Revista Inovação FAPEMA

Estudo utiliza vidros bioativos na melhoria do desempenho de restaurações

O estudo aponta a inibição na atuação de enzimas que contribuem para a degradação das restaurações

O pesquisador comparou a eficiência do vidro bioativo com o produto comercial de referência no mercado.

Edilausson Moreno Carvalho

Doutorado, mestrado e graduação em Odontologia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). É professor da graduação e dos programas de Mestrado e Doutorado em Odontologia do UniCEUMA, onde coordena o Laboratório de Pesquisa em Odontologia. Desenvolve pesquisas laboratoriais na área de materiais odontológicos, com ênfase em adesão de materiais resinosos e desenvolvimento de biomateriais

A restauração adesiva é um dos procedimentos estéticos odontológicos mais utilizados e acessíveis. Uma resina composta da mesma cor do dente é aplicada para reverter os danos causados por fraturas, manchas e cáries e, também, pode ser utilizada para diminuir o espaço entre os dentes. Essa resina adere ao dente através da aplicação de sistemas adesivos, que ainda enfrentam problemas de desempenho, correndo o risco de sofrer degradação e fazendo com que o processo de restauração falhe ou tenha sua durabilidade reduzida.

 

Buscando alternativas para melhorar o desempenho desses sistemas, Edilausson Moreno Carvalho desenvolveu, no curso de doutorado, a pesquisa “Desenvolvimento de Sistemas Adesivos Autocondicionantes Bioativos: Caracterização Físio-Química, Análise da Interface de União e Bioatividade” sob a orientação do professor José Ribeiro de Oliveira Bauer, pós-doutor em Odontologia. Os resultados da pesquisa foram promissores e a qualidade do trabalho permitiu que Edilausson ganhasse o Prêmio Fapema 2021, na categoria “Tese de doutorado”.

A PESQUISA 

Em laboratório, o pesquisador realizou uma série de testes com sistemas adesivos que possuíam diferentes concentrações de vidro bioativo (que possui a capacidade de deposição de uma camada mineral quando entra em contato com tecidos humanos). Após testar a eficácia do material, Edilausson comparou essa eficiência com a do produto comercial de referência no mercado. 

Segundo o pesquisador, além de inibir a atuação de enzimas que contribuem para a degradação das restaurações, o vidro bioativo também tem uma série de outras vantagens ao entrar em contato com fluídos humanos. “Eles podem ter um efeito mineralizador em tecidos desmineralizados, além de um efeito antibacteriano” explica Edilausson. Para o pesquisador, os resultados dos testes comprovaram a eficácia dos vidros bioativos e esses materiais podem sejam utilizados em sistemas adesivos no futuro, possibilitando restaurações mais longevas e seguras. 

A expectativa é que o estudo seja o pontapé inicial para a produção de sistemas adesivos bioativos comerciais. “A gente quer que essa pesquisa, no futuro, chegue à indústria e esse material possa estar disponível comercialmente, para auxiliar o dentista na confecção de restaurações que durem mais tempo na cavidade bucal”, afirma Edilausson. “Um dos grandes problemas que a gente enfrenta é a necessidade de substituir essas restaurações, principalmente pela degradação natural da camada adesiva”, complementa.

O pesquisador afirma ter se sentido muito honrado com o recebimento do Prêmio Fapema. “Foi um marco na minha carreira, a melhor forma de encerrar esse ciclo que foi o doutorado” comemora Edilausson. Ele destaca a importância do prêmio para a ciência maranhense. “Esse reconhecimento acima de tudo é um incentivo pro pesquisador, além de ser um atestado de que as pesquisas que nós estamos desenvolvendo aqui no estado são relevantes e têm o potencial de contribuir com o conhecimento científico a nível nacional e internacional”, conclui..



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