O custo padrão da alimentação representa até 70% dos gastos totais na pecuária
Cledson Gomes de Sá
Zootecnista graduado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), onde também obteve o mestrado em Ciência Animal pela UFMA.
Possui formação técnica em Agronegócio pelo Instituto Federal do Maranhão (IFMA).
Uma ração animal mais nutritiva a custos mais econômicos na alimentação de criações. É o que aponta a pesquisa ‘Silagem de ração completa a base de milho contendo subprodutos do babaçu em dietas de ovinos e bovinos”, do zootecnista Cledson Gomes de Sá. O trabalho é fruto da sua dissertação de mestrado em Ciência Animal, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) – Campus Chapadinha. Com orientação do professor Anderson de Moura Zanine, pós-doutor em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa, a pesquisa recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).
No trabalho, Cledson Sá explica que o Brasil é conhecido pelas criações de gado a pasto e que o confinamento é o sistema utilizado para aumentar os índices de produtividade dos animais. “O sucesso na produção dessas criações possui relação direta com a disponibilidade de alimentos. Sendo assim, a busca por alternativas de alimentação tem o objetivo de deixar essa prática mais lucrativa, uma vez que os custos com esse item representam até 70% dos gastos totais nestas criações”, ressalta o pesquisador.
Entre as várias espécies de palmeiras utilizadas pela indústria, através do extrativismo, o babaçu é uma oleaginosa muito valorizada pela indústria e o comércio, podendo ser encontrada em grandes extensões no Maranhão. “Dessa forma, o uso de alimentos alternativos deve ser alcançado sem prejudicar o desempenho animal”, pontua.
Diante da composição química desses subprodutos, torna-se importante o uso de tecnologias que melhorem a sua utilização na alimentação animal. Destaca-se, entre essas técnicas, o uso de silagem de ração total, que é um processo que inclui a forrageira, junto com os componentes proteicos, energéticos, minerais, vitaminas e subprodutos. “Essa tecnologia já é usada com êxito em países do Oriente Médio, principalmente em estudos que apresentavam, como principal objetivo, reaproveitar os subprodutos da agroindústria”, diz Cledson de Sá.
O pesquisador explica que o objetivo da pesquisa foi avaliar a composição química e perfil fermentativo de silagens de ração total, a partir da inclusão de subprodutos do babaçu, como a farinha amilácea e a torta. Foram realizados dois experimentos com quatro tratamentos e cinco repetições. Os experimentos foram compostos por diferentes dietas com relação aos volumes, tendo, como base, a dieta de ovinos e bovinos e o uso do milho e soja com adição de 50% de concentrado da farinha amilácea de babaçu.
“Constatamos que essa mistura reduz os custos da alimentação animal, por meio da substituição dos alimentos considerados padrões como o milho e a soja. Paralelamente, essa tecnologia melhora a eficiência de mão de obra, sem a necessidade de misturar os concentrados no momento de fornecer no cocho para os animais comerem. Isso reduz também os custos operacionais”, observa o pesquisador.
A pesquisa analisou o perfil fermentativo, composição e teor de proteína bruta, além de variáveis como perdas por gases e efluentes. Os subprodutos do babaçu e os concentrados padrão proporcionaram aumento no valor nutricional, mostrando atender as necessidades de alimentação de ovinos e bovinos.
O subproduto do coco babaçu possui forte valor alimentício na ração animal e apresenta quatro partes aproveitáveis – o epicarpo (11%), mesocarpo (23%), endocarpo (59%) e amêndoas (7%) de onde é feita a extração do óleo e outros produtos industriais de valor comercial, como o carvão vegetal e etanol. O processo de industrialização do coco babaçu para extração do óleo permite a obtenção de diversos subprodutos, como a torta e a farinha amilácea.
Dessa forma o uso destes subprodutos, como a farinha de babaçu tipo 1, ou a torta de babaçu, podem contribuir na melhoria nutricional em dietas para ruminantes, além de poder ser utilizada como fonte hidroscópica para reduzir as perdas fermentativas de silagens de ração. A silagem de ração total se baseia em uma dieta completa, com a combinação entre volumosos e concentrados, minerais, vitaminas e aditivos, formulada para atender à alimentação animal. Começou a ser usada, principalmente, por produtores de leite, pois consiste em uma ração bem homogênea – o que evita a seleção pelos animais e reduz distúrbios metabólicos.
Cledson Sá pontua a importância da FAPEMA em sua formação, vida acadêmica e de pesquisador. “O apoio da FAPEMA foi fundamental, pois, para o desenvolvimento de qualquer tecnologia, há custos e quase sempre quem a desenvolve são alunos, ou seja, sem recursos até para se manter. Então, considero esse apoio imprescindível para a pesquisa brasileira e me sinto muito feliz por ter conseguido. É sempre uma satisfação imensa ter nosso trabalho reconhecido”, destaca.
