Técnicas construtivas de embarcações vêm sendo repassadas de geração em geração
Lucas Martins Leite
Lucas Leite é bolsista do Programa de Iniciação Científica (PIBIC) do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), no Curso Técnico em Comunicação Visual, do Campus Monte Castelo. Possui curso de Design Gráfico pela Gracom Escola de Efeitos Visuais.
“O Maranhão nasceu do Mar”. A frase de Luiz Phelipe de Carvalho Castro Andrès, que morreu em 2021 deixando um importante legado na área de Preservação e Revitalização de Centros Históricos e de Engenharia Naval e Oceânica, reflete bem a importância das embarcações para o Maranhão.
Dotadas de extrema beleza e tradicionalidade, as técnicas construtivas dessas embarcações vêm sendo repassadas de geração em geração, mas têm perdido força ao longo dos anos. Tanto conhecimento agregado às comunidades litorâneas da ilha de São Luís do Maranhão e rios do estado são propagados em forma de oratória informal.
O pesquisador do Instituto Federal do Maranhão, Lucas Martins Leite, destaca que em 1998, por meio do projeto “As Embarcações do Maranhão”, Andrès, com a intenção de preservar essa rica cultura, registrou as técnicas construtivas tradicionais. Ao longo desse trabalho de pesquisa, que foi desenvolvido de 1986 a 1995, foram coletados termos técnicos aplicados a essa atividade, registrados em forma de desenhos à mão livre e textos manuscritos.
“Os materiais usados, como tinta nanquim, papel arroz e papel vegetal, são, atualmente, considerados perecíveis, afirma Lucas. Preocupado em preservar esse conhecimento culturalmente relevante e propiciar a sua divulgação, o pesquisador do IFMA vem trabalhando no projeto “Dicionário Ilustrado da Construção Naval Tradicional” e, com isso, conquistou o Prêmio FAPEMA 2021 na categoria Jovem Cientista.
Foi realizado o reconhecimento dos elementos físicos das embarcações como casco, espelhos e velame, dentre outros. Também estão sendo estudados os desenhos à mão livre que fazem parte dos arquivos do glossário que se encontra no Estaleiro Escola do Maranhão. “O objetivo é registrar em forma digital os desenhos e textos do glossário pesquisado por Andrès”, conta Lucas Leite que é orientado, em sua pesquisa, pela professora Ivana Maia, pós-doutora em Design e Tecnologia Assistida.
O projeto está dividido em seis etapas, iniciando-se pelo estudo dos desenhos à mão livre dos elementos que compõem o acervo do projeto de pesquisa “As Embarcações do Maranhão”. Em seguida foi realizado o estudo e a capacitação do bolsista para uso de programas de desenhos digitais, como Corel Draw e Illustrator. Posteriormente foi efetivada a reprodução digital dos desenhos à mão livre com o uso desses programas.
As etapas seguintes são constituídas pelo estudo e capacitação do bolsista para uso de programa de modelagem digital, como 3Ds Max, Unity, seguido de modelagem tridimensional dos elementos físicos que compõem o dicionário e o registro dos resultados da pesquisa em forma de artigo científico, além de redação do relatório final.
Impactos
Lucas Leite destaca que será de extrema importância para o dicionário de embarcações maranhenses, ajudando a realizar seu principal objetivo que é preservar a cultura e beleza desse patrimônio. “Agora, ele está digitalizado e atualizado para se manter rico com imagens tridimensionais de ótima qualidade para o público poder acessar e visualmente compreender o que é cada parte do barco”, enfatiza o pesquisador.
O dicionário ilustrado digital de termos utilizados nas atividades navais tradicionais será disponibilizado no site do Estaleiro Escola do Maranhão, para acesso a pesquisadores, estudantes e interessados em cultura e construção naval.
O projeto “Dicionário Ilustrado da Construção Naval Tradicional” foi executado por meio do Programa de Iniciação Científica Ensino Médio – Bolsa do IFMA – projeto PIBIC 2020