Revista Inovação FAPEMA

MAPA: Mulheres Amazônicas Protagonistas nas Artes

Projeto apoiado por edital de economia criativa auxilia produtoras culturais da Amazônia

O projeto consiste na organização de um ambiente de troca entre mulheres artistas iniciantes e produtoras culturais experientes.

Fernanda Areias

Diretora de Teatro, pós doutora pela Universidade Francesa École Nationale Supérieure des Arts et Techniques du Théâtre e professora do Mestrado em Cultura e Sociedade e de Artes Cênicas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

A arte é uma das formas mais importantes de expressão da sociedade, pois através dela emoções são transmitidas, ideias são propagadas e identidades são formadas. Da mesma forma que as linhas de um mapa definem a extensão territorial de uma localidade, a produção artística traça linhas que contam a história do povo que vive nesse lugar. Apesar disso, ao longo dos anos, artistas de muitos grupos da sociedade não tiveram o direito a ter as suas linhas reconhecidas.

Com o objetivo de mudar essa realidade e capacitar mulheres da região da Amazônia Legal, vêm sendo desenvolvido o projeto Mulheres Amazônicas Protagonistas nas Artes (MAPA), selecionado para receber apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE/MA), por meio do Edital nº23/2019 – Economia Criativa.

O projeto, desenvolvido neste ano, consiste na organização de um ambiente de troca entre mulheres artistas iniciantes e produtoras culturais experientes. Esses grupos de trabalho se reuniram de forma on line e foram divididos em cinco módulos, cada um com uma mediadora com experiência na área. Os módulos foram sobre encenações indóceis, acessibilidade cultural no teatro, composição coreográfica em dança contemporânea, direção de audiovisual e gestão de projetos artísticos. A ideia não foi de ofertar um curso com um currículo rígido, mas promover um espaço onde as artistas pudessem receber sugestões e acompanhamentos direcionamentos de acordo com o tipo de produção que desejassem fazer. 

No seu primeiro eixo, os módulos do MAPA atingiram mulheres artistas maranhenses dos municípios de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar, Raposa, Timon, além da participação de artistas dos demais estados que compõem a Amazônia Legal:  Amazonas (Manaus), Amapá (Macapá), Rondônia (Vilhena) e Pará (Ananindeua, Belém, Castanhal, Santarém). Além disso, houve, a presença de participantes de outras regiões brasileiras como Piauí (Teresina), Ceará (Itaitinga), Bahia (Serrinha), Rio Grande do Norte (Parnamirim), Minas Gerais (Belo Horizonte) e Rio de Janeiro (Rio de Janeiro).

O projeto, concebido por Fernanda Areias, foi executado em parceria com a Produtora Beco Produções, dirigida por Victor Silper, nome artístico de João Victor Pereira, que é graduado em Teatro pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), onde cursa o Mestrado em Artes Cênicas. “O projeto MAPA facilita o encontro entre mulheres cis, trans e homens trans que estão no centro da criação de projetos culturais, formando uma rede que conhece as fragilidades e as potencialidades da região e conseguem compartilhar estratégias de agir juntos”, ressaltou Fernanda Areias. Ela também destacou a importância desse ambiente de troca entre artistas ao invés de um curso com currículo mais rígido. “Nos pareceu mais pertinente um encontro em que partilhamos nossas estratégias de ação junto a uma artista mais experiente”, explicou Fernanda.Renovamos as estratégias e, ao mesmo tempo, fortalecemos uma rede de criação coletiva”, complementou.

Casulo

Além de atuar como mediador desse processo de troca entre artistas, o projeto MAPA também tem como objetivo auxiliar na promoção dos projetos que nasceram dessas reuniões. Esses projetos são chamados de “casulos” e vão ser divulgados através da internet.

Uma das mulheres que vai ter o trabalho divulgado é a pesquisadora e produtora cultural Hercilia Raquel Mendes, que participou do módulo Gestão de Projetos Artísticos. Hercilia conta que a experiência foi fundamental para que conseguisse avançar. “Além de poder parar e refletir sobre o projeto, o que eu só planejava fazer em 2022, pude ter junto a mim mulheres com olhares e experiências variadas, o que enriqueceu as trocas e questionamentos sobre nossas propostas”, afirmou Hercilia. “Dificilmente eu conseguiria reunir em tão pouco tempo, e de maneira tão intensa, tantos olhares sobre minhas ideias, anseios e inseguranças. E as mediadoras desse processo foram muito bem escolhidas, já que puderam contribuir de maneira muito respeitosa e instigadora com todos os projetos, independentemente da etapa em que se encontrassem, e para além de possíveis engessamentos via manuais de projetos”, concluiu.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *