Pesquisa foca em microencapsulados de probióticos como alternativa a antimicrobianos tradicionais.
Francisca Neide Costa
Pós-doutorado em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutorado e mestrado em Medicina Veterinária Preventiva pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), onde atua como professora associada, com as seguintes linhas de pesquisas: Microbiologia e controle de qualidade dos alimentos de origem animal e Medicina Veterinária Preventiva.
A resistência antimicrobiana (RAM) se tornou um dos maiores desafios à saúde pública global, ameaçando a efetividade de antibióticos utilizados no tratamento de doenças infecciosas. No Maranhão, a situação não é diferente. Diante desse cenário preocupante, pesquisadores da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) estão buscando soluções inovadoras para combater a RAM.
A pesquisa, liderada pela professora Francisca Neide Costa, doutora em Medicina Veterinária (Unesp) tem como objetivo identificar bactérias com potencial probiótico em produtos de origem animal comercializados em São Luís. Foram analisadas 213 amostras de carne bovina, suína, frango, peixes e queijos, provenientes de feiras, mercados e supermercados.
Os resultados demonstraram a presença de Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Salmonella sp. em diversas amostras, com perfis de resistência variáveis aos antimicrobianos testados. “Essa constatação reforça a urgência de alternativas para o controle desses microrganismos patogênicos”, observa Francisca Neide.
Diante da crescente resistência a medicação antimicrobiana, os probióticos surgem como uma promessa para combater patógenos multirresistentes. São microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro.
Francisca Neide explica que na pesquisa o foco está na produção de microencapsulados contendo probióticos com capacidade de controlar os patógenos multirresistentes identificados. Essa tecnologia inovadora pode oferecer uma alternativa eficaz e segura ao uso de antimicrobianos tradicionais.
“A pesquisa já gerou a publicação de um artigo científico e a submissão de outro, além da formação de um mestre e um doutor. Além disso, os resultados obtidos até o momento são promissores, indicando o potencial dos probióticos para o controle de patógenos multirresistentes”, conta a coordenadora do estudo.
Para dar seguimento à pesquisa e validar o produto em desenvolvimento, os pesquisadores planejam realizar estudos moleculares e testes “in vivo” das cepas probióticas, além da caracterização bioquímica e morfológica ultraestrutural dos isolados. A etapa final envolverá a validação do probiótico para produção em escala comercial.
O apoio financeiro da FAPEMA, por meio do Edital 09/2019 FAPEMA/MS-Decit/CNPq/SES, foi fundamental para o desenvolvimento da pesquisa, segundo Francisca Neide. “Os recursos possibilitaram a aquisição de insumos e equipamentos essenciais para a execução dos estudos”, conta.
A pesquisa da UEMA representa um importante passo na busca por soluções inovadoras para combater a resistência antimicrobiana. O desenvolvimento de microencapsulados de probióticos com capacidade de controlar patógenos multirresistentes pode oferecer uma alternativa eficaz e segura para a saúde pública, não apenas no Maranhão, mas em todo o mundo.