Revista Inovação FAPEMA

Pesquisa investiga produtividade de suínos em períodos de calor

O trabalho apoiado pela FAPEMA foi realizado nos Estados Unidos, durante pós-doutorado

O aumento da temperatura causa ‘estresse térmico’ afetando, negativamente, a indústria suinícola em sua produtividade

Katiene Régia Silva Sousa

 

Doutora em Zootecnia, com área de concentração em Genética e Melhoramento Animal pela Universidade Federal de Viçosa, onde também obteve o mestrado em Genética e Melhoramento, na área de Genética Molecular.

Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)

Nos Estados Unidos, a mortalidade e baixa no desempenho produtivo dos suínos, nos períodos de calor, tem resultado na perda de aproximadamente, 370 milhões de dólares, por ano. O clima quente, predominante no Brasil, também impacta sobre essa criação, que é a fonte proteica animal mais consumida no mundo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são mais de dois milhões de matrizes alojadas no Brasil, e mais de 180 mil no Maranhão.

Estes dados chamaram a atenção da pesquisadora Katiene Régia Silva Sousa, formada em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), que desenvolveu a pesquisa ‘Melhoramento do bem-estar e da produtividade de porcas em lactação, durante eventos de estresse por calor, por meio da genômica’. O estudo foi base do pós-doutorado, realizado na Purdue University, cidade de West Lafayette, Indiana, EUA, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).

O aumento da temperatura causa ‘estresse térmico’ afetando, negativamente, a indústria suinícola, impactando, principalmente, no bem-estar e na produtividade desses animais. Partindo desse fato, a pesquisa buscou, com o estudo, selecionar animais com múltiplas características para avaliar formas de melhorar a tolerância ao calor, mantendo ou aumentando a produtividade; e entender a base genética de mecanismos comportamentais e fisiológicos, que afetam a resposta ao estresse térmico em porcas em lactação.

“Vi uma oportunidade de aprender novas metodologias estatísticas para predição genômica de características que estivessem relacionadas ao estresse térmico, em porcas lactantes. É um desafio, visto que não há trabalhos nessa fase do animal e são características muito influenciadas pelo ambiente”, explica Katiene Sousa.

O trabalho terá continuidade em pesquisas voltadas à genômica, na área de produção e sanidade animal,

Análises

Para a análise da predicão genômica de características relacionadas ao estresse térmico, a pesquisadora utilizou metodologias de ‘machine learning’ e ‘regressão linear’ com as técnicas de cross-validação e forward validação para estimar a acurácia e o viés de seleção. Além disso, foi feita associação genômica para detecção de polimorfismos de base única e análise funcional. Estes poliformismos são ligados a fenótipos de termotolerância, tornando possível identificar novas características a serem utilizadas em programas de melhoramento, por meio da seleção genômica. Foram consideradas, dentre outras, características como temperaturas, escore corporal, taxa de respiração, densidade de pelos e eficiência respiratória.

A pesquisa conseguiu demonstrar que fenótipos de termotolerância apresentam acurácia dos valores genéticos genômicos de moderada a alta e com baixo viés. Isso proporciona ganhos genéticos satisfatórios para as características estudadas, quando utilizadas como critério de seleção genômica de animais nos programas de melhoramento genético, tonando possível aprimorar o bem-estar tanto de porcas, quanto de leitões em lactação.

“O Maranhão é um estado que apresenta altas temperaturas e um efetivo significativo de porcas alojadas, quando comparado com ovinos, por exemplo. E essas fêmeas sofrem com o calor, uma vez que a temperatura de conforto térmico está entre 18 a 22°C. Com aprendizagem de novas metodologias utilizadas nos programas de melhoramento genético, como o deep learning, será possível aplicá-las para quaisquer espécies, aqui no Maranhão, e não somente com características de estresse térmico, mas também com características de resistência à doenças, por exemplo”, explica a pesquisadora Katiene Sousa.

O trabalho terá continuidade em pesquisas voltadas à genômica, na área de produção e sanidade animal, além da busca de parcerias com outras instituições. A pesquisadora também pontuou a importância do apoio da FAPEMA. “O apoio da FAPEMA foi de fundamental para a realização do pós-doutorado, pois fez toda a diferença para minha permanência no exterior”, afirma.

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