Projeto alia pesquisa e extensão e leva conhecimento científico aos rincões do estado
Larissa Lima Nogueira
Estudante do 3º ano do Curso Técnico de Informática integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) Campus Grajaú. Participante e medalhista de olimpíadas científicas (Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, Olimpíada Nacional de Ciências e Mostra Brasileira de Foguetes).
Promover divulgação e aprendizagem da astronomia por meio de atividades experimentais, práticas de observação com telescópio e processamento de imagens em astrofotografia no sertão de Grajaú, no Maranhão. Esse é o objetivo do projeto de iniciação científica “Astronomia no Sertão”, desenvolvido desde 2019, com apoio da FAPEMA (Edital nº 010/2019–GERAÇÃO CIÊNCIA).
O trabalho da estudante do 3º ano do curso técnico de Informática do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) Campus Grajaú, Larissa Lima Nogueira, com orientação do professor Genilson Vieira Martins, conquistou o 1º lugar do Prêmio Fapema 2022, na categoria Popvídeo Ciências, por meio de votação popular.
As atividades de iniciação científica já atingiram 4 povoados de Grajaú e uma aldeia indígena, sempre priorizando as comunidades mais afastadas e povoados. O projeto é contínuo e todos os anos é renovado, com atividades realizadas em locais diferentes. “A pesquisa foi finalizada e a extensão terá como foco, em 2023, as comunidades tradicionais como aldeias indígenas, comunidades quilombolas e ribeirinhas de Grajaú e outras cidades do estado”, informa a estudante.
“O meu orientador, Genilson Martins, sempre se mostrou acessível e participativo durante toda a execução do projeto”, aponta Larissa. “Foi o meu primeiro incentivador na minha trajetória na ciência, fazendo com que eu obtivesse conquistas que nunca imaginei ser capaz”, complementa.
“O projeto surgiu devido a necessidade de popularização e interiorização da ciência, de modo a proporcionar maior proximidade da população com esse conhecimento”, destacou o orientador Genilson Martins. Ele ressalta, ainda, que existem outras ações da astronomia no país, mas dificilmente conseguem atingir população residente em regiões afastadas dos grandes centros urbanos.
Metodologia
A metodologia utilizada no trabalho consiste em uma pesquisa de campo de cunho investigativo/ extensionista. “As atividades de pesquisa e extensão foram realizadas em paralelo”, informa Genilson. “Com a câmera planetária colorida, era feita a captura das imagens dos astros e com softwares livres foi feito o tratamento das imagens”, explica Larissa. Após isso, era possível analisar as imagens com mais detalhes.
As atividades de extensão foram desenvolvidas por meio de observação dos astros em praças públicas, povoados e aldeias, com participação popular.
Resultados
Através dos registros da lua feitos em suas quatro fases, foi possível medir o diâmetro de quinze (15) crateras com precisão média de 98,5% através do software livre SalsaJ. “Capturamos ainda, imagens de todos os planetas do sistema solar para comprovarmos que é possível, através de registros feitos com telescópio e uma simples câmera, identificar cada uma de suas cores e podermos analisar a composição química com base na literatura”, destaca Larissa.
“Astronomia e Astrofotografia no Sertão” é um projeto de pesquisa de interface com extensão e a parte extensionista foi realizada com a promoção de eventos de divulgação e popularização da ciência nos povoados e aldeias indígenas da cidade de Grajaú.
Durante os eventos, abertos à comunidade, são realizadas práticas de observação com telescópios e binóculos (Observação da Lua, Júpiter e Saturno), exposição de experimentos de astronomia e física e mini aulas de astronomia a céu aberto. “Nosso projeto alcançou quatro povoados e uma aldeia indígena de Grajaú e outras cinco cidades do Maranhão”, alegra-se a pesquisadora. “O objetivo principal em nossas programações é a popularização e interiorização da ciência através da astronomia”, complementa.
Benefícios
Com o projeto foi possível levar o conhecimento científico a comunidades distantes da sede do município. “Através das práticas de observação com o telescópio foi possível levar o gosto pela ciência a crianças, jovens e adultos”, destaca a estudante. “Em relação a astrofotografia, foi possível fazer o registro da Lua, Marte, Júpiter e Saturno e, através das imagens obtidas, foi possível analisar as cores e estudar a composição química dos astros fazendo um comparativo com a literatura especializada”, ressalta.
Limitações
As maiores dificuldades para a execução do projeto ocorreram durante a pandemia devido ao distanciamento causado pela Covid-19. “Houve a limitação dos encontros presenciais e foi preciso a adaptação da parte extensionista, com a realização de transmissões da Lua (eclipse lunar), Júpiter e Saturno, pelo Instagram”, informa Larissa. “Houve, também, dificuldade na locomoção às comunidades já que muitas estradas são precárias, o que dificulta o acesso”, explica.
Futuro
Como o projeto ocorre todos os anos, os próximos passos são capturar imagens do céu profundo, de galáxias, nebulosas, aglomerados estelares e trabalhar no processamento dessas imagens. “No prosseguimento do projeto, as programações de divulgação científica ocorrerão em outros povoados, aldeias indígenas, comunidades quilombolas e ribeiras localizadas na cidade de Grajaú e iremos expandir cada vez mais para outras cidades do Maranhão”, informa o orientador Genilson Martins.
“Em 2023 o Brasil será privilegiado, pois todo território brasileiro irá contemplar o eclipse solar anular que ocorrerá em 14 de outubro”, afirma Larissa. “Será um ótimo ano para divulgação da astronomia e iremos realizar várias atividades durante todo o ano com o intuito de levar a ciência para mais perto da população”, finaliza.