trabalho jornalístico atua como uma ponte entre o conhecimento acadêmico e a sociedade. Sidney também pontuou a importância da comunicação durante o período da pandemia do COVID-19. “Esse momento estreitou os laços entre a imprensa e a comunidade científica, pois ambos entenderam a necessidade de atuar em conjunto para combater a desinformação”, ressaltou.
Reinaldo Martins – Rádio Timbira Prêmio Fapema 2011
“O trabalho do jornalista científico é educativo”
Ciência no rádio
Antes da internet e da televisão, o rádio era o único veículo de comunicação de massas em tempo real. Com o advento das novas tecnologias, muitos apostaram no fim da radiodifusão, mas o veículo se reinventou com o passar dos anos e provou a sua relevância em pleno século XXI.
José Reinaldo Martins, jornalista da Rádio Timbira há 14 anos, recebeu o prêmio FAPEMA 2011 pelo seu trabalho como produtor, redator e apresentador do programa Ciência Hoje. Semanalmente, ele abordava tanto as pesquisas e inovações internacionais quanto a produção dos pesquisadores maranhenses. “O Ciência Hoje marcou época, pois ao mesmo tempo em que a Rádio Timbira estava revitalizando a sua grade de programação, a FAPEMA se projetava cada vez mais como uma importante instituição de fomento à pesquisa. Ao longo dos dois anos em que o programa foi ao ar entrevistamos uma série de pesquisadores apoiados pela Fundação”, explica o jornalista.
Neste ano, a Rádio Timbira resgatou o espírito do programa e produziu um novo produto mais adequado para o momento atual: o Timbira Tech. Em 2023, a internet e as redes sociais não só estão mais acessíveis como são parte integrante da vida das pessoas, o que permite uma abordagem multimídia mesmo em um programa de rádio. “Através das novas tecnologias e da transmissão simultânea nas redes, podemos ilustrar as entrevistas com imagens e gráficos, enriquecendo a experiência”, ressaltou.
Para Reinaldo, o trabalho de divulgação científica desenvolvido pelos comunicadores é de suma importância. “Se você verificar os principais jornais do mundo, todos eles têm uma editoria específica para tratar de assuntos relativos à ciência, tecnologia e inovação. O trabalho do jornalista científico não é apenas informativo, também é educativo”, avaliou.
O jornalista também destacou a importância de abordar a ciência na Rádio Timbira. “Nossa rádio é pública e desempenha um trabalho muito relevante no interior, alcançando municípios que ainda não possuem infraestrutura para internet banda larga”, explica. Ele também destacou a importância do apoio da FAPEMA ao jornalismo científico. “É um trabalho de extensão de grande importância, pois além de reconhecer o trabalho dos jornalistas, incentiva veículos e emissoras a produzir mais materiais nesse sentido”, pontuou.
Sebastião Borges
Rádio Universidade.
Prêmio Fapema 2013 e 2016
“Divulgar a ciência é impactar e transformar a sociedade”
Rádio e TV Universitárias
Principal local de produção do conhecimento, a universidade possui um papel fundamental na popularização da ciência. No caso da UFMA, a universidade mais antiga do estado, os principais canais de divulgação são a TV UFMA e a Rádio Universidade. Através desses canais, os jornalistas divulgam a produção científica de estudantes e professores da instituição.
Com uma trajetória de mais de 10 anos como repórter da Rádio da UFMA, Sebastião Borges ajudou a divulgar uma infinidade de pesquisas e duas de suas produções foram homenageadas pela FAPEMA. Em 2013 conquistou o prêmio pela sua reportagem “A tecnologia na sala de aula do futuro” e, em 2016, foi premiado pela cobertura de pesquisa sobre ovários policísticos. “Esses feedbacks são indicadores de que o meu trabalho divulgando a ciência está no caminho certo”, comentou o jornalista.
Para Sebastião, um dos principais objetivos da divulgação científica é o de democratizar o acesso à produção científica e aos avanços por ela alcançados. “É importante trazer a ciência para o cotidiano das pessoas, desconstruindo a ideia de que a produção acontece apenas nos laboratórios. Divulgar a ciência é impactar e transformar a sociedade”, complementou o jornalista.
A Fapema também desenvolve uma série de ações de divulgação científica, a exemplo da Revista Inovação, editada há 17 anos, com reportagens jornalísticas sobre o trabalho de pesquisadores apoiados no âmbito da iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado.
Sandra Viana, premiada em 2014 com a reportagem ‘A energia das marés’ na Rádio Universidade, integra, hoje, a equipe de difusão científica da Fapema.
Além da revista, o Núcleo de Divulgação Científica da Fundação desenvolve vídeos institucionais, releases para a imprensa e produtos audiovisuais como o Pesquisa em Destaque, FAPEMA em ação, Cientista Pontocom e muitos outros materiais, promovendo um fluxo constante de informação sobre a produção científica, tecnológica e de inovação no estado. “Como a FAPEMA acompanha de perto o trabalho de todos os pesquisadores, sempre estamos em contato com eles, o que facilita nosso diálogo e a capacidade de produzir materiais sobre suas pesquisas” destaca Sandra Viana, jornalista da Fundação. Ela conquistou o Prêmio Fapema em 2014, na categoria de Jornalismo Científico, com reportagem, veiculada na Rádio Universidade, sobre a pesquisa sobre energia maremotriz desenvolvida na Universidade Federal do Maranhão “Esses pesquisadores são financiados com dinheiro público, então divulgar e popularizar os seus trabalhos é um ato de transparência do Governo do Estado”, finalizou.
Franklin Douglas (UFMA)
Prêmio Fapema 2005 e 2018
“Quanto mais difundirmos o conhecimento científico, menos possibilidade de discursos anti-ciência se enraizarem na poupulação”
Pioneirismo no Jornalismo científico
Graduado em Comunicação Social/ Jornalismo (UFMA), Franklin Douglas idealizou o Programa Rádio Ciência, premiado na edição 2005 do Prêmio FAPEMA, que continua sendo veiculado, até hoje, na Rádio Universidade FM, com nova equipe. “Quanto mais difundirmos o conhecimento científico, menos possibilidade de discursos anti-ciência se enraizarem na população”, afirmou. “É relevante mostrar que a ciência está em nosso dia-a-dia, em cada momento que nos deslocamos, seja no plano das ideias, seja no plano da ciência aplicada” complementou. “Isso também torna mais forte a possibilidade da defesa da universidade pública e gratuita, à medida que a sociedade vai conhecendo o que essas instituições têm feito”, explicou.
Integrante do grupo de pesquisa “Observatório de Políticas Públicas e Lutas Sociais” e premiado, também, em 2018, pela Fapema, na categoria tese de doutorado, Franklin destacou que o reconhecimento foi gratificante. “Fico satisfeito em devolver à sociedade o que foi investido em mim através das bolsas de pesquisa e da estrutura de uma rádio e Universidade Pública”, finalizou.
O Rádio Ciência” surgiu em 1995 na 47a. SBPC em São Luís. Apresentado por Andrea Viana, foi retomado em 1999 por Franklin Douglas e está, há 24 anos, no ar