Revista Inovação FAPEMA

Biotecnologia avalia desenvolvimento de produtos no Maranhão

Pesquisadores apresentam resultados na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

Flávia Raquel Fernandes do Nascimento

Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Especialização em Imunologia (UFMA), mesma área do mestrado e doutorado (USP). É professora titular do Departamento de Patologia, docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (UFMA), do qual é diretora. Colaboradora do Programa de Pós Graduação em Biodiversidade e Conservação (RENORBIO), atualmente desenvolve estudos sobre a atividade imunomodulatória de produtos naturais; sobre a resposta imune diante da leishmaniose, e sobre avaliação imunológica em pacientes com doenças inflamatórias crônicas.

Com o objetivo de investigar in vitro e in vivo, a ação antimicrobiana de produtos naturais e desenvolver bioprodutos derivados com potencial profilático e/ou terapêutico para o controle da doença sepse, a pesquisadora e professora do Departamento de Patologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Flávia Raquel Fernandes do Nascimento, desenvolveu o projeto intitulado “Avaliação do Potencial Profilático e Terapêutico de Produtos Naturais na Sepse Polimicrobiana”. O projeto, sob sua coordenação, foi realizado em equipe formada por pesquisadores (professores e alunos) da UFMA (instituição proponente) e da Universidade Ceuma (instituição parceira), após ser submetido e aprovado no Edital Fapema Nº07/2017 – IECT Biotecnologia.

A pesquisa, fomentada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), pretende contribuir, também, com a investigação etnobotânica e etnofarmacológica de produtos naturais usados para o tratamento de infecções bacterianas ou fúngicas, além de avaliar a toxicidade pré-clínica de extratos, frações e produtos obtidos, bem como a atividade antimicrobiana in vitro dos produtos naturais. O trabalho visa, ainda, investigar a ação imunomoduladora e anti-inflamatoria dos produtos naturais in vitro, realizar ensaios profiláticos e terapêuticos em modelos experimentais de sepse e testar bioprodutos em modelos de sepse.

Instituto Estadual em Biotecnologia

A professora Flávia Nascimento destacou a importância da constituição do Instituto Estadual em Biotecnologia para o projeto que tem suas origens ligadas ao o Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, da Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO). A equipe vinha discutindo a possibilidade de criação de um órgão como o Instituto Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação do Maranhão (IECT) de Biotecnologia. Após uma demanda prevista pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI), o professor da UFMA, Lívio Martins, organizou as discussões entre os professores de diversas instituições e membros da SECTI e realizou uma apresentação sobre a biotecnologia exercida no Maranhão.

A biotecnologia é uma da ações prioritárias no âmbito da ciência no estado do Maranhão

“Após a apresentação do programa, ficou estabelecida que a área de biotecnologia seria prioritária para as ações de governo do estado do Maranhão e que seria criado o Instituto Estadual em Ciência e Tecnologia em Biotecnologia”, pontuou a pesquisadora Flávia Nascimento. “Nós pesquisadores, então, aprofundamos as discussões, formamos grupos de trabalho, iniciamos colaborações nos projetos de pesquisa e estreitarmos os laços entre as instituições de ensino”, ressaltou. Logo depois, foi lançado o edital e toda equipe se articulou para concorrer. “O IECT, sem dúvida, é uma grande ideia e permitirá grande crescimento e desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação do estado”, complementa.

Segundo a pesquisadora, a partir de então, com a criação do IECT Biotecnologia, foi possível batalhar para conquistar reconhecimento e recursos que pudessem facilitar pesquisas voltadas para investigação das doenças infecciosas que são um grande problema de saúde pública em nosso estado. “Um agravo que tenho levado muitos pacientes ao óbito é a sepse”, afirma a pesquisadora. “O Laboratório de Imunofisiologia, do qual faço parte, já vem trabalhando com modelos experimentais de sepse há mais de quinze anos, bem como, com imunomoduladores de origem natural e, assim, surgiu a ideia de unir as instituições em torno desta temática e deu certo”, comenta Flávia Nascimento.

No Maranhão existem dois programas de pós-graduação que tem a biotecnologia como foco principal: o doutorado em Biotecnologia da Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO) e o doutorado em Biodiversidade e Biotecnologia (BIONORTE). Entretanto, de acordo com a pesquisadora, além destes dois, há diversos outros programas envolvidos no IECT Biotecnologia, tais como Ciências da Saúde, Física, Biodiversidade e Conservação, Ciência dos Materiais, Saúde e Ambiente, Ciência Animal (UFMA), Ciência Animal (UEMA), Química e Defesa Sanitária Animal. “Esta integração entre programas e instituições é resultado de muitos projetos em parceria, o que foi construído ao longo dos anos. Mas o IECT Biotecnologia teve papel fundamental na união do grupo em torno de um eixo comum”, enfatiza.

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Método

O IECT em Biotecnologia agrega pesquisadores de várias instituições do estado do Maranhão

O projeto “Avaliação do Potencial Profilático e Terapêutico de Produtos  Naturais na Sepse Polimicrobiana” é considerado guarda-chuva por abrigar outros pequenos projetos. Flávia Nascimento relata que utilizam diferentes modelos experimentais de sepse induzida em animais e também investigam aspectos de doenças infecciosas bacterianas em pacientes. “Utilizamos métodos que permitam investigar o perfil imunológico frente a essas infecções e também métodos que permitam avaliar se os imunomoduladores de origem natural estariam, de fato, aumentando a resistência do hospedeiro frente ao gente infeccioso”, pontua.

De acordo com a pesquisadora, o projeto vem sendo desenvolvido desde o pagamento da primeira parcela do auxílio financeiro da FAPEMA, ocorrido em dezembro de 2017. “Nestes três anos houve um envolvimento de alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado que executaram uma série de experimentos relacionados aos objetivos deste projeto”, explica.

Em dezembro do ano passado, a FAPEMA realizou o pagamento da segunda parcela do auxílio para que os pesquisadores pudessem aprimorar seus projetos e trazer resultado satisfatório para a sociedade. Flávia Nascimento
relata que a partir disso pretendem incrementar as pesquisas que ficaram prejudicadas por conta da pandemia que impediu muitos alunos de estarem presentes no laboratório. “Em 2021, caso o número de casos de COVID
diminua, conseguiremos avançar e gerar pelo menos cinco artigos científicos, resultado dos trabalhos dos alunos de iniciação científica e de pós-graduação”, acredita.

Participam do projeto também os pesquisadores da UFMA, Flávia Maria Mendonça do Amaral, Maria Nilce Sousa Ribeiro, Antônio Marcus de Andrade Paes e Lucilene Amorim Silva e. como colaboradores, os pesquisadores da UFMA, Thiare Silva Fortes da Cunha, Paulo Vítor Soeiro, Márcia Cristina Gonçalves Maciel, Denise Fernandes Coutinho, Ana Paula S. Azevedo, Aramys Silva dos Reis, Johnny Ramos do Nascimento, Aluísio da Silva Oliveira, Patrícia Costa dos Santos Alves, Liana de Oliveira Trovão, Dimitrius Garbis e da Universidade Ceuma, Eduardo Martins Sousa e Afonso Gomes Abreu Júnior.

Resultados

Os resultados do estudo permitirão que a equipe de pesquisadores entenda os mecanismos imunológicos que levam à susceptibilidade ou resistência a determinados agentes infecciosos. “Além disto, poderemos entender se
determinados produtos naturais podem ser usados como imunomoduladores e aumentar a resistência imunológica frente aos microrganismos”, assegura a pesquisadora.

Flávia Nascimento aproveita para declarar que pretende aprofundar ainda mais a pesquisa e que, certamente, concorrerá em outros editais que a FAPEMA lançar voltados para a mesma área de atuação. Em sua avaliação, a Fundação sempre fez o diferencial na ciência do Maranhão e, em consequência, do Brasil. “Espero que os editais de apoio e auxílios da FAPEMA sejam constantes e que continuem sendo discutidos com a comunidade, pois, somente assim, teremos regularidade e previsibilidade nas atividades de pesquisa”, afirmou. “A FAPEMA é imprescindível para o desenvolvimento
científico do Estado”, concluiu.

Saiba mais sobre a sepse

A sepse é uma doença complexa e potencialmente grave, desencadeada por uma resposta inflamatória sistêmica acentuada diante de uma infecção causada, na maior parte das vezes, por bactérias. Essa reação é o modo encontrado pelo organismo para combater o micro-organismo agressor. Para tanto, o sistema de defesa libera mediadores químicos que espalham a inflamação pelo organismo, o que pode determinar a disfunção ou a falência múltipla dos órgãos, provocada pela queda da pressão arterial, má oxigenação das células e tecidos e principalmente, pelas alterações na coagulação sanguínea.

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