Revista Inovação FAPEMA

Proposta ambiental de baixo custo para produção de vidrados cerâmicos

Railde Paula Diniz Araújo

Mestra em Design de Produto, com graduação em Design pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), como bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento do Maranhão (FAPEMA), da qual também foi bolsista de iniciação científica. Integrou, como voluntária, projetos de pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/Rio) e do Núcleo de Ergonomia de Processos e Produtos (UFMA). Participou de projetos de pesquisa do Núcleo de Inovação Design e Antropologia (UFMA). Tem interesse nas áreas de design e sustentabilidade, design inclusivo, artesanato e cultura.

Avaliar a possibilidade de desenvolver vidrados cerâmicos a partir de fundentes comerciais, incorporados a resíduos como vidro colorido, rochas tipo solo laterita e a lama vermelha, que possam ser queimados a baixas temperaturas em forno elétrico. Esse foi o objetivo da pesquisa de Railde Paula Diniz Araújo, com a qual conquistou o primeiro lugar no Prêmio Fapema 2019, na categoria PopVídeo. [ Fundentes são materiais que contem em sua composição elevado teor de óxido de potássio e de sódio e que reduzem a temperatura de queima e a porosidade de um produto cerâmico.]

Economia de material e energia

“Os resultados da pesquisa foram bem além do que se esperava em relação a variedade de efeitos dos vidrados e principalmente na quantidade de vidrados desenvolvidos”, celebrou a pesquisadora Railde Araújo.

O trabalho constatou ser possível o desenvolvimento de vidrados utilizando os resíduos de vidros Sílica-cal-soda (verde, azul e âmbar) em diferentes percentuais com os fundentes banco brilhante alcalino e transparente alcalino e sua utilização composta com resíduos de rochas e lama vermelha.

Dedico o prêmio à minha avó materna Josete Coêlho Diniz in memorian, que sempre me incentivou nos estudos, aos meus familiares, ao meu orientador Denilson Moreira Santos, ao Programa de Pós-Graduação de Design da UFMA, aos meus amigos e a todos os funcionários da universidade que contribuíram direta e indiretamente para que a pesquisa pudesse ser concluída”

Ao final, foram obtidos sete paletas de cores totalizando 125 vidrados/esmaltes desenvolvidos com os resíduos queimados no forno elétrico à 900 e 950 °C de temperatura, aptos para serem utilizados em produtos cerâmicos. As paletas de cores foram divididas em características comuns entre os vidrados – efeito craquelado, textura lisa, vidrados com contração, rugoso e rachaduras – nessas temperaturas, o que pode contribuir muito para o setor cerâmico local em termos de economia de material e de energia utilizada no forno para vitrificação das peças. “A maioria das pesquisas apontam para o desenvolvimento de vidrados/esmaltes com queima em temperaturas elevadas”, frisou.

Os resultados contribuem, ainda, com aporte teórico na área de Design, sustentabilidade e materiais, além da questão ambiental”, ressaltou. De acordo com Railde, a produção de vidrados com os resíduos sólidos é de baixo custo. “Um quilo de fundente usado nos experimentos custa em média entre 12 a 15 reais e os ceramistas podem produzir uma enorme quantidade de vidrados, uma vez que será usa pouco fundente na composição, além dos vidros coloridos de garrafas que são fáceis de serem adquiridos”, pontuou.

 

Metodologia

O estudo foi iniciado há dois anos e os objetivos foram alcançados. A pesquisa experimental se iniciou com a coleta de resíduos e obtenção do pó deste para iniciar os testes de queima dos vidrados. Pela ausência de um trabalho similar, Railde Araújo se baseou, em algumas etapas, em metodologias de outras pesquisas relacionadas com o desenvolvimento de vidrados, adequando-as às nesse-ssidades. Os testes de viscosidade, de botão de escorrimento e resistência a flexão foram os mesmos utilizados para avaliar as propriedades tecnológicas dos vidrados.

Inicialmente, a pesquisadora utilizou resíduos de vidros sílica-cal-soda de garrafas e embalagens, nas tonalidades azul, âmbar e verde, no intuito de aumentar a gama de cores possíveis. Depois, usou resíduos de rocha e de lama vermelha, proveniente do processo industrial da fabricação de alumínio, e realizou os testes com aumento do resíduo de rocha e lama vermelha para avaliar possíveis mudanças de cor em temperaturas diferentes.

Novas ações

Com a conclusão da pesquisa, Railde já planeja formas de melhoria do desenvolvimento de vidrados com resíduos sólidos. Ela pretende realizar testes de absorção de água as composições e estudar o desenvolvimento de vidrados com outros resíduos sólidos.

A pesquisadora tem em mente, também, desenvolver cartilhas explicativas, com linguagem simples e de fácil compreensão, dirigido os ceramistas locais. “Pensamos numa breve explanação sobre os vidrados, bem como uma etapa ensinando o desenvolvimento dos vidrados de nossa pesquisa”, afirmou,

Parcerias 

A pesquisa de Railde Araújo foi desenvolvida entre 2017-2019, com financiamento da Fundação de Amparo e Desenvolvimento Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) por meio de Bolsa de Mestrado Quota UFMA 2017.

Sobre a conquista do Prêmio FAPEMA, ela apontou o seu valor inestimável. “É conquista de todos que me deram apoio nessa jornada acadêmica, é o reconhecimento de muita pesquisa, dedicação, sacrifícios e persistência na área de Design e sustentabilidade”, afirmou.

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