Revista Inovação FAPEMA

POTENCIAL DO TRADICIONAL ABACAXI “TURIAÇU” PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO DA FRUTICULTURA NO MARANHÃO

Coordenado por pesquisador da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), projeto busca produzir mudas mais resistentes e a transferência desta tecnologia para os produtores locais

Dia de Campo reuniu produtores em Turiaçu

Fabrício de Oliveira Reis

Tem pós-Doutorado em Ecofisiologia Vegetal na Universidade de Lisboa – Portugal (2022). Pós-Doutorado em pós-colheita na Universidade Federal do Espírito Santo (2007-2009). Doutorado em Produção Vegetal pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (2003-2007). Mestrado em Produção Vegetal pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (2001-2003). Graduação em Agronomia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1995-1999). Atualmente é Professor Associado II da Universidade Estadual do Maranhão e Docente Permanente do PPG em Ciências Agrárias. 

O abacaxi ‘Turiaçu’ é cultivado quase que exclusivamente no município de Turiaçu, Maranhão, mas as áreas de cultivo são de escala familiar e conduzidas com baixo emprego de tecnologias.

Para desenvolver o potencial socioeconômico desta cultura, um pesquisador da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), está estudando novas técnicas para a produção de mudas in vitro, buscando a transferência de tecnologias para os produtores.

O projeto de pesquisa “Viabilização de mudas de abacaxizeiro ‘Turiaçu’ e bananeira produzidas in vitro: conexões entre produtores e Porto do Itaqui para o desenvolvimento socioeconômico da fruticultura no Estado do Maranhão” é coordenado pelo professor Fabrício de Oliveira Reis, da UEMA.

O projeto está em seu último ano de pesquisa. No entanto, o pesquisador verifica a possibilidade de solicitar prorrogação, devido a um atraso na terraplanagem do terreno para montar a casa de vegetação (estufa), fundamental para a produção de novas mudas.

Apoiado por meio de edital firmado entre a FAPEMA e a Empresa Maranhense de Administração Portuária (EMAP) – Edital FAPEMA/ EMAP nº 07/2023, de Apoio à Pesquisa no Porto do Itaqui, no âmbito da Linha de Ação “Mais Inovação”, – o projeto já alcançou resultados importantes. “Nosso grupo de pesquisa já conseguiu estabelecer o abacaxi ‘Turiaçu’ in vitro, mais especificamente, em Biorreatores de Imersão Temporária (BIT)”, informa Fabrício de Oliveira Reis.

O pesquisador informou, ainda, que também já houve avanços quanto à produção das bananeiras, mas com dificuldades. “Já obtivemos as mudas de bananeiras, porém, com mais dificuldades, se comparado ao abacaxi, devido à oxidação do tecido em alguns indivíduos”, informa.

Um dos objetivos do trabalho é desenvolver estratégias biotecnológicas que possibilitem a aclimatização com sucesso de mudas do abacaxizeiro (Ananas comosus L. Merr. cv. ‘Turiaçu’) e bananeiras provenientes do cultivo in vitro em Biorreatores de Imersão Temporária, o que tem sido bem-sucedido.

“A aclimatação das mudas de abacaxi ‘Turiaçu’ e de bananeira foi bem-sucedida, com perdas menores de 1% (dados ainda não tabulados). A casa de vegetação adquirida com os recursos aprovados do projeto do convênio FAPEMA/EMAP permitiu essa boa aclimatação das mudas devido ao seu aporte tecnológico de controle de temperatura, umidade e irrigação automatizados”, destaca o pesquisador.

Aclimatação refere-se ao processo pelo qual os organismos se ajustam às mudanças em seu ambiente. Por isso, a pesquisa também busca produzir mudas com capacidade fotossintética ampliada e uma maior resistência, promovendo assim uma adaptação mais eficiente às condições externas.

“Além de todo o controle automatizado da casa de vegetação, temos tentado rustificar as mudas ainda no laboratório, com aplicação de produtos de origem orgânica, com os ácidos húmicos. As mudas, então, têm saído da câmara de crescimento mais resistentes antes de irem para a casa de vegetação. Isso foi comprovado (mas ainda não rodamos a estatística desses dados), com medições das trocas gasosas (fotossíntese e transpiração). A fotossíntese das plantas que receberam o ácido húmico na sala de crescimento do laboratório e estão sendo aclimatadas na casa de vegetação foi maior em relação às plantas que não receberam tal substância”, explica Fabrício de Oliveira Reis.

 Com os resultados esperados sendo alcançados a etapa de transferência de conhecimento tecnológico para os agricultores locais também avança. “Em novembro de 2024, foi realizado um dia de campo no município de Turiaçu. Todos os produtores cadastrados pelo nosso grupo, da cooperativa local de produtores de abacaxi ‘Turiaçu’, receberam mudas produzidas em nosso laboratório e aclimatadas na casa de vegetação anexa ao nosso laboratório. Foi um dia de palestras e práticas, onde ensinamos como encanteirar as mudas doadas até o momento certo de plantá-las em local definitivo. Foi deixado com os produtores panfletos instrutivos com os cuidados necessários com as mudas aclimatadas”, pontua.

Ainda segundo o pesquisador, no dia do evento foram distribuídas 5.000 mil mudas e este ano já foram feitas a doação de mais 10 mil mudas, totalizando 15 mil já distribuídas. A última etapa prevista do projeto é o trabalho de conexão entre os produtores e o Porto do Itaqui para o desenvolvimento socioeconômico da fruticultura no Estado do Maranhão. “Nós já temos produtores de Turiaçu parceiros há mais de 10 anos. Esta etapa de conexão será a última, e será feita entre a cooperativa dos produtores e o Porto do Itaqui. Pois será necessário primeiro aumentar a produção dos frutos”, assinala Fabrício de Oliveira Reis.

 

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