Revista Inovação FAPEMA

Inteligência artificial detecta e faz diagnóstico de sintomas da COVID-19

O método desenvolvido identifica as lesões causas pela doença de forma automatizada

O método substitui a verificação manual dos exames - imagem por imagem - que demanda muito tempo de espera

João Otávio Bandeira Diniz

Doutorando em Engenharia Elétrica com ênfase em processamento de imagens pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e mestre em Ciência da Computação (UFMA), onde também se graduou em Ciência da Computação. É professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), Campus Grajaú, onde coordena a Fábrica de Inovação. Possui projetos de pesquisa em desenvolvimento no Laboratório de Processamento e Análise de Imagens, situado no Núcleo de Computação Aplicada da UFMA. Atuação em Ciência da Computação, com ênfase em Análise de Imagem, Aprendizado de Máquina, Visão Computacional e Inteligência Artificial.

A partir de 2020, o mundo se deparou com a pandemia da COVID-19 e isso ocasionou milhões e mortes. Por ser uma doença nova, não existiam formas eficazes de identificar com rapidez os sintomas e contribuir para a realização de tratamento mais precisos e adequados. Apesar de muitos pesquisadores terem avançado nos estudos no decorrer do ano, desenvolvendo vacinas, medidas de protocolo para prevenção da doença e, consequentemente, colaborando para a redução no número de casos, a doença ainda não cessou. 

Dados atualizados diariamente pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde no Portal da COVID-19, destacam que mais de 20 milhões de pessoas foram infectadas pela doença. E na retaguarda da contabilidade dos dados, é necessário que uma equipe de especialistas possa trabalhar conjuntamente para unificar informações e apresentar resultados satisfatórios.

E com o objetivo fornecer subsídios para a tomada de decisão pelos profissionais da linha de frente do combate à pandemia, o professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), João Otávio Bandeira Diniz, realizou estudos de diagnóstico por meio de métodos baseados em inteligência computacional. Ele utilizou tomografias computadorizadas para auxiliar a detecção e diagnóstico das infecções causadas pelo coronavírus.

A pesquisa, realizada em parceria com pesquisadores do Núcleo de Computação Aplicada (UFMA) e do Hospital Pedro Ernesto (vinculado a UERJ), contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) por meio do edital FAPEMA n° 06/2020 – Chamada Pública Emergencial Fomento à Pesquisa no Enfrentamento à Pandemia e Pós-Pandemia do Covid-19. “A partir dessa parceria foi possível observarmos que a contaminação do vírus causava lesões aparentes nas tomografias e que utilizando algoritmos baseados em processamento de imagens e inteligência artificial era possível encontrá-las e fazer uma análise para fornecer informações quantitativas aos especialistas”, relatou João Diniz.

Para desenvolver o estudo e estabelecer metodologia, João Diniz contou com técnicas baseadas em processamento de imagens digitais e inteligência artificial. “Adquirimos a tomografia computadorizada de um paciente acometido pela doença, delimitamos a região do pulmão por meio de algoritmos de deep learning (Aprendizado profundo, técnica considerada estado da arte em vários problemas), em seguida, encontramos as regiões de lesão e as classificamos entre vidro fosco ou condensação”, contextualizou o pesquisador. “Por fim, calculamos o volume do pulmão e das lesões e entregamos como resultado as regiões encontradas, o tipo e a porcentagem que ela ocupa nos pulmões”, prosseguiu.

O estudo se iniciou em maio de 2020, quando médicos do Hospital Pedro Ernesto (vinculado a Universidade Estadual do Rio de Janeiro/UERJ) indicaram o comportamento da COVID-19 na tomografia computadorizada como possível forma de detecção e diagnóstico. “A pesquisa continua em andamento, mas já apresenta resultados promissores, o que possibilitou a elaboração de um artigo científico que será submetido à um jornal de referência com Qualis A1 e alto fator de impacto na área de imagens médicas”, contou com entusiasmo o professor do IFMA.

Resultados e benefícios 

João Diniz informou que, com o método desenvolvido, será possível ter o diagnóstico baseado em computador em poucos minutos. Reforçou que, atualmente, o médico verifica todos os cortes de uma tomografia e calcula, baseado na sua experiência médica, o comprometimento e os estágio em que se encontra a doença. “Com uma ferramenta automática, é possível indicar ao especialista o quanto do pulmão está comprometido, o tipo de comprometimento e os locais onde estão as infecções, trazendo ao médico informações preciosas tanto para tomada de decisão quanto para agilizar o processo de análise das tomografias, melhorando seu desempenho e consequentemente, salvando mais vidas”, comentou.

Ou seja, a partir do estudo será possível desenvolver um método completamente automático capaz de conseguir identificar as lesões causas por COVID-19. “Assim nós poderemos classificá-las em seus tipos e descrever quantitativamente o grau de comprometimento pulmonar, a fim de entregar aos especialistas informações uteis para tomada de decisão e acompanhamento de pacientes acometidos pela doença”, complementou o pesquisador.

João Diniz ressaltou, ainda, o fomento fornecido aos pesquisadores por meio da FAPEMA. “O apoio da Fundação é fundamental para o desenvolvimento das pesquisas e pretendo continuar realizando estudos e submetendo projetos sempre que tiver oportunidade de participar”, afirmou. “Para realizar esse pesquisa foi necessária a aquisição de computadores de ponta de alto valor, o que impossibilitou a aquisição com recursos próprios”, ressaltou. “Com o fomento à pesquisa, foi possível o desenvolvimento desses trabalhos e, portanto, foi imprescindível o apoio da Fapema”, reforçou o professor do IFMA.

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