Revista Inovação FAPEMA

CIÊNCIAS HUMANAS: UMA HISTÓRIA CONTADA POR VÁRIAS VOZES

O apoio da Fapema resulta em ações de impacto social

Larissa Abreu, psicóloga (IEMA)
Prêmio Fapema 2007

“Com o fomento à pesquisa científica é possível enxergar perspectivas para a democratização da realidade brasileira”

As ciências humanas consistem em um conjunto de disciplinas que pesquisam a experiência humana em suas diferentes dimensões. Através dos estudos na área, são desenvolvidas reflexões profundas sobre aspectos sociais, políticos, psicológicos e culturais. E, ao longo da história, grandes pensadores produziram materiais que influenciaram profundamente a realidade social, com avanços em questões sobre raça, gênero, desigualdade social, dentre outras.

Essa história continua sendo escrita por meio do trabalho de pesquisadores que, atualmente, dedicam as suas vidas à investigação de temas sociais. E a FAPEMA, ao longo de sua trajetória, sempre compreendeu essa importância, apoiou e homenageou pesquisadores da área.

Larissa Silva Abreu faz parte dessa história. Licenciada em Filosofia e Psicologia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), com mestrado em Psicologia concluído no ano passado, é professora do Instituto Estadual de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA).

 

No começo de sua trajetória acadêmica conquistou o Prêmio Fapema 2007 na categoria Pesquisador Júnior, com o trabalho “Filosofia com arte no Ensino Médio”. A pesquisa de iniciação científica abordou as atividades do ensino da disciplina de Filosofia para estudantes do ensino médio do Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão (CEFET, atual IFMA).

 A experiência inicial e a premiação da FAPEMA gerou, em Larissa, o respeito à pesquisa, à ciência e à educação pública de qualidade, além de reforçar a ideia de que ela poderia contribuir com a produção acadêmica. “Esse reconhecimento, sem dúvidas, foi um dos pontos que contribuíram para o meu fortalecimento como estudante e como profissional, pois me fez seguir acreditando ser possível, para pessoas negras e periféricas como eu, fazer pesquisa, elaborar conhecimento, refletir com o território em que piso e ocupar a universidade e tantos outros espaços de produção de saber”, destacou a pesquisadora.

Ela também foi co-autora de reportagem que conquistou o Prêmio FAPEMA 2019, sobre as manifestações em 15 de maio daquele ano contra cortes do Governo Federal na educação.

Para Larissa, o papel das ciências humanas é fundamental por apresentar uma leitura crítica da história, identidade, práticas, comportamentos e relações. Ela considera que o investimento em pesquisas na área é fundamental para a superação dos problemas sociais. “Não há justiça social sem a garantia do reconhecimento da humanidade de todas as pessoas. Por isso, fomentar a pesquisa científica em ciências humanas é também uma das urgências do nosso tempo, pois através de nossas pesquisas é possível enxergar perspectivas para a democratização da realidade brasileira que é estruturada em profundas desigualdades étnico-raciais, de gênero e de classe”, destacou.

 

João Bottentuit Jr, educador (UFMA)
Prêmio Fapema 2018

“A Inteligência artificial e a robótica têm o potencial de impulsionar a educação e melhorar diversos aspectos de nossas vidas”

Educação em um mundo conectado

Num mundo cada vez mais conectado e com novas tecnologias surgindo em grande velocidade, muitos pesquisadores da área dedicam a vida para analisar o efeito dessas inovações na sociedade, além de desenvolver estratégias para utilizá-las melhor. A educação, por exemplo, vem incorporando várias tecnologias para facilitar e melhorar a prática docente e isso só é possível porque pesquisadores da área desenvolveram estudos sobre a sua utilização em sala de aula.

João Batista Bottentuit Jr dedicou grande parte da sua extensa trajetória acadêmica e profissional investigando o uso de tecnologias na educação. Bottentuit é doutor em Ciências da Educação pela Universidade do Minho (Portugal) e mestre em Educação Multimídia pela Universidade do Porto (Portugal), além de possuir graduação tanto em Pedagogia como em Tecnologia em Processamento de Dados.

A experiência e estudo nas áreas da tecnologia e da educação permitiu a Bottentuit construir uma produção científica de referência em sua área. Essa trajetória o levou a conquistar, em 2018, o Prêmio FAPEMA na categoria Pesquisador Sênior e menção honrosa como orientador de pesquisa do mestrado, após ser finalista nas duas edições anteriores. “A premiação revitalizou meu senso de motivação e comprometimento com a pesquisa. A sensação de que meus esforços foram reconhecidos alimentou um desejo renovado de explorar novas ideias e de abraçar projetos desafiadores”, explica o pesquisador.

Bolsista Produtividade da Fapema em 2016, Bottentuit considera que os avanços tecnológicos tem o potencial de revolucionar o método de trabalho dos professores e o aprendizado dos estudantes, através de uma maior flexibilidade, adaptabilidade e acessibilidade no processo educacional. “A pandemia que atravessamos veio acentuar ainda mais essa importância, pois nos mostrou que atividades, em praticamente todos os setores, podem ser realizadas por meio de tecnologias digitais. Além disso, a evolução da inteligência artificial, da robótica e de sistemas personalizados têm o potencial de não apenas impulsionar a educação, como também de melhorar consideravelmente diversos aspectos da nossa vida e de vários setores”, afirma o pesquisador. Ele também foi destaque internacional no ranking da AD Scientific Index de 2021, sendo reconhecido como um dos 10 mil cientistas mais influentes da América Latina, e conta com cinco projetos apoiados pela Fundação.

Luciano Façanha, filósofo (UFMA)
Prêmio Fapema 2021

“O investimento da Fapema insere a comunidade maranhense no contexto nacional e internacional”

 

Rousseau: Filosofia e interdisciplinaridade

No âmbito do estudo da Filosofia, com a sua inerente interdisciplinaridade e capacidade de dialogar com todas as áreas do conhecimento, uma das referências é o professor Luciano Façanha, doutor na área, com bolsa Fapema, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Suas principais áreas de estudo são voltadas ao pensamento do século XVIII, atuando principalmente em temas relacionados à história da Filosofia moderna, Iluminismo, Filosofia e Literatura, Belas-Letras e Belas-Artes.

Líder, há 17 anos, do Grupo de Estudo e Pesquisa Interdisciplinar Jean-Jacques Rousseau, que conta com apoio da Fapema, ocupa a cadeira número 8 da Academia Maranhense de Ciências, é bolsista produtividade e possui nove projetos apoiados pela Fundação.

O seu currículo resultou na conquista do Prêmio FAPEMA 2021 na categoria Pesquisador Sênior. “Quando recebi o prêmio, passou um filme de toda minha trajetória, desde quando começou a minha paixão por aprender e ensinar até os dias atuais. Esse reconhecimento de minha vocação enquanto pesquisador é importante não só para mim, mas para a pesquisa maranhense e brasileira, pois estimula jovens pesquisadores a percorrer o mesmo caminho”, pontua.

Para o professor Luciano, as Ciências Humanas tem sido foco de ataques de setores negacionistas da sociedade e o investimento e reconhecimento na área é importante para combater a desinformação e para dar destaque à pesquisa maranhense. “Esse investimento insere a comunidade maranhense no contexto nacional e internacional, proporcionando diálogos com pesquisadores de vários lugares, além de promover pesquisas que podem contribuir de forma direta com as políticas públicas do nosso país”, finaliza.

Carolina Pitanga, cientista social (UEMA)
Prêmio Fapema 2009

“O Prêmio Fapema me impulsionou a continuar os meus projetos de pesquisa”

Mídia, gênero e discurso

Além de homenagear os anos de trabalho de um cientista sênior, a Fundação reconhece o esforço daqueles que estão começando a sua trajetória e incentiva que eles prossigam na carreira da pesquisa.

Carolina Pitanga, por exemplo, ganhou o Prêmio FAPEMA em 2009 na categoria Jovem Cientista, com o seu trabalho “Análise de Expressões da Sociabilidade dos passageiros de ônibus de São Luís”. Hoje, Carolina é professora da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), com graduação, mestrado e doutorado (com bolsa Fapema) em Ciências Sociais pela UFMA. Atua em projetos de pesquisa e extensão ligados às questões de gênero, sexualidade, educação, mídia e discurso.

Para Carolina. o Prêmio FAPEMA foi um importante pontapé inicial na carreira. “A premiação foi muito importante para a minha realização profissional e pessoal e serviu para me impulsionar a continuar os meus projetos de pesquisa, iniciar a minha trajetória como professora e pesquisadora de sociologia”, sintetiza.

A pesquisadora conta com dois projetos apoiados pela Fundação e destaca que os estudos na área de gênero e sexualidade possibilitam compreensões mais amplas sobre os indivíduos e relações sociais, além de contribuir para desnaturalizar preconceitos e juízos de valor sobre o tema. Carolina também ressalta que suas pesquisas levaram à desdobramentos práticos. “A partir dos meus estudos já estão sendo desenvolvidos projetos de pesquisa e extensão inclusive com intervenção em escolas de Ensino Médio”, destaca.

Raifran de Castro, geógrafo (IFMA)
Prêmio Fapema 2013

“A ciência produzida no interior agrega conhecimentos sobre problemáticas locais”

Cartografia e geoprocessamento

Cientistas do interior do Maranhão também desenvolvem uma série de estudos de impactos com apoio do Governo do Maranhão. Raifran Abidimar de Castro, licenciado em Geografia (UEMA), com mestrado em Geografia e doutorado em Desenvolvimento Socioambiental, pela Universidade Federal do Pará (UFPA), é professor do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) Campus Açailândia.

Raifran foi premiado, em 2013, na categoria Jovem Cientista do Prêmio FAPEMA como orientador da estudante Rosimeire Costa. Para ele o reconhecimento foi importante por dar visibilidade a uma importante área de estudo. “O projeto premiado era relacionado com a aplicação de cartografia com problemas cotidianos de cidades, sobretudo as cidades pequenas”, explica Raifran. Ele destaca o impacto do trabalho na época. “Possibilitou uma maior qualificação na área de cartografia e geoprocessamento, resultando em uma melhor aplicação do conhecimento na área de meio ambiente e análises sociais”, complementa.

Raifran é líder do Grupo de pesquisa “Ambiente, Sociedade e Sustentabilidade”, conta com quatro projetos apoiados pela Fapema e coordena o projeto de extensão acerca dos riscos e vulnerabilidades em Bacias Hidrográficas Urbanas, além de vários projetos na área de geomorfologia e mudanças climáticas. Nos últimos dez anos, participou de três editais FAPEMA: Geração Ciência, Pro Ciência e o Interação com Ciência. Para Raifran, o investimento em trabalhos científicos e projetos de ensino e extensão no interior é fundamental. “A FAPEMA com seus diversos editais oportuniza que estudantes e professores pesquisadores do interior do estado realizem suas pesquisas com mais segurança. Na maioria dos casos esses projetos desenvolvem análises acerca problemas locais e, com isso, a ciência produzida no interior agrega mais conhecimentos sobre essas problemáticas e permite que a sociedade utilize esses resultados para a melhoria da qualidade de vida da população”, finaliza.

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