Revista Inovação FAPEMA

A INCAPACIDADE FUNCIONAL PODE CONTRIBUIR PARA SINTOMAS DEPRESSIVOS EM IDOSOS

Resultados foram obtidos na rede de saúde pública em Caxias durante pesquisa de mestrado

Kamene Sousa

Kamene Sousa cursa doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). É mestre em Biodiversidade, Ambiente e Saúde pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), com graduação em Ciências Biológicas pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI). Atua na elaboração de materiais pedagógicos no processo de ensino aprendizagem.

As condições físicas têm relação com o aparecimento de sintomas depressivos em idosos. É o que aponta o estudo ‘Prevalência e fatores associados a sintomas depressivos em idosos assistidos na atenção primária à saúde’, da pesquisadora Kamene Costa de Sousa. A doença se tornou um dos maiores desafios para a saúde pública e essa faixa etária é particularmente vulnerável, de acordo com os resultados da pesquisa.

O trabalho busca analisar essa prevalência e correlacionar os sintomas com a capacidade funcional dos participantes. O estudo contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) e avança para entender os fatores que influenciam essa manifestação e contribuir com iniciativas para melhorar a qualidade de vida desse segmento social.

O estudo foi desenvolvido durante o curso de mestrado em Biodiversidade, Ambiente e Saúde, da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), entre março de 2020 e agosto de 2021. A pesquisa avaliou 188 idosos, de ambos os sexos, cadastrados na Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de Caxias. Foram considerados idosos pessoas com idade a partir de 60 anos, com a exclusão daqueles com demência e déficit auditivo. Durante o levantamento, a pesquisadora coletou dados por meio de entrevistas domiciliares, analisando variáveis como saúde, condição socioeconômica, capacidade funcional e presença de sintomas depressivos.

“A ideia surgiu com a preocupação e a necessidade de pesquisarmos mais a respeito da saúde emocional da população idosa caxiense. Encontramos uma correlação forte entre os sintomas depressivos e a capacidade funcional dos idosos. Ou seja, a incapacidade funcional está relacionada negativamente à saúde mental dos idosos. Portanto, se faz necessária e urgente a implementação de ações preventivas e de tratamento, na rede de Atenção Básica, a fim de melhorar o bem-estar dessa população”, ressalta Kamene Sousa. 

Pesquisadora identifica que 83% idosos caxienses não praticam atividades físicas, 58% são hipertensos e cerca de 30% sofrem com a depressão

O trabalho, orientado pela professora Joseneide Teixeira Câmara, revela dados significativos da população idosa avaliada, em termos de saúde. Oitenta e três por cento não praticam atividades físicas regularmente e 58,5% apresentam hipertensão. Um total de 29,8% dos idosos apresentam sintomas depressivos, com prevalência maior entre as mulheres (61,7% dos casos leves). Foi observado que fatores como idade, escolaridade e o fato de viver em casa influenciam diretamente no declínio cognitivo. Idosos mais velhos, com menor escolaridade ou que vivem sozinhos, são mais suscetíveis à dependência funcional e ao declínio cognitivo.

Kamene Costa avalia que o estudo amplia o entendimento sobre a saúde mental dos idosos e traz à reflexão questões importantes sobre a capacidade funcional dessa população. “Serve de alerta aos profissionais da Atenção Primária à Saúde, pois a depressão entre os idosos é um fator que impacta diretamente a qualidade de vida. Portanto, o tratamento da saúde física e atenção à saúde mental devem ser prioridades no cuidado com os idosos”, explica.

Ela destaca o apoio da FAPEMA para o desenvolvimento da pesquisa, por meio do financiamento. “Isso nos proporcionou as condições de execução dos processos que nos levaram a compreender o cenário e somar na proposição de iniciativas que melhorem as condições de saúde da população idosa e a necessidade de políticas públicas mais eficazes”, enfatiza.

O estudo oferece importante contribuição para o campo da saúde pública e para a promoção de políticas direcionadas a esse segmento social, ao identificar aspectos críticos que afetam a qualidade de vida dos idosos, avalia a pesquisadora. “A partir desses dados, podemos refletir sobre medidas de intervenção mais eficientes, que podem ser adotadas para reduzir os sintomas depressivos e melhorar o bem-estar dessa população, na promoção de estratégias de avaliação, ações de prevenção e de tratamento”, enumera.

Os resultados obtidos podem contribuir para uma melhor compreensão dos desafios enfrentados pelos idosos no município de Caxias e subsidiar políticas públicas mais eficazes voltadas para essa faixa etária, especialmente nas áreas de saúde mental e funcionalidade. Com os levantamentos feitos, a pesquisadora agora foca na produção de um livro, com leitura acessível para ser distribuído ao público participante do experimento.  

 

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