Projeto vencedor do Prêmio FAPEMA/2021, na categoria Dissertação de Mestrado, foi financiado pelo CNPq
Ygor Nascimento Portela
Mestre em Ciência Animal (UFMA), graduado em Zootecnia (UFMA) e técnico em Agronegócio (SENAR). Integrante do Grupo de Pesquisa em Ruminantes no Maranhão. Foi bolsista de Iniciação Científica (CNPq). Atualmente é gerente de Pecuária no setor empresarial.
O experimento “Potencial de Utilização de Subprodutos do Babaçu em Silagens de Cana em Ração Total como Alternativa Nutricional Para Ruminantes” mostrou resultados promissores com impactos positivos em termos econômicos, nutricionais e preservação do meio ambiente. O estudo foi realizado no Centro de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Chapadinha, pelo pesquisador Ygor Nascimento Portela e teve a orientação do professor doutor Anderson de Moura Zanine.
Vencedora do Prêmio FAPEMA/2021, na categoria Dissertação de Mestrado, a pesquisa considerou a grande quantidade de resíduos e subprodutos agroindustriais que podem ser utilizados como alternativas alimentares ou como aditivo nas dietas. O estudo avaliou a composição química e a degradabilidade de subprodutos do babaçu, além do potencial de utilização da silagem de ração total contendo cana-de-açúcar e subprodutos do babaçu como alternativa nutricional para bovinos leiteiros e ovinos.
Ensaios
Foram realizados três ensaios experimentais. No primeiro experimento, o objetivo foi avaliar a composição química e a degradabilidade de quatro subprodutos do babaçu (grumo, torta, farinha fina e farinha 95 micras). O segundo e o terceiro foram realizados com o objetivo de avaliar o perfil fermentativo, determinar composição química e a degradabilidade de silagens de ração total com subprodutos do babaçu, como alternativa nutricional para bovinos leiteiros e ovinos.
O experimento foi conduzido, entre agosto de 2018 a dezembro de 2020, no Centro de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em Chapadinha. Para os ensaios experimentais das silagens de dietas para bovinos e ovinos, foi utilizada a técnica estatística de delineamento inteiramente ao acaso, com quatro tratamentos. As silagens na forma de ração total eram compostas por duas proporções: 60% de volumoso e 40% de concentrado, para as vacas, e 50% volumoso e 50% concentrado para os ovinos.
O volumoso, silagem de cana-de-açúcar e os concentrados foram constituídos de farelo de soja, milho moído, ureia, sal mineralizado e torta do babaçu ou farinha do mesocarpo do babaçu em substituição a 50% do valor do milho da silagem padrão, como fontes de energia.
No primeiro experimento, entre os subprodutos estudados, foi verificado o maior teor de proteína bruta para torta, sendo superior aos demais subprodutos. “A farinha 95 micras apresentou maiores valores de degradação para matéria seca, proteína bruta e fibra em detergente neutro, em relação aos demais subprodutos no primeiro experimento”, afirmou o pesquisador. Ao final do ensaio, foi constatado que a torta do babaçu apresenta superior composição química, porém a farinha 95 micras apresentou, simultaneamente, valor nutricional e degradação ruminal satisfatória para ser utilizada como a aditivo ou em substituição parcial de outros concentrados tradicionais, com disponibilidade e preços acessíveis. “Com isso esses dois subprodutos foram escolhidos para serem utilizados, posteriormente, nos outros dois ensaios experimentais”, explicou o premiado.
No segundo e terceiro experimentos, foram utilizadas três silagens: a dieta padrão de cana-de-açúcar com milho e farelo soja; outra de cana-de-açúcar com milho, farelo soja e farinha do babaçu, além da alternativa de cana-de-açúcar com milho, farelo soja e torta do babaçu. Como resultado, em relação ao tratamento exclusivo de silagem de cana-de-açúcar, as três propostas apresentaram maiores valores de recuperação da matéria seca, proteína bruta, carboidratos não fibrosos e nutrientes digestíveis totais, além da degradação potencial, efetiva da matéria seca e proteína bruta. Também houve maior degradabilidade da matéria seca e proteína bruta, além de menores perdas por gases e efluentes.
O pesquisador aponta que o estudo chegou à conclusão de que as silagens na forma de ração total contendo concentrados tradicionais ou com subprodutos do babaçu apresentam melhor perfil fermentativo, menor produção de etanol, melhor valor nutricional e tem melhor degradação da matéria seca e proteína bruta em comparação com a silagem exclusiva de cana-de-açúcar. “Assim, elas podem ser utilizadas na forma de dietas para bovinos leiteiros e ovinos”, ressaltou.
“A torta do babaçu apresentou valor nutricional satisfatório para ser utilizada como aditivo ou substituição aos outros ingredientes nas dietas para ruminantes”, afirmou. “A farinha 95 micras, embora não apresente alto valor nutricional, tem melhor degradação ruminal, em relação aos demais subprodutos, podendo ser usada como constituintes em dietas para ruminantes”, prosseguiu. “A inclusão de concentrado e subprodutos do babaçu em silagens de cana-de-açúcar, em forma de ração total, atua de forma positiva nos indicadores qualitativos das silagens, melhorando o perfil de fermentação, composição química e a degradabilidade”, enfatiza Ygor Portela.
Perspectivas futuras
Ygor Portela destaca que os resultados obtidos (e os que ainda estão por vir) irão agregar um volume de informações científicas relevantes acerca dos subprodutos originados do processamento agroindustrial do babaçu. Novos experimentos de silagens de ração total utilizando subprodutos do babaçu estão sendo realizados com esse foco pelo Grupo de Pesquisa em Ruminantes no Maranhão (GEPRUMA).
Esses estudos irão gerar conhecimento científico para manipulação de dietas prescritas para ovinos e bovinos, a partir da utilização de fontes alternativas de alimentos, com a caracterização de seu valor nutricional.
“Os estudos irão, ainda, possibilitar alternativas aos produtores em alimentar seus rebanhos, alternativas aos agroindustriais em agregar valores aos seus subprodutos, além de estimular a utilização racional de resíduos da agroindústria de forma sustentável e integrada”, concluiu o pesquisador.