Revista Inovação FAPEMA

ESTUDO ANALISA A PRODUÇÃO CIENTÍFICA DAS MULHERES NO MARANHÃO E O IMPACTO NA PESQUISA

Pesquisa busca preencher lacuna em estudos sobre a qualidade e o impacto das publicações

Mariana Ribeiro

Pós-doutora, doutora e mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), na linha de pesquisa: Linguagem e Educação. Graduada em Letras, Português/Latim pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP).  Orofessora-adjunta do curso de Letras e do Mestrado Acadêmico em Letras da Universidade Federal do Maranhão, em Bacabal. 

É coordenadora do Grupo de Pesquisa Ensino, Leitura e Escrita (GPELE). Experiência em Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa, Estágio, Produção de Texto e Metodologia científica. É professora colaboradora do Mestrado Profissional em Letras da Universidade Federal do Sul e Sudoeste do Pará (UNIFESSPA) – Campus de Marabá.

Em um movimento que reflete a ascensão das mulheres na ciência, um estudo liderado pela professora Mariana Aparecida de Oliveira Ribeiro, doutora em Educação, busca compreender os traços distintivos e a riqueza da produção acadêmica feminina no Maranhão. Com o título A Produção Científica de Pesquisadoras Maranhenses: Formação Discursiva e Estilo”, a pesquisa lança um olhar detalhado sobre as contribuições de pesquisadoras em Linguística, Literatura e Educação, publicadas em periódicos de alto impacto no período de 2018 a 2022.

A proposta rompe com a tradição de estudos que se concentram exclusivamente na representação ou trajetórias de vida das mulheres na ciência, oferecendo uma análise que privilegia o conteúdo de suas produções acadêmicas. “Nosso objetivo é identificar as regularidades discursivas e compreender se há um estilo próprio que distingue a produção dessas pesquisadoras”, destaca Mariana Ribeiro, professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

O Maranhão é um estado em ascensão no cenário científico nacional, com uma ampla variedade de pesquisas financiadas e incentivadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA). Dados recentes indicam que as mulheres são maioria entre os beneficiários de bolsas e auxílios financiados pela instituição, representando 52,5% dos bolsistas e 46,2% dos pesquisadores de produtividade.

Apesar desses números promissores, Mariana ressalta a importância de compreender como essa presença feminina se traduz em publicações de relevância internacional. “Há uma lacuna significativa em estudos que avaliem a qualidade e o impacto das publicações científicas femininas, especialmente no Maranhão. Este projeto busca preencher esse espaço”, explica.

O estudo, financiado pela FAPEMA, segue uma abordagem multidisciplinar que combina análise do discurso, estudos de gênero e psicanálise lacaniana. Inicialmente, o estudo realiza dois levantamentos fundamentais: um quantitativo, que mapeia a presença de pesquisadoras em universidades públicas e privadas no Maranhão, e outro sobre os artigos publicados em periódicos de alto impacto, classificados como Qualis A1 a B1 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

A partir desse panorama, a equipe investigativa se debruça sobre as temáticas abordadas, teorias utilizadas, metodologias empregadas e os paradigmas científicos que organizam essas produções acadêmicas. Estudos de caso com pesquisadoras de destaque complementam a análise, permitindo a identificação de traços estilísticos e discursivos que possam ser característicos dessa produção.

“A intencionalidade do projeto é destacar não apenas o conteúdo científico produzido, mas também as especificidades culturais, linguísticas e estilísticas que refletem a identidade dessas pesquisadoras”, explica Mariana.

A proposta rompe com estudos tradicionais que se concentram na representação das mulheres na ciência.

 

O debate sobre desigualdade de gênero na ciência não é exclusividade do Brasil. Em muitos países, mulheres enfrentam desafios históricos para conquistar espaço em um campo predominantemente masculino. Segundo a UNESCO, apenas 33% dos pesquisadores no mundo são mulheres. No Maranhão, embora os índices sejam mais equilibrados, ainda existe a necessidade de iniciativas que promovam maior visibilidade e apoio à produção científica feminina.

Nesse cenário, o estudo da professora Mariana Ribeiro surge como uma contribuição significativa para a promoção da igualdade de gênero e o fortalecimento da ciência no Maranhão. “Mapear e valorizar as pesquisadoras locais é essencial para construir um futuro mais inclusivo na ciência”, aponta a professora.

Impacto e Perspectivas

Os resultados da pesquisa têm potencial para influenciar tanto as políticas públicas quanto o ambiente acadêmico. Mariana acredita que o estudo poderá inspirar novas iniciativas de incentivo à publicação em periódicos internacionais e ao fortalecimento de redes de colaboração científica entre mulheres.

Além disso, há a expectativa de que o estudo contribua para ampliar o debate sobre a presença feminina na ciência, incentivando mais mulheres a ingressarem e se destacarem em campos de pesquisa. “Queremos mostrar que a ciência maranhense tem uma identidade plural e que as mulheres são parte essencial desse cenário”, conclui.

O projeto também visa fomentar a adoção de práticas que estimulem a produção acadêmica feminina e a inclusão em posições de liderança científica, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, em especial à igualdade de gênero e à educação de qualidade.

Ao ampliar o entendimento sobre o papel das mulheres na ciência maranhense, a pesquisa de Mariana Ribeiro reafirma a necessidade de olhar para a produção científica feminina como um campo de riqueza e diversidade. Em um momento em que o mundo enfrenta desafios globais sem precedentes, a ciência inclusiva e plural é mais necessária do que nunca.

As pesquisadoras maranhenses, com sua dedicação e talento, mostram que a ciência é, acima de tudo, um espaço de transformação social. Estudos como este abrem caminhos para uma ciência mais equitativa, reafirmando o papel essencial das mulheres no desenvolvimento acadêmico e tecnológico do Brasil.

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