Revista Inovação FAPEMA

Óleos essenciais: potencial anti-inflamatório e de fortalecimento das defesas do organismo

Leonardo Victor Galvão Moreira

Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). É médico do Hospital de Câncer do Maranhão. É revisor de periódicos científicos, incluindo BMJ, Oral Oncology, Journal of Periodontology e Clinical Interventions in Aging. Possui interesse na área de Imunologia, com ênfase em Inflamação, atuando principalmente nos seguintes temas: migração de leucócitos, resposta imune celular e citocinas.

<p “>O ser humano é passível de dores em diferentes graus e no decorrer dos ciclos de vida. O entendimento da dor como um importante problema de saúde progrediu bastante. A dor costuma ser ensinada como um sintoma da doença e não como uma experiência com dimensões físicas e psicossociais e isso pode atrapalhar o diagnóstico e tratamento precoce.

A dor considerada aguda é de duração curta e tem um padrão de início bem definido. Geralmente, é uma dor somática, localizada, persistente ou penetrante, decorrente principalmente de acidentes como picadas de insetos, pequenos cortes e queimaduras, contusões, quedas e, que podem ser tratadas bem rapidamente.

Com a intenção de apresentar os potenciais anti-inflamatórios presentes nos óleos essenciais para combater dores e aos desgastes nas células e tecidos do corpo humano, o hoje médico – que na época da pesquisa era acadêmico, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Leonardo Victor Galvão Moreira, desenvolveu o trabalho “Efeitos de óleos essenciais obtidos de produtos naturais em três modelos experimentais de inflamação”.

O estudo, realizado sob a orientação da professora Luciana Salles Branco de Almeida, conquistou o terceiro lugar no Prêmio Fapema Terezinha Rêgo em 2019 na categoria PopVídeo Ciências.

Fortalecimento de defesas e anti-inflamatório

De acordo com a pesquisa de Leonardo Moreira, a resposta inflamatória é um processo do sistema imune frente a um dano celular, tecidual ou à infecção. “Podemos observar, por exemplo, que durante o processo, as células brancas do sangue conhecidas como leucócitos passam a migrar da circulação sanguínea para a periferia do corpo”, destacou.

Para as áreas que sofreram infecção ou lesão, o pesquisador cita que as células irão produzir fatores mediadores inflamatórios que incluem ocitocinas, óxidos nítricos e fatores de crescimento com o objetivo de resolver o dano. “No entanto quando esses mediadores são produzidos em excesso causam um dano tecidual ainda maior e para resolver esse problema estão sendo utilizados fármacos chamados de anti-inflamatórios”, pontuou Leonardo Moreira.

Os hormônios não tiroidais são os mais utilizados nos modelos experimentais, mas eles tem vários efeitos adversos. Assim, outras estratégias terapeutas tem sido investigadas e colocadas em prática no decorrer do desenvolvimento da pesquisa científica. “O nosso grupo de pesquisa tem focado nos óleos essenciais extraídos de plantas, incluindo o óleo essencial da bergamota e o cinemaldeideo, um extrato obtido a partir da canela”, assinalou o vencedor do 3º lugar na categoria PopVídeo Ciências do Prêmio Fapema 2019.

Sobre o Prêmio Fapema

O estudo utilizou três modelos experimentais: um modelo de osteoartrite em ratos, um modelo de doença periodontal, também em ratos, e um modelo com células que avaliou a proliferação de linfócitos.

O resultado da pesquisa demonstrou o efeito positivo dos extratos sobre inflamação em vários modelos de doença. “A investigação demonstrou que o óleo da bergamota foi capaz de reduzir os escores de dores inflamatórias no modelo de osteoartrite”, afirmou Leonardo Moreira. “O cinemaldeideo foi capaz de reduzir a reabsorção óssea no modelo de doença periodontal e ambos foram capazes de reduzir a proliferação de linfócitos”, complementou.

De acordo com o pesquisador, isto sugere que ambos os óleos possuem efeitos imunomoduladores e anti-inflamatórios. Os imunomoduladores são substâncias que atuam no sistema imunológico conferindo aumento da resposta orgânica contra determinados microorganismos, incluindo vírus, bactéria, fungos e protozoários, mediante à produção de proteínas e seus indutores. Os anti-inflamatórios são medicamentos que impedem ou amenizam essa reação e minimizam sintomas comuns da inflamação, como calor, rubor e dor.

“Estudos ainda precisam ser realizados em outros modelos experimentais, bem como estudos toxicológicos antes da avaliação dos efeitos desses óleos nos seres humanos”, ressaltou.

“Agradeço à UFMA, à USP, à FAPEMA e à FAPESP [Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo] pelo suporte durante esse estudo que vai fazer diferença na sociedade”, finalizou Leonardo.

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