Estudo auxilia na indicação de estratégias para a recuperação e manutenção das áreas de preservação permanente
Vanessa Evellin Sousa Corrêa
Mestranda em Aquicultura (Universidade Federal do Rio Grande/FURG) – linha de pesquisa “Produção de organismos aquáticos invertebrados e produtores primários”. Engenheira de Pesca (Universidade Federal do Maranhão/UFMA), estagiou no Laboratório de Produção de Alimento Vivo e Aquicultura da Baixada Maranhense (LAABMAR) tendo integrado pesquisas voltadas à caracterização da organização socioeconômica de comunidades pesqueiras, cultivo de organismos planctônicos para aplicação na aquicultura e avaliação ambiental de bacias hidrográficas.
Pesquisa de análise da integridade das áreas de preservação permanente das sub-bacias do Batatã e Maracanã, Sistema Bacanga identificou impactos ambientais significativos e que geram perda de qualidade ambiental. O trabalho de iniciação científica foi coordenado pela pesquisadora Vanessa Evellin Sousa Corrêa, sob orientação do professor Leonardo Silva Soares, pós-doutor em Planejamento Ambiental e Geologia da Paisagem. Ele identificou impactos ambientais, incluindo supressão de vegetais de áreas, soterramento de nascentes, lançamento de esgoto e lixo doméstico nos rios e alteração da drenagem natural da área do estudo. “A associação dessas pressões antrópicas, que derivam da expansão urbana, e a prevalência de rios de baixo ordenamento hidrológico na região a coloca em elevado risco ambiental”, alerta Vanessa Corrêa, que é engenheira de Pesca, formada na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e atualmente cursa mestrado em Aquicultura da Universidade Federal do Rio Grande.
A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) foi desenvolvida no período de 2019/2020 com o objetivo de avaliar a integridade das áreas de preservação permanente das sub-bacias hidrográficas dos rios Batatã e Maracanã, dois dos principais cursos d’água pertencentes ao sistema hidrográfico do rio Bacanga, situado na Ilha do Maranhão (Ilha de São Luís).
“O objetivo, através desta e de outras pesquisas do projeto ‘Dinâmica Ambiental das Bacias Hidrográficas Costeiras do Município de São Luís’, era obter o embasamento necessário a um futuro zoneamento da unidade de conservação ‘Àrea de Preservação Ambiental da Região do Maracanã”, onde se encontram sistemas de nascentes de extrema importância para o abastecimento hídrico da população da capital do estado”, conta a pesquisadora.
Vanessa destaca que embora houvesse estudos anteriores similares de outros pesquisadores, a região carecia de um diagnóstico atualizado e mais completo quanto à caracterização do território, recursos hídricos e seu real estado de conservação, capaz de apontar a evolução dos efeitos da intervenção humana naquele espaço ao longo dos anos.
Metodologia/ações do projeto
A pesquisa foi desenvolvida a partir de revisão bibliográfica em livros, relatórios técnicos, artigos científicos e banco de dados cartográficos referentes aos recursos hídricos da APA da Região do Maracanã; além de análises laboratoriais de avaliação cartográfica; atividades de campo para fins de validação das informações geoespaciais e mapeamento das áreas de estudo e posterior elaboração dos mapas temáticos.
De acordo com a pesquisadora, esse tipo de diagnóstico auxilia na indicação de estratégias para a recuperação e manutenção das áreas de preservação permanente associadas às sub-bacias contidas na região da APA do Maracanã. “É de suma relevância para a gestão de toda a unidade, de seus recursos naturais e, consequentemente, dos serviços ambientais que presta à população ludovicense”, afirma Vanessa Corrêa.
A intenção da pesquisadora é seguir extrapolando os esforços de pesquisa para as demais sub-bacias que compõem o sistema Bacanga, assim como para os outros sistemas de bacias que abastecem a cidade de São Luís. “Um outro viés interessante incluiria a caracterização da relação da comunidade adjacente à área de estudo com os inúmeros danos ambientais já observados, mostrando o outro lado da moeda”, pontua.
Ela destaca que além da ocupação urbana desordenada criar e intensificar impactos negativos ao meio ambiente, a população também sofre prejuízos em função desses mesmos problemas. Ela conclui, apontando que a ocorrência de enchentes, deslizamentos, disseminação de doenças e muitas outras variáveis poderiam ser consideradas e vinculadas aos resultados dos próximos diagnósticos de integridade ambiental. “Isso reforçaria as indicações anteriores quanto à necessidade de uma gestão efetiva de espaços como a APA do Maracanã”, finalizou.