Revista Inovação FAPEMA

Azulejos de São Luís se transformam em gráficos táteis para deficientes visuais

O projeto, vencedor do Prêmio FAPEMA 2021 na categoria Pesquisador Junior, busca tornar a cultura acessível a pessoas cegas e de baixa visão

Modelagem de azulejos pode contribuir para criação do Museu Tátil do Maranhão

Yasmin Sousa Silva

Graduanda em Geografia na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Técnica em Comunicação Visual pelo Instituto Federal do Maranhão (IFMA), onde foi bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC).

O estudo ou apreciação de obras de arte é um direito quase sempre inacessível para uma parcela expressiva da população com deficiência visual.  Segundo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010), mais de 500 mil pessoas possuem perda total da visão e mais de 6 milhões possuem baixa visão. 

Tal contingente expressa a necessidade de mudanças comportamentais da sociedade para promover a inclusão dessa minoria. Visando contribuir com essa meta, a pesquisadora Yasmin Sousa Silva, Técnica em Comunicação Visual pelo Instituto Federal do Maranhão (IFMA), Campus São Luís Monte Castelo, está trabalhando no desenvolvimento de gráficos táteis de azulejos e gradis utilizando técnicas de prototipação. 

O projeto “Desenvolvimento de Gráficos Táteis Utilizando Técnicas de Prototipação” propõe o desenvolvimento de metodologia de impressão 3D para a construção de gráficos táteis de azulejos, elementos artísticos e culturais, a fim de possibilitar o acesso de pessoas que não enxergam, ou de baixa visão, à exploração pelo tato desses elementos, viabilizando acesso à sua interface.

Além de tornar acessível a cultura a pessoas com cegueira ou de baixa visão, promovendo nelas o desejo de visitar esses locais, o trabalho busca preservar e resgatar o Patrimônio Cultural Material de São Luís.

Yasmin Silva, que desenvolve a pesquisa, sob a orientação da professora do IFMA, Ivana Marcia Oliveira Maia, pós-doutora em Desenho Industrial / Tecnologia Assistiva, explica que os modelos físicos podem possibilitar que pessoas com deficiência visual trabalhem conceitos espaciais.

O trabalho tem como objetivo gerar modelos tridimensionais ou 2,5 D dos azulejos de fachada de casarões localizados na Rua Portugal e demais ruas do Centro Histórico de São Luís, a fim de proporcionar experiência tátil dos padrões gráficos dos azulejos. “Os resultados da pesquisa irão ilustrar uma proposta de criação de totens com gráficos táteis dos padrões azulejares em frente a cada casarão do Centro Histórico de São Luís, a ser apresentado aos órgãos competentes”, explicou a pesquisadora.

 

Metodologia 

O processo foi iniciado com a seleção das imagens que serão prototipadas, no Centro Histórico de São Luís, entre setembro de 2020 e setembro de 2021. Foram selecionados, para produção, seis modelos tridimensionais de azulejos e oito gradis coloniais com relevação (relevo ou saliências) de forma a compor o gráfico tátil.


A segunda etapa do trabalho constará da pesquisa iconográfica das imagens selecionadas. Na sequência, serão desenhados os padrões selecionados. Nessa fase será utilizado o programa 3DS Max na geração dos modelos tridimensionais. A quarta etapa será de execução dos modelos, utilizando impressora 3D com filamento PLA ou ABS, conforme disponibilidade. A quinta e última etapa será de desenvolvimento de artigos científicos com os resultados do projeto.

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