“A personagem masculina em Aluísio Azevedo” conquistou o Prêmio FAPEMA 2021, na categoria Jovem Cientista em Ciências Humanas, Sociais, Linguística, Letras e Artes
Luisa Mara Silva Lima
Estudante do curso de Licenciatura em Letras na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), em Caxias. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/FAPEMA). Integrante do grupo de pesquisa Literatura, Artes e Mídias (LAMI
A escrita pode servir como um espelho da sociedade, pois se configura como a linguagem expressando e influenciando comportamentos e pensamentos. Nesse sentido, muitas obras literárias permitem a compreensão sobre grupos sociais de vários períodos históricos e suas características, sendo por isso instrumentos para promover uma compreensão mais ampla e fiel de determinados fatos. Nesse sentido, uma vertente da literatura muito conhecida é o naturalismo – corrente mais extrema do movimento realista do século XIX que busca reproduzir um retrato fidedigno da realidade – e o principal autor brasileiro do naturalismo foi o ludovicense Aluísio Azevedo.
Aluísio escreveu inúmeras obras internacionalmente reconhecidas, destacando-se O Mulato (1881), O Homem (1887), O Cortiço (1890) e A mortalha de Alzira (1894). E foi por identificar nestes respectivos livros a possibilidades de estudar a estrutura social de uma época que Luísa Mara Silva Lima – acadêmica do curso de Letras, Português, Inglês e suas respectivas Literaturas na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) Campus Caxias – realizou uma pesquisa que conquistou o primeiro lugar no Prêmio FAPEMA 2021 na categoria Jovem Cientista da área de Ciências Humanas, Sociais e Linguística Letras e Artes.
O trabalho “A personagem masculina em Aluísio Azevedo” foi orientado pelo professor doutor Emanoel Cesar Pires de Assis do departamento de Letras da UEMA e buscou capturar elementos descritivos dos homens de três sociedades diferentes no contexto do século XIX: carioca, parisiense e maranhense.
A estudante organizou as descrições das características desses personagens por cada obra analisada, tendo utilizado algumas ferramentas de busca para auxiliar nesse processo. No trabalho estão listadas em quadros as descrições de vestimentas, características físicas e de pensamento dos homens da época.
O autor Aluísio Azevedo descreve esses personagens como: revolucionários, tradicionais e preconceituosos. “As personagens são agentes ativos que integram a narrativa, que vivem situações de um certo tempo e em um certo espaço, com características específicas”, afirma Luísa Lima. “E para compreender esses seres fictícios, é necessário atentar-se aos seguintes fatores: ambiente, roupas e as qualidades”.
A estudante ressalta, ainda, que “é a partir das caracterizações das personagens que observamos sua importância dentro da obra, pois a personagem concretiza o enredo e as ideias do autor”. Segundo ela, “é um elemento fundamental, complexo e funcional”.
“No meu projeto escrito, temos quadros com as descrições destinadas aos perfis de personagens masculinos dos quatro livros de Aluísio Azevedo”, explicou. “Utilizei o Portal Maranhão na leitura das obras e a Linguateca no levantamento de dados referentes a quatro obras”, prosseguiu.
“Por meio de dados obtidos na plataforma Linguateca, onde há passagens sobre a personagem masculina João Romão, do livro ‘O Cortiço, é possível perceber como seu perfil está, predominantemente, ligado às questões econômicas”, assinalou. “João Romão é visto como uma representação social de um português comerciante em ascensão”, prosseguiu.
“A pesquisa cumpre o objetivo de incrementar a produção crítica sobre a literatura maranhense, ao reunir conhecimentos e críticas já estruturados sobre o tema”, destacou. “ O trabalho direciona para uma reflexão a respeito das ideias que regiam tal época – marcada por artistas comprometidos em retratar desafios reais enfrentados pela população”, concluiu.