Pesquisa conquista 1º lugar no Prêmio Fapema Pesquisador Júnior 2022
Rayssa Crislley da Silva
Egressa do curso Técnico em Logística do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA) de Bacabeira.
Tem experiência na área de Administração. Atua em investigação científica em comunidades de pescadores.
A pesca é uma atividade com impactos econômicos e sociais que cresce em todo o Maranhão. De acordo com a Associação Brasileira da Piscicultura (PEIXE BR), o Maranhão é o quinto maior produtor nacional de pescado, com a produção de 47.700 toneladas/ano e, nesse cenário, é através da pesca que muitas famílias garantem sustento.
Apesar de, por muito tempo ter sido uma atividade predominante de homens, as mulheres começaram a marcar maior presença na pesca artesanal, administrando essa função juntamente com a de mãe e dona de casa.
Como elas vivenciam essa prática? Quais são as políticas públicas que as amparam nesse processo? Essas foram as questões que inspiraram Rayssa Crislley da Silva, estudante do curso Técnico em Logística do Instituto Estadual de Educação (IEMA) de Bacabeira, a pesquisar sobre as mulheres pescadoras do município sede de sua escola, bem como da vizinha cidade de Rosário.
Ela desenvolveu a pesquisa “Mulheres D’águas: Relatos dos pescadores e pescadoras sobre a mulher na pesca artesanal em Rosário-MA e Bacabeira-MA”, com orientação do professor Alex Reis Barroso, com apoio financeiro do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).
Para o estudo, Rayssa Crislley utilizou questionários, visitas em campo e entrevistas para investigar a maneira como as pescadoras são percebidas por elas e por outros atores da pesca.
As pescadoras entrevistadas nessa região do Maranhão foram iniciadas por pai, tios ou companheiros. Os resultados apontaram que as mulheres, em Bacabeira, não são percebidas na região apenas como ajudantes ou algum tipo de subordinação na atividade pesqueira. Atualmente, é mais comum o envolvimento das pescadoras em uma relação de companheirismo ou protagonismo articulados aos saberes e fazeres da pesca artesanal. “Na camaroreia tem muita mulher que pesca, ali… tanto de dia como de noite”, relata um pescador da região não identificado. Um de seus colegas do ofício afirma que a sua esposa “pega todo tipo de peixe: traíra, jeju, piaba, ela pega mandizinho, o piauzinho…”.
Já no povoado de Itamirim em Rosário, uma pescadora da região ressalta que a atividade é uma aventura. “Você vai hoje e pega, amanhã não pega”, afirma. Mas, em meio a essa imprevisibilidade e demais desafios, as mulheres têm se destacado nessa atividade que, apesar de tão impactante é, muitas vezes, desvalorizada no Brasil. De acordo com dados disponibilizados pelo Governo Federal, atualmente existem mais de um milhão de pescadores profissionais que enfrentam diariamente todo o tipo de dificuldade e falta de reconhecimento no país. Nesse contexto, a pesquisa de Rayssa contribui para o conhecimento científico sobre o tema para a implantação de mais políticas públicas para a valorização dos pescadores e pescadoras no estado.
De acordo com Rayssa, a pesquisa contribui com a ampliação do conhecimento sobre as comunidades pesqueiras. Ela aponta que o trabalho científico demonstra que a mulher vive todos os dias, muito mais que os homens, as dificuldades concretas da vida em terra. “A pesquisa ainda ressalta que, no contexto da cadeia produtiva da pesca artesanal, é perceptível, principalmente na pesca em Rosário, que a desigualdade está presente sendo mais explícita na vida de mulheres que constituíram família” conta Rayssa.
Os dados da pesquisa comprovam, também, a relevância da mulher para essa atividade e os seus impactos econômicos, ao mesmo tempo em que administram a responsabilidade pelos filhos e pela casa. Os resultados obtidos pela pesquisa sobre o papel da mulher nesse contexto, com a identificação, ainda, das principais espécies de peixes capturadas nas regiões e os impactos econômicos, levaram Rayssa a conquista o Prêmio FAPEMA 2022 em 1º lugar na categoria Pesquisador Júnior.
O evento, considerado o “Oscar da Ciência do Maranhão”, teve como tema “Cientistas do território maranhense” e homenageou o biólogo Francisco Limeira, o químico José Manuel Rivas Mercury e o médico Luiz Alves Ferreira.