O equipamento pode ser em ambulâncias, com maior autonomia da bateria
Shigeaki Leite de Lima
Doutor e mestre em Sistemas de Energia, com graduação em Engenharia Elétrica (UFMA). As áreas de interesse: técnicas inteligentes aplicadas a sistemas de potência (voltada a diagnóstico de falhas em transformadores de potência) e conversão de energia (voltada a fontes renováveis: solar, eólica, sistemas híbridos e maré-motriz).
Iniciado em maio de 2020, o projeto VITA – Ventilação Intensiva Tecnologicamente Assistida -, para uso em combate à Covid-19 no Maranhão, avança para uma quarta versão e vai permitir a utilização do aparelho em ambulância, com maior autonomia da bateria. O trabalho é coordenado pelo professor doutor em Engenharia Elétrica e professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Shigeaki Leite de Lima, e tem o apoio do Governo do Estado por meio do edital voltado para o enfrentamento da Covid lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).
Shigeaki Lima explica que um elemento que compõe o projeto VITA é o ambur insuflável, um ventilador mecânico amplamente usado nos hospitais, cujo manejo é realizado de forma manual. “Neste projeto é proposta a automatização do ambur, substituindo a função humana por um sistema automático, no qual é possível controlar o fluxo de ar e a frequência”, conta.
A metodologia proposta para automatização envolveu o desenvolvimento de partes do equipamento em impressoras 3D, aquisição de eletrônicos nos comércios local e nacional, montagens, testes e entrega à rede pública de saúde.
A iniciativa surgiu da busca de soluções que pudessem auxiliar no combate à COVID19. No projeto do respirador VITA é esperado, como principal produto, um equipamento funcional para uso em unidades médicas de pronto atendimento, ambulâncias, centros cirúrgicos, dentre outros locais onde seja necessário.
O principal impacto do projeto, segundo o coordenador do trabalho, é o de auxiliar os centros de saúde no salvamento de vidas, uma vez que a proposta do VITA como respirador classe 1, com a automatização do ambur, é permitir que o paciente que necessita de cuidados mais intensivos, possa aguardar um leito, enquanto respira por meio do equipamento mecânico.
“Outros desdobramentos nesse sentido são esperados, uma vez que o atendimento pré-UTI ajuda no achatamento da curva exponencial de crescimento da COVID-19 e dos óbitos e isto permite tempo adicional para o desenvolvimento de mais unidades de respiradores, controle e manejo entre outras ações que no momento são extremamente importantes”, observa Shigeaki de Lima. O equipamento ainda passará por testes em vivo, em animais, em parceria com a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), para em seguida entrar em produção em série.
No estudo sobre a aplicabilidade, inicialmente com o Hospital Universitário da UFMA, foi identificado que o aparelho pode ser utilizado no ensino, em hospitais de baixa complexibilidade sem equipamentos deste tipo, nas ambulâncias e em ambientes hospitalares já com suporte de oxigênio. Nesses ambientes hospitalares, ele seria usado para necessidade de taxa de oxigênio menor que, de acordo com especialistas, os ventiladores maiores não conseguem suprir porque tem uma outra aplicação.
Um novo nicho de negócio para o equipamento é a utilização do mesmo em animais, uma vez que é um aparelho também necessário em clínicas veterinárias. Como o ventilador é um equipamento muito caro, o VITA seria uma alternativa mais viável, avalia o pesquisador.
MAIS SOBRE O PROJETO
O projeto de respiradores VITA é oriundo de um projeto português denominado PNEUMA e desenvolvido em meados de dezembro de 2019, sendo intensamente usado na rede médica portuguesa com o advento da COVID-19. Para a versão usada no Maranhão, foram feitas algumas modificações para ser obtido um produto de entrega rápida. “Essa modificações envolveram um controle mais refinado da vazão e frequência do bombeamento do ar, o ruído em decibéis, redução de desgastes mecânicos das partes móveis (engrenagens) que possam ocorrer e proteções elétricas, dentre outras”, explicou Shigeaki de Lima.
“Neste momento não há uma preocupação entre os grupos que estão em processo de desenvolvimento de respiradores em várias instituições, no sentido de ter um autor específico para o equipamento. Eles estão mais voltados em produzir um produto nacional de uso comum em que a inovação e originalidade são compartilhadas”, pontua o pesquisador.
FINANCIAMENTO
O projeto VITA é financiado pela Chamada Pública Emergêncial Fomento à Pesquisa no Enfrentamento à Pandemia da Covid-19 da FAPEMA. Por meio do edital estão sendo financiados projetos de PD&I que visam contribuir significativamente para o enfrentamento da pandemia e pós-pandemia da COVID-19.