Revista Inovação FAPEMA

Pesquisa desenvolve método eletroanalítico de antibióticos

A investigação foi concebida pelo aumento significativo de automedicação durante a epidemia da Covid 19

Gráfico resume a realização das análises em Sistema BIA-AMP

William Barros Veloso

Cursa doutorado em Química no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP). Mestre em Química pelo Programa de Pós-graduação em Química da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), onde se licenciou na mesma área. Possui curso Técnico em Química pela Escola Técnica Estadual (Etec – Júlio de Mesquita, Santo André – SP). Atuação, principalmente, nos seguintes temas: Análise por Injeção em Batelada, Eletrodos impressos, Microeletrodos e Sensores Eletroquímicos para determinação de compostos farmacêuticos e poluentes ambientais.

Desenvolver um método eletroanalítico para quantificação individual dos antibióticos eritromicina, azitromicina, claritromicina e roxitromicina, empregando eletrodo impresso de carbono modificado com um filme à base de fuligem (carbon black Super P) em sistema de Análise por Injeção em Batelada com detecção Amperométrica. Esse é o objetivo do trabalho desenvolvido por William Barros Veloso, durante a sua pesquisa de mestrado em Química na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e que conquistou o Prêmio Fapema 2022 nessa categoria.

A fuligem (carbon black Super P) é considerado um dos melhores agentes condutores e a análise por injeção em batelada (BIA) consiste, basicamente, no carregamento e injeção de alíquotas do componente químico em análise diretamente sobre a superfície do eletrodo de trabalho durante todo o processo de avaliação. Esses sistemas possuem baixo consumo de amostras e de reagentes, fácil manuseio e manutenção, além do custo moderado dos instrumentos.

“Os sistemas de análise por injeção em batelada [BIA, do inglês Batch Injection Analysis], associados a técnicas eletroanalíticas, permitem a realização de medidas com elevadas sensibilidade e rapidez na execução”, afirma o pesquisador. “Além disso, a utilização de eletrodos impressos como detectores, os chamados ‘screen-printed electrodes’ [SPE’s], agregam recursos adicionais aos sistemas, principalmente em relação à simplicidade no manuseio e robustez”, prossegue. “Portanto, o emprego de sistema BIA utilizando SPE’s modificados no nanopartículas de fuligem se apresenta como uma excelente alternativa para o desenvolvimento de métodos eletroanalíticos visando a quantificação de antibióticos em amostras ambientais e farmacêutica”, complementa.

A ideia surgiu tendo em vista que diversos estudos demonstram um aumento significativo na automedicação por azitromicina durante o período de pandemia da COVID 19 no Brasil. “Porém, não havia evidências científicas suficientes que permitissem a prescrição em massa desse e dos outros antibióticos estudados para o tratamento dessa doença”, enfatiza o pesquisador.

As coletas de amostras de de água para análises dos antibióticos foram realizadas na Lagoa do Jambeiro

Resultados

O método foi aplicado na determinação dos antibióticos em amostra ambiental de água, coletada em uma lagoa localizada no campus da Universidade Federal do Maranhão e em amostras farmacêuticas.

“O trabalho demonstrou a potencialidade do uso de carbon black Super P como modificante em SPE’s, para determinação dos quatro antibióticos, com o emprego do Sistema BIA-AMP”, afirma. Wilson. “As otimizações realizadas, tanto dos parâmetros do modificante quanto do sistema BIA, permitiram o desenvolvimento de um método com baixos limites de detecção e quantificação, ampla faixa linear, alta sensibilidade e elevada frequência analítica”, ressalta. “Além disso, possibilitou a aplicação do mesmo método, sem grandes alterações, para determinação de qualquer um dos quatro compostos, com uma das vantagens do sistema BIA, que é possibilidade de realização de análises no ambiente natural [“in situ”], destaca. “Os testes de adição e recuperação demonstraram a boa exatidão do método proposto, possuindo assim, características atraentes para aplicação deste em análises de rotina”, finaliza.

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