Revista Inovação FAPEMA

A História na Economia Criativa: investigação do processo de formação da literatura

A coletânea é resultado do projeto de pesquisa Périplo Literário Brasil, África e Europa apoiado pela FAPEMA

Henrique Borralho

É doutor em História pela Universidade Federal Fluminense e pós-doutor em Teoria Literária pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Cursou mestrado na Universidade Estadual Paulista (UNESP) em História, mesma área em que se graduou pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) É professor da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) no programa de pós graduação em História, Ensino e Narrativas e, também, no programa de pós-graduação em Letras. É coordenador do Núcleo de pesquisas em historiografia e linguagens da UEMA e integra a Associação Brasil/Itália Jacarandá da Universidade de Gênova e Milão. Pesquisador produtividade FAPEMA e editor da revista Outros Tempos, tem vários projetos financiados pela Fundação (apoio a publicação, edital universal, infraestrutura, dentre outros). A sua linha de pesquisa atual é literatura e história; literatura e filosofia; e literatura africana de língua portuguesa.

Os estudos sobre a economia criativa ganharam força nas últimas décadas. Embora não haja um conceito único para o termo, o escopo principal desse tipo de economia é o uso do capital intelectual como fonte impulsionadora de geração de riquezas, crescimento econômico, geração de empregos e desenvolvimento.

Há uma profusão de dimensões relativas à economia criativa e ela contribui de várias formas não só para as dimensões econômica, social e cultural, mas também para o desenvolvimento sustentável.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), as atividades da indústria criativa fazem parte dessa economia. Dentre as manifestações apontadas pela UNESCO, são destaques: a) Patrimônio cultural: representa a identidade cultural influenciada por aspectos históricos, antropológicos e étnicos, estética e visões sociais que influenciam o patrimônio cultural, bem como os bens e serviços produzidos. [Subdivide-se em: manifestações culturais tradicionais (festivais e celebrações) e locais culturais (bibliotecas, museus, exposições)]; b) Artes: inspiradas no patrimônio cultural, valores de identidade e símbolos, incluindo atividades baseadas puramente na arte e cultura. [Subdividido em artes visuais (pintura, fotografia) e artes performáticas (música ao vivo, teatro, ópera)]; c) Mídia: baseada na comunicação de grande audiência. [Subdividido em publicações e mídia impressa (livros e revistas) e audiovisual (filmes, televisão, rádio etc.)].

Périplo Brasil, África e Europa

Nesse contexto, está sendo desenvolvido o projeto Périplo Literário: Brasil (Maranhão), África (Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde) e Europa (Portugal): construção de identidades, afirmação de sentidos, proposto pelo professor José Henrique de Paula Borralho.


Com suporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), por meio do edital Apoio aos Institutos Estaduais e Ciência e Tecnologia em Gestão Pública e Economia Criativa Edital (nº 008 / 2017 – IECT) , o projeto conta com uma equipe executora composta pelos professores Viviane de Oliveira Barbosa do (UFMA), Antonio Evaldo de Almeida Barros CEA, NEÁFRICA (UFMA) e Tatiana Raquel Reis Silva (UEMA), todos integrantes do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão sobre África e o Sul Global (NEÁFRICA).

Inserido no eixo temático “Artes, Autoria e Produção cultural”, o projeto visa analisar os cruzamentos culturais e literários entre a África (Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde), América (Brasil Maranhão) e Europa (Portugal) no processo simbiótico de influenciações, metalinguagens, imagens, cenas e circunstâncias entre esses três mundos. Os pesquisadores estão investigando o processo de formação da literatura maranhense no século XIX, a fim de compreender como tal literatura passou a influenciar as produções literárias portuguesas no século XIX (Questão Coimbrã) e africanas no século XX. A perspectiva teórica da pesquisa é holística.

Henrique Borralho

É doutor em História pela Universidade Federal Fluminense e pós-doutor em Teoria Literária pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Cursou mestrado na Universidade Estadual Paulista (UNESP) em História, mesma área em que se graduou pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) É professor da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) no programa de pós graduação em História, Ensino e Narrativas e, também, no programa de pós-graduação em Letras. É coordenador do Núcleo de pesquisas em historiografia e linguagens da UEMA e integra a Associação Brasil/Itália Jacarandá da Universidade de Gênova e Milão. Pesquisador produtividade FAPEMA e editor da revista Outros Tempos, tem vários projetos financiados pela Fundação (apoio a publicação, edital universal, infraestrutura, dentre outros). A sua linha de pesquisa atual é literatura e história; literatura e filosofia; e literatura africana de língua portuguesa.

 

Os estudos sobre a economia criativa ganharam força nas últimas décadas. Embora não haja um conceito único para o termo, o escopo principal desse tipo de economia é o uso do capital intelectual como fonte impulsionadora de geração de riquezas, crescimento econômico, geração de empregos e desenvolvimento.

Há uma profusão de dimensões relativas à economia criativa e ela contribui de várias formas não só para as dimensões econômica, social e cultural, mas também para o desenvolvimento sustentável.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), as atividades da indústria criativa fazem parte dessa economia. Dentre as manifestações apontadas pela UNESCO, são destaques: a) Patrimônio cultural: representa a identidade cultural influenciada por aspectos históricos, antropológicos e étnicos, estética e visões sociais que influenciam o patrimônio cultural, bem como os bens e serviços produzidos. [Subdivide-se em: manifestações culturais tradicionais (festivais e celebrações) e locais culturais (bibliotecas, museus, exposições)]; b) Artes: inspiradas no patrimônio cultural, valores de identidade e símbolos, incluindo atividades baseadas puramente na arte e cultura. [Subdividido em artes visuais (pintura, fotografia) e artes performáticas (música ao vivo, teatro, ópera)]; c) Mídia: baseada na comunicação de grande audiência. [Subdividido em publicações e mídia impressa (livros e revistas) e audiovisual (filmes, televisão, rádio etc.)].

Périplo Brasil, África e Europa

Nesse contexto, está sendo desenvolvido o projeto Périplo Literário: Brasil (Maranhão), África (Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde) e Europa (Portugal): construção de identidades, afirmação de sentidos, proposto pelo professor José Henrique de Paula Borralho.
Com suporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), por meio do edital Apoio aos Institutos Estaduais e Ciência e Tecnologia em Gestão Pública e Economia Criativa Edital (nº 008 / 2017 – IECT) , o projeto conta com uma equipe executora composta pelos professores Viviane de Oliveira Barbosa do (UFMA), Antonio Evaldo de Almeida Barros CEA, NEÁFRICA (UFMA) e Tatiana Raquel Reis Silva (UEMA), todos integrantes do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão sobre África e o Sul Global (NEÁFRICA).

Inserido no eixo temático “Artes, Autoria e Produção cultural”, o projeto visa analisar os cruzamentos culturais e literários entre a África (Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde), América (Brasil Maranhão) e Europa (Portugal) no processo simbiótico de influenciações, metalinguagens, imagens, cenas e circunstâncias entre esses três mundos. Os pesquisadores estão investigando o processo de formação da literatura maranhense no século XIX, a fim de compreender como tal literatura passou a influenciar as produções literárias portuguesas no século XIX (Questão Coimbrã) e africanas no século XX. A perspectiva teórica da pesquisa é holística.

O escritor moçambicano Mia Couto (centro) relatou as suas influências literárias brasileiras aos pesquisadores Tatiana Silva e Henrique Borralho

Nos últimos três anos, os pesquisadores têm se dedicado a realizar uma série de pesquisas e ações para o desenvolvimento do estudo como a instigação de debates na imprensa portuguesa sobre os caracteres constituintes da literatura brasileira no século XIX na Biblioteca Nacional de Lisboa; análise dos impactos da crítica produzida por Alexandre Herculano sobre o que ele cognominou de “o nascimento da literatura brasileira a partir dos cantos iniciais de Gonçalves Dias” na crítica literária portuguesa publicadas nos jornais da época em Lisboa; investigações sobre a Questão Coimbrã na produção literária portuguesa em jornais de época existente no arquivo público da cidade de Coimbra; pesquisas sobre as obras dos poetas, escritores, literatos em geral africanos de língua portuguesa existentes no Centro de Estudantes do Império, em Lisboa, acerca das obras produzidas e suas temáticas; e entrevistas com literatos, em geral africanos de língua portuguesa e produtores de literatura, a exemplo dos presos exilados sobre as motivações de suas participações politicas nos movimentos de independência nacional de seus países.

De acordo com o pesquisador José Henrique de Paula Borralho, a equipe também já entrevistou escritores africanos de língua portuguesa sobre as influências que receberam dos escritores brasileiros, entre eles Mia Couto, um dos mais renomados escritores de Moçambique.

Identidade literária brasileira

Nos anos de 2017 e 2018, José Henrique de Paula Borralho e Tatiana Raquel Reis Silva viajaram para Cabo Verde e Moçambique. O pesquisador Borralho também fez uma viagem para Lisboa no período. O intuito das viagens foi realizar pesquisas sobre produção literária em arquivos públicos e bibliotecas locais.

Todo esse caminhar tem como desígnio a investigação do processo de formação da literatura maranhense no século XIX. Dessa forma, eles estão mapeando os principais autores maranhenses do século XIX, especificamente Trajano Galvão, Dias Carneiro e Marques Rodrigues acerca dos elementos tipificadores das culturas africanas que influenciaram um ethos maranhense e uma narrativa das sociabilidades do mundo rural que enfatizaram e foram determinantes para a criação de uma tipicidade literária local.

“Queremos compreender como no processo de construção identitária literária brasileira, a necessidade de constituir o ‘eu’ e o ‘outro’ foi determinante para que estes autores buscassem numa ancestralidade africana aspectos da sociabilidade maranhense suficientes para constituição de um escopo narrativo estilístico”, frisou Borralho.

Para a construção do arcabouço teórico, está sendo realizado levantamento, leitura e análise de autores produtores de literatura, de história, de artes, de questões culturais nos três continentes. Após o mapeamento dos principais embates dentro do campo epistemológico, a pesquisa pretende evidenciar novas possibilidades de construção narrativa no campo da história e da literatura que toma por base a noção de humanidades, sem distinção e hierarquia de conhecimento.

“A proposta consiste num entrecruzamento de informações, possibilidades de análises, conjunções teóricas que possibilitem a melhor compreensão sobre a tessitura social, sem desprezar a perspectiva da verossimilhança presente na literatura, nas artes, na reflexividade filosófica, histórica”, observou o pesquisador José Henrique Borralho.

Durante o processo, a equipe já publicou uma coletânea internacional sobre as relações literárias entre Brasil (Maranhão); África (Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde) e Portugal e realizou o evento internacional “Literatura e História em países de língua oficial portuguesa”, sediado em São Luís.

Novas etapas

Pesquisadores em diálogo com a Associação dos Escritores Moçambicanos

Na fase final da pesquisa, o professor Borralho ainda viajará para São Tomé e Príncipe e Angola. Todo o material levantado relativo à pesquisa será catalogado e disponibilizado no banco de dados dos núcleos de pesquisa, seus sites e na interface com a montagem do museu Afrodigital.

Para o pesquisador Henrique Borralho, o investimento em âmbito da economia criativa é um processo diversificador tanto da ideia de investimento, quanto de economia. “Durante muito tempo a economia criativa se relacionava/atrelava ao binômio progresso/modernização, segmentando o que alicerça a noção de vida, existência, ou seja, vivemos em espaços e seus congêneres, logo, só pode haver progresso/modernização equânime, se somente se todo investimento for imbuído da premissa de preservação dos recursos, meios e espaços que vivemos. E isso está estritamente relacionado à concepção de desenvolvimento e investimento”, frisou o docente.

Ele salienta ainda que os projetos de economia criativa têm afetado o paradigma sobre economia. “Economia vem do grego euconomus e significava ‘cuidar da casa’, semanticamente e politicamente afetado durante a modernidade quando passou a ser sinônimo de política de estado/econometria. Sendo assim, o estado passou a assumir a função de comandar as ações econômicas a mando de uma concepção ideológica, no caso a burguesa, que passou a encarar o uso dos recursos naturais como se fossem inesgotáveis”, prosseguiu.

Projetos na área da economia criativa, assim como o desenvolvido pelo grupo de pesquisadores de Instituições públicas maranhenses, questionam, segundo Borralho: “o que de fato é prioridade em planos econômicos? Qual deve ser a premissa dos investimentos e, sobretudo, encaram a vida humana na sua complexidade, respeitando e valorizando as ações humanas, que também são atividades econômicas, tais como a dimensão da arte, da cultura, da língua, da literatura, da convivência?”, concluiu o pesquisador.

Confira o infográfico com as etapas já realizadas do projeto

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *