Revista Inovação FAPEMA

Pesquisa analisa evolução espaçotemporal de Síndrome Respiratória Aguda Grave e Covid-19 no Maranhão

O trabalho contou com a participação de uma equipe multidisciplinar de cientistas  

Dados parciais foram apresentados no 1º Conexão Ciência Maranhão

Maria dos Remédios Freitas Carvalho Branco

Doutora em Doenças Tropicais e Saúde Internacional pelo Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo (USP) com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA). Mestra em Saúde e Ambiente pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) com bolsa da FAPEMA. Possui residência médica em infectologia pelo Hospital Emílio Ribas em São Paulo. É graduada em Medicina pela UFMA, onde atua como professora associada. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em doenças infecciosas e parasitárias, atuando principalmente nos seguintes temas: covid-19, beribéri, dengue, chikungunya, Zika e análise espacial. Na UFMA, leciona as disciplinas Doenças Infecciosas e Parasitárias no Curso de Medicina, Epidemiologia no Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente e Epidemiologia das Doenças Transmissíveis no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.

Analisar a evolução espaço-temporal dos casos e óbitos notificados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), no período de 2019 a 2020, e da COVID-19 no ano de 2020, no Maranhão. Esse foi o objetivo do trabalho “Análise espaçotemporal dos casos de síndrome respiratória aguda grave e Covid-19 no Maranhão”, desenvolvido pela doutora em doenças tropicais e saúde internacional pelo Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo, Maria dos Remédios Freitas Carvalho Branco. A pesquisa contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico do Maranhão (FAPEMA) por meio do edital n° 06/2020 – Chamada Pública Emergencial Fomento à Pesquisa no Enfrentamento à Pandemia e Pós-Pandemia da Covid-19.

A pesquisadora Maria dos Remédios Branco decidiu desenvolver estudo sobre o assunto devido aos milhares de casos da COVID-19 no mundo. Segundo os dados do Ministério da Saúde, o Brasil é um país de risco muito alto de contaminação ampliada. “Estudos sobre análise espacial de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) que abordem em contexto simultâneo a SRAG e COVID-19 tornam-se essenciais para se saber a repercussão dessa pandemia. Levamos em conta a identificação de características sociodemográficas, econômicas e geoambientais relacionadas com essas doenças”, afirmou.

Para desenvolver a pesquisa, Maria dos Remédios Branco analisou casos e óbitos de SRAG, ocorridos no período de 2019 a 2020 e os casos e os óbitos da COVID-19 no período de janeiro a dezembro de 2020. Para tanto, informou que estão sendo utilizadas as fichas de investigação de casos de óbitos por SRAG e de COVID-19 nos sistemas de informação: Influenza Web, SIVEP-Gripe, e-SUS-VE, e-SUS Notifica e SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade). “Estamos analisando as variáveis sexo, idade, endereço de residência, município de residência, data do início dos sintomas, data da notificação, tipo de unidade notificadora, município de notificação, local de ocorrência do óbito, tentando correlacioná-las com variáveis dos municípios como Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), índice de Gini, densidade populacional, Índice de Vulnerabilidade Social (IVS), Índice de Desempenho do SUS (IDSUS) e cobertura vacinal de influenza”, prosseguiu.  Para a análise estatística e espacial estão sendo utilizados os métodos de análise espacial, modelos de regressão clássica e modelos de regressão espacial. Estão sendo utilizados os softwares GeoDa, Qgis, GWR e R, de acordo com as informações a professora associada da UFMA.  

De acordo com Maria dos Remédios Branco, o projeto teve duração de um ano, entre agosto de 2020 a julho de 2021. Para que a pesquisa fosse desenvolvida de forma satisfatória, participaram ativamente do da equipe seis alunos de graduação de Medicina/UFMA/São Luís e quatro alunos de doutorado da Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da instituição. “Além deles, nós tivemos a importante participação de seis professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFMA, uma professora do curso de Medicina de Pinheiro, uma professora da UFMG, um professor do departamento de Geociências da UFMA, uma doutora egressa do programa, uma técnica da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de São Luís e um graduado em Ciência da Computação. Uma equipe de fato interdisciplinar que fez toda diferença”, completou.

Benefícios e resultados

Para a coordenadora da pesquisa, o projeto contribuiu significativamente para a melhoria da vigilância e do manejo dos casos de SRAG e da COVID-19 no estado do Maranhão, pois será possível a publicação de teses, monografias e artigos científicos, coma a difusão e a transferência de conhecimento. “Pretendemos, ainda, preparar e divulgar vídeos que possam ser utilizados para sensibilização e conhecimento científico de profissionais de saúde e para esclarecimento da população em geral, com o intuito de democratizar o acesso ao conhecimento”, falou com entusiasmo a pesquisadora Maria dos Remédios Branco.

Outros potenciais resultados do projeto fomentado pela FAPEMA são o conhecimento da influência dos determinantes socioeconômicos e demográficos no padrão e dinâmica de ocorrência dos agravos em estudo; a produção de conhecimento no campo da saúde coletiva sobre a situação dos casos e óbitos; além da contribuição na construção e validação de instrumentos e metodologias de avaliação da situação de saúde no contexto maranhense, atendendo à necessidade de pesquisas na área de estudo.

“Além disso, pretendemos publicar e apresentar os resultados da pesquisa em revistas nacionais e internacionais; contribuir com o desenvolvimento de soluções de tecnologia para a detecção e diagnóstico precoce dos agravos relacionados ao projeto; difundir a tecnologia desenvolvida no projeto a fim de contribuir para redução significativa dos custos diretos gerados pela hospitalização e afastamento do trabalho e orientar o planejamento e implementação de políticas públicas ou ações intervencionais voltadas para o controle de agravos e atenção saúde da população avaliada”, apontou a pesquisadora.

A importância do fomento da Fapema

Maria dos Remédios Branco espera que o projeto tenha continuidade com o apoio de novos financiamentos da FAPEMA cujo fomento, segundo ela, foi de extrema importância para que a pesquisa pudesse ser viabilizada com sucesso. “O desenvolvimento dependeu do apoio financeiro para que a coleta e a análise de dados fosse possível, assim como a consequente publicação dos achados científicos. Além disso, o auxílio financeiro, como as bolsas de pesquisa, proporcionou a participação de uma equipe maior participando ativamente e incentivo discentes a estarem inseridos neste projeto de pesquisa”, concluiu.

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