O projeto foi realizado em Santo Amaro e Barreirinhas
Pedro Victor Cardoso dos Santos

Graduado no curso de licenciatura plena em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), no Centro de Ciências de Chapadinha (CCCh). Experiência na área de Etnobiologia com ênfase em Etnozoologia. Mestre em Ciências Ambientais (PPGCAM / UFMA).
Ao longo dos tempos, as comunidades desenvolveram interações com a fauna das regiões onde habitaram. Este processo segue até os dias atuais. Tais interações têm potencial para despertar percepções e atitudes positivas ou negativas a depender dos animais envolvidos e das culturas humanas. No Maranhão, uma pesquisa apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico do Maranhão (FAPEMA) está estudando as interações entre populações tradicionais com espécies de répteis e mamíferos do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.
A pesquisa “Interações entre populações tradicionais com espécies de répteis e mamíferos do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses” foi desenvolvida pelo pós-graduando em Ciências Ambientais da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Pedro Victor Cardoso dos Santos. A dissertação já foi concluída e gerou dois artigos científicos. Um deles já foi publicado e o outro está em fase de ajustes finais para posterior publicação.
O projeto é desenvolvido no âmbito do Programa Amazônia +10, uma iniciativa colaborativa que busca promover o desenvolvimento sustentável dessa região por intermédio da ciência, tecnologia e inovação. No Maranhão, o programa é executado por meio da FAPEMA.
O artigo “The influence of socioeconomic factors on the knowledge of reptiles and mammals in the Lençóis Maranhenses National Park, Northeast Brazil” (https://doi.org/10.1186/s13002-025-00780-6) foi publicado no dia 1º de julho deste ano na BioMed Central (BMC), uma editora de revistas científicas de acesso aberto que abrange diversas áreas da biologia, ciências da saúde e medicina. Também assinam o artigo Felipe Silva Ferreira e Samuel Vieira Brito.
Fatores que influenciam o conhecimento sobre os animais
Segundo o pesquisador Pedro Victor Cardoso dos Santos, o estudo realizado no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses investigou se fatores socioeconômicos influenciavam o conhecimento sobre espécies de répteis e mamíferos.
“Durante a pesquisa de campo verificamos que o conhecimento ecológico local é transmitido através de gerações e surge de várias interações humanas com o meio ambiente. Variáveis culturais e socioeconômicas como idade, sexo, nível educacional e localidade podem influenciar tanto a aquisição quanto a transmissão desse conhecimento”, informou.
A pesquisa registrou 36 espécies (mais 6 identificadas apenas em nível de gênero), distribuídas em 33 famílias e 10 ordens, das quais 53% eram répteis não-aviários e 47% mamíferos.
Tipos de interações
Foram observados três tipos de interações entre moradores e fauna, ressalta Pedro Victor Cardoso dos Santos. “Dietéticas, quando as espécies compõem a alimentação das comunidades; medicinais, quando seu uso ocorre no tratamento de enfermidades; e interações relacionadas a conflitos”, explica.
Dentre as variáveis analisadas por meio de um Modelo Linear Generalizado, apenas a localidade influenciou significativamente o conhecimento faunístico tradicional nas comunidades estudadas. Em relação ao conhecimento faunístico dos moradores, observou-se que ele é diretamente influenciado por aspectos relacionados à localidade.

Assim, destaca o pesquisador, a hipótese levantada durante a pesquisa sugere que as características ambientais das comunidades de Santo Amaro têm o potencial de atrair um maior número de animais silvestres para o entorno, em comparação às comunidades de Barreirinhas, facilitando sua observação e memorização pelos moradores.
“Embora as comunidades compartilhem o mesmo contexto de conservação, diferenças foram observadas no uso de animais, vegetação e fatores socioeconômicos, que parecem moldar a percepção e o uso dos recursos naturais. Os ecossistemas também podem influenciar o conhecimento local, pois a análise do mapa da localidade revelou diferenças significativas em relação às comunidades e à cobertura vegetal”, afirma.





