A proposta é substituir o uso do eucalipto de forma mais rentável e ecológica
Luís Fernando Gomes de Sousa
Estudante do curso de Engenharia Agronômica, na Universidade Estadual do Maranhão.
Formação complementar no curso Regularização Fundiária, pelo Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma).
Atua nas áreas de Ciências Agrárias e Agronomia, com temas voltados à fertilidade e adubação do solo.
A espécie leguminosa arbórea sabiá é utilizada pelos agricultores familiares para a melhoria do solo, na produção de estacas de alta qualidade e para fabricação de carvão vegetal de alto valor calórico. Porém, os produtores têm dificuldades na hora de medir a leguminosa para fins de comercialização. Buscando um meio facilitador, o pesquisador Luís Fernando Gomes de Sousa, graduando de Engenharia Agronômica, na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), desenvolve o trabalho ‘Potencial do sabiá (mimosa caesalpiniifolia) para substituição do eucalipto na produção de madeira e carvão vegetal pela agricultura familiar do Maranhão’, que tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA). O objetivo é achar solução para esse processo e auxiliar as pequenas produções agrícolas.
O trabalho se debruça em demanda, tanto de produtores quanto de compradores, pela falta de condições para identificar o quantitativo de madeira/carvão, em determinada área, ou seja, de realizar a alometria [estudo das relações de escala para atributos morfológicos, fisiológicos e ecológicos] da Mimosa caesalpiniifolia, nome cientifico da leguminosa. A espécie tem potencial para substituir o uso do eucalipto na produção agrícola familiar, sendo mais rentável e ecológica. “Embora a alometria seja uma ferramenta comum, não há estudos aplicados à arbórea sabiá. Estas equações vão possibilitar saber o volume comercial da madeira, facilitando a comercialização e, desse modo, gerar mais renda na agricultura familiar, a partir de uma bioeconomia verde”, explica Luís Fernando Sousa.
O pesquisador ressalta que o estudo pretende estabelecer equações alométricas que possibilitarão estimar a biomassa, aérea total e o volume de madeira com valor comercial, tendo como base a medição do seu diâmetro. O estudo investiga a qualidade da madeira, a partir de elementos como densidade, teor de fibras e cinzas. Como parte do processo, é feita a seleção de troncos da espécie de diferentes tamanhos, além da medição em campo (diâmetros em diferentes posições do tronco, altura), a retirada dos ‘discos’ de madeira em diferentes posições no tronco e análises bromatológicas (fibras, ligninas, cinzas) seguindo métodos padrão.
“Esperamos conseguir gerar equações alométricas que possibilitem medir a biomassa e o volume comercial de madeira do sabiá, com um alto grau de precisão. Essa ferramenta será chave para um planejamento melhor, tanto aos produtores quanto consumidores. Nosso estudo também vai gerar informações importantes sobre a qualidade dessa madeira. São informações que serão cruciais para a futura comercialização deste item em grande escala”, ressalta.
Ele destaca a importância do apoio da FAPEMA para a execução do estudo. “A FAPEMA providenciou várias bolsas de iniciação científica e um projeto de fomento, que nos garantiu a aquisição dos reagentes e outros itens importantes para o estudo. Sem este apoio, nosso trabalho não teria sido realizado”, afirma.
Viabilidade
A leguminosa arbórea nativa sabiá tem grande potencial, não somente para a recuperação de áreas degradadas, mas também para a geração de renda na agricultura familiar, por meio da produção de madeira e carvão de qualidade. O trabalho analisou 29 amostras de itens dessa madeira. As ferramentas alométricas e informações sobre a qualidade da madeira do sabiá, alvo do estudo, criarão fundamento para uma bioeconomia sustentável dessa leguminosa nativa. Isso, entre outros benefícios, irá possibilitar a geração de renda para a agricultura familiar do Maranhão.
Como próximo passo do trabalho, o pesquisador informa que está previsto determinar o valor calórico do carvão vegetal do sabiá. “É uma informação importante para posicionar essa madeira como alternativa mais sustentável do que o carvão mineral e o vegetal de plantações de eucalipto de grande escala”, conclui Luís Sousa.