Revista Inovação FAPEMA

REVITALIZAÇÃO DE ESPAÇOS PÚBLICOS

Quando o lazer e a arte se encontram para transformar comunidades

O projeto une arte, lazer, educação ambiental e inclusão social

Janine Perini

Doutora e mestre em Artes Visuais pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), com graduação em Educação Artística pela Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE) e Licenciatura em Pedagogia pelo Centro Universitário Facvest.  Professora de Artes Visuais da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Centro de Ciências do Campus São Bernardo. Líder do grupo de Estudos e Pesquisas “Educação, Arte e Formação de Professores”. Integrante do Projeto bilateral “Observatório da Formação de Professores no âmbito do Ensino de Arte: estudos comparados entre Brasil e Argentina” e do grupo artístico “Sopro Coletivo”. Autora do livro “Quilombo do Vale do Ribeira: uma contribuição para a formação de professores” (Editora Appris). Atua na linha de investigação sobre Ensino de Arte e formação de professores. 

Imagine um projeto que une arte, lazer, educação ambiental e inclusão social. Agora imagine esse projeto transformando praças, escolas e universidades em espaços vivos, coloridos e acolhedores. Assim é o RevitalizAÇÃO, uma iniciativa idealizada pelas professoras Janine Alessandra Perini e Ana Catarina Alves Coutinho, do Centro de Ciências da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em São Bernardo. Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA,) essa ação vem mostrando como pequenas mudanças podem gerar grandes impactos no bem-estar da população maranhense.

A professora Janine Perini, doutora em Artes Visuais e coordenadora do projeto, explica que a proposta é “formar para além da sala de aula”, investindo na transformação de espaços públicos como estratégia para diminuir desigualdades sociais e estimular uma convivência mais humanizada e segura. A ação está sintonizada com os objetivos do Plano Maranhão 2050, criado pelo Governo do Estado do Maranhão e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), idealizado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O RevitalizAÇÃO não se limita à pintura de muros ou instalação de bancos. “É um projeto com alma que promove a escuta da comunidade, incentiva o protagonismo local e desperta o senso de pertencimento”, avalia Janine. Com base na interdisciplinaridade, são articuladas ações de extensão universitária com demandas reais da população. Tudo isso é conectado a temas contemporâneos, como sustentabilidade, justiça social e valorização da cultura local.

Arte afro-brasileira

Cinco ações foram contempladas pelo projeto que chegou à universidade em dezembro do ano passado, com intervenções artísticas que se distribuíram pela biblioteca, corredores e Praça do Cajueiro da UFMA Campus São Bernardo. Os estudantes criaram desenhos baseados na arte afro-brasileira e identidade local. A comunidade universitária participou ativamente do processo, gerando um ambiente mais inspirador e inclusivo.

A intervenção teve um resultado positivo e despertou o interesse de cidadãos e empresários em alugar o espaço para promover atividades comerciais. O espaço que era apenas de passagem, passou a ser frequentado pelos alunos que permanecem no espaço, atraídos pela vibração das cores do ambiente.

Praça Pé no Chão

A segunda ação aconteceu em fevereiro deste ano, na Comunidade Quilombola Itaperinha, no município de Tutóia quando foi inaugurada a Praça Pé no Chão – um espaço de lazer e convivência criado a partir de demanda da própria comunidade. Moradores se uniram aos voluntários do projeto para pintar pneus, montar brinquedos e construir bancos com materiais recicláveis. Resultado: uma praça viva, feita por e para o povo quilombola. 

Iracema

A Escola Célia Cristina dos Reis, em São Bernardo, recebeu o projeto há quatro meses. A intervenção uniu literatura e artes visuais com atuação de alunos do 8º ano da escola municipal. A partir da leitura crítica de “Iracema”, de José de Alencar, e da obra “Não somos Iracema”, da artista indígena Yakunã Tuxá, os estudantes refletiram sobre identidade, ancestralidade e representação. Uma verdadeira aula de empatia e criatividade.

Museu do mar

O projeto foi desenvolvido, também, em Parnaíba, Piauí, com ação realizada no Museu do Mar, no Porto das Barcas. Quatro oficinas fizeram parte das atividades oferecidas ao público geral: “Plantio e Cultivo de árvores”, “Percursos da dança”, “Capoeira e Manifestações afro-brasileiras: Maculelê, Puxada de rede e Samba de Roda” e “Grafite”. 

Cantinho da leitura

A partir das demandas apresentadas por coordenadores e professores do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA) de Tutóia, foram indicadas as necessidades de um cantinho de leitura na biblioteca, o plantio de árvores na frente da escola e uma horta com alimentos para utilizar nas refeições dos alunos. As três demandas foram atendidas e executadas com o envolvimento dos alunos do primeiro ano do curso Técnico em Guia de Turismo.

Consciência coletiva

O impacto do RevitalizAÇÃO é muito maior do que os olhos podem ver. A iniciativa mobiliza alunos, professores, servidores públicos, gestores, famílias e comunidades inteiras. E mais: ajuda a construir uma consciência coletiva sobre o cuidado com os espaços públicos, com foco no bem viver e na construção de uma cultura de paz.

“Esse é um projeto que mostra como a universidade pode e deve estar inserida nas realidades locais, contribuindo com saberes, mas também aprendendo com as comunidades”, resume Ana Catarina Alves Coutinho, professora do curso de Turismo da UFMA.

O RevitalizAÇÃO é arte que ensina, lazer que aproxima, educação que transforma. É uma resposta concreta a desafios sociais, mostrando que, com diálogo, criatividade e parceria, especialmente com o apoio da FAPEMA, é possível construir um Maranhão mais justo, bonito e inclusivo.

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