Revista Inovação FAPEMA

Pesquisadora agrega valor a produtos agrícolas

Ana Lúcia já havia sido premiada na categoria Inovação Tecnológica do Prêmio FAPEMA 2022

A agregação de valor ao babaçu, vinagreira, joão-gomes, cupuaçu, açaí, buriti e bacuri tende a ajudar pequenos produtores

Ana Lúcia Fernandes Pereira

Doutora e mestra em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal do Ceará (UFC), onde se graduou em Engenharia de Alimentos.

Professora do Curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), membro permanente do Programa de Pós-graduação em Saúde e Tecnologia (UFMA) e vice-coordenadora da Especialização em Gestão da Qualidade e Segurança de Alimentos.

Integra o projeto em rede Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Frutos Tropicais. Co-fundadora da startup Vinnori Ltda e coordenadora do grupo de pesquisa Ciência e Tecnologia de Alimentos.

Pesquisas com ênfase em tecnologia e qualidade de alimentos funcionais probióticos e simbióticos, secagem de sucos de frutas, elaboração de bebidas mistas, elaboração de produtos com coco babaçu, plantas alimentícias não convencionais e produtos de origem animal.

Ana Lúcia Fernandes Pereira atua como professora, pesquisadora e orientadora nos cursos de graduação em Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Maranhão e do mestrado no Programa de Pós-graduação em Saúde e Tecnologia da Universidade Federal do Maranhão (MA). Ela também coordena o grupo de pesquisa Ciência e Tecnologia de Alimentos, registrado há 10 anos no CNPq.

A sua trajetória de produção científica, tecnológica e Inovação, a sua experiência na formação de recursos humanos e a sua contribuição para o Maranhão viabilizaram a sua conquista do Prêmio Fapema 2023, na categoria Pesquisador Sênior, área Ciências Agrárias.

Artigos científicos, capítulos de livro, trabalhos publicados em anais de eventos científicos, produtos técnico-tecnológicos, projetos aprovados, principais avanços científicos obtidos, prêmios e reconhecimentos nacionais são abordados em seu memorial acadêmico-científico.

Ao longo da carreira, Ana Lúcia publicou 59 artigos científicos que reportam resultados de pesquisas desenvolvidas com o objetivo de caracterizar matérias-primas do Maranhão e agregar valor pela elaboração de novos produtos alimentícios. “Esses novos produtos focaram sempre na saudabilidade para que proporcionassem benefícios a saúde da população”, afirma.

“Buscamos o uso das matérias-primas, como óleo e farinha do mesocarpo do babaçu, frutas produzidas localmente e vinagreira, com o intuito de ajudar as quebradeiras de coco e o produtor local”, destaca.

“Procuramos elaborar novas tecnologias de conservação de alimentos, com uso de coberturas que, além de agregar valor ao babaçu, também proporcionam a sustentabilidade ambiental, uma vez que as coberturas são biodegradáveis”, informa.

Além disso, a farinha de mesocarpo de babaçu foi utilizada na elaboração de biscoitos proporcionando maior saudabilidade a esses alimentos, devido ao aumento do teor de fibras “Outro produto elaborado a partir do babaçu foi a produção de extrato hidrossolúvel das amêndoas, com o intuito de fornecer ao consumidor uma fonte alternativa de proteína vegetal”, aponta.

A vinagreira também foi uma matéria-prima bastante explorada nos estudos da pesquisadora, por seu alto teor nutricional e por seu largo consumo maranhense, nas preparações culinárias com molhos e arroz de cuxá. “Com o intuito de agregar valor a essa matéria-prima e ajudar o produtor local, vários produtos foram propostos tais como a elaboração de um molho juntamente com o açaí e outras plantas alimentícias não convencionais produzidas no estado”, assinala. Além disso, a pesquisadora elaborou bebidas mistas a partir dos chás dessas folhas com frutas locais, tais como o cupuaçu, com o objetivo de fornecer uma bebida doce e com alto valor nutricional, agregando os constituintes dos vegetais. Também foi avaliado o uso das folhas e caules da vinagreira em bebidas fermentadas tipo kombucha que proporcionaram aumento do valor nutricional e também maior saudabilidade à bebida.

 

 

Foram realizadas, ainda, pesquisas usando frutas, tais como cupuaçu, açaí e cacau. “O Maranhão apresenta uma gama de produção de frutas cultivadas por pequenos produtores e, com o intuito de desenvolver novos alimentos funcionais, elaboramos probióticos a partir dessas frutas”, informa. “Essas pesquisas, além de proporcionarem benefícios a saúde pelo uso de microrganismos probióticos, também se constituem fontes alternativas para intolerantes a lactose”, complementa.

De acordo com a pesquisadora, todas as pesquisas realizadas tiveram financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).

Ao longo de sua carreira, Ana Lúcia Pereira publicou nove capítulos de livros, em editoras internacionais e nacionais, e 271 trabalhos em anais de congresso, além de obter duas cartas patentes e deter 10 pedidos de registro de patente.

Eis alguns de seus projetos de desenvolvimento tecnológico:

– “Desenvolvimento de bebida funcional probiótica a base de suco de frutas regionais exóticas” (Chamada MCTI/CNPq Universal N° 14/2013).

– “Efeito da aplicação de coberturas com óleo e amido de babaçu na conservação de ovos” (Chamada FAPEMA/ UNIVERSAL 40/2014).

– “Produção estabilidade de biscoito doce à base de farinha de mesocarpo de babaçu com recheio de açaí” (Chamada FAPEMA/ UNIVERSAL 31/2016).

– “Desenvolvimento de kombuchas obtidos a partir de chá de folhas e caules da vinagreira (Hibiscus sabdariffa l.)” (Chamada FAPEMA/ UNIVERSAL 02/2019).

A pesquisadora também integra o projeto em rede do Instituto Nacional de Frutos Tropicais (INCT), sediado na Universidade Federal de Sergipe com co-participação da Universidade Federal do Ceará, da Embrapa Agroindústria Tropical, da Embrapa Agroindustria de Alimentos (RJ), da Universidade Federal Rural de Pernambuco, da Universidade Federal do Maranhão e da Universidade de São Paulo.

Ana Lúcia Pereira participa, ainda, do projeto em rede “Desenvolvimento de alimentos funcionais aplicáveis à saúde humana e animal a partir de plantas do semiárido”. O projeto terá a ação conjunta e colaborativa de pesquisadores de quatro programas de pós-graduação: Ciências da Saúde (UFMA), Saúde e Tecnologia (UFMA), Biodiversidade e Biotecnologia (UEMA/Rede BIONORTE) e Biotecnologia (UFMA/Rede RENORBIO).

O seus trabalhos de pesquisa detém relevante impacto social. “A agregação de valor ao babaçu, vinagreira, joão-gomes, cupuaçu, açaí, buriti e bacuri tende a ajudar pequenos produtores, com incremento da economia local e geração de mais empregos às comunidades do estado”, conclui.

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