Estudo foi realizado com adolescentes de São Luís
Janaina Barbosa
Nutricionista. Doutora e Mestre em Saúde Coletiva pelo Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Especialista em Saúde da Família e em Nutrição Clínica com ênfase em Terapia Nutricional (GANEP). Docente do curso de Nutrição da Faculdade Santa Terezinha (CEST) e da Universidade CEUMA. Líder do Grupo de Pesquisas Integradas em Saúde Coletiva (UniCEUMA/CNPq) e membro do Grupo de Pesquisa em Alimentação e Nutrição (UniCEUMA/CNPq). Tem experiência nos temas: consumo de açúcar de adição, risco cardiovascular, doenças não transmissíveis, segurança alimentar e nutricional, transtornos mentais e saúde materno-infantil.
Ao analisar as associações entre os fatores de risco comportamentais e metabólicos para depressão, risco de suicídio e risco cardiovascular no final da segunda década da vida, a pesquisadora Janaina Barbosa chegou a uma descoberta importante. O maior consumo de açúcares adicionado aos alimentos para melhorar o sabor e o sexo feminino foram associados tanto à depressão, quanto ao risco de suicídio. O estudo foi pioneiro ao analisar, em amostra populacional, os eventos dos continuum da Diabetes e continuum Cardiovascular ao final da segunda década de vida, sugerindo que seus indicadores precoces caminham em paralelo.
O resultado foi demonstrado por meio da associação entre o Fenótipo da Resistência à Insulina e o Fenótipo de Risco Vascular. A pesquisadora destaca que é, também, o primeiro estudo que analisou os quatro principais fatores de risco comportamentais para doenças não transmissíveis, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com a depressão e com o risco de suicídio em amostra representativa de adolescentes de São Luís.
Com a pesquisa, Janaina Barbosa foi vencedora do Prêmio FAPEMA 2022 na categoria Tese de Doutorado – Ciências da Saúde. O trabalho teve a orientação da professora Cecilia Claudia Costa Ribeiro de Almeida, doutora em Odontologia (Unicamp).
A depressão, como Janaina Barbosa menciona em seu projeto de pesquisa, é um dos transtornos mentais mais comuns da atualidade com alta prevalência e, frequentemente, inicia-se na adolescência. A depressão é considerada um fator de risco para o suicídio, com taxas crescentes entre os adolescentes, sendo a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo.
Recentemente, a depressão vem tendo uma forte tendência de ser classificada como uma doença não transmissível que ocorre no âmbito mental. “Reforçando essa visão, a depressão frequentemente está associada, na vida adulta, com outras doenças não transmissíveis do campo físico, como o diabetes e as doenças cardiovasculares”, explica a pesquisadora.
Ela observa que a adolescência é uma das fases na qual o desenvolvimento humano ocorre de forma mais rápida e pode ser considerada um período sensível. Afinal, há uma série de diferentes estágios de desenvolvimento que ocorrem em distintos períodos de tempo e um período crítico específico pode não existir.
“É nesse período que muitos comportamentos de riscos se instalam ou se consolidam, com repercussões na saúde do adulto. Portanto, diante desse período sensível que representa a adolescência – e das alterações comportamentais e metabólicas que acontecem nesta fase da vida -, surgiu a necessidade de estudar essa temática”, conta.
Trata-se de uma investigação científica realizada com dados de adolescentes de ambos os sexos, nascidos em São Luís e que integram uma base de estudos realizados, em conjunto, pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade Federal de Pelotas e Universidade Federal do Maranhão.
A pesquisa acerca dos fatores associados à depressão e risco de suicídio em jovens é relevante para subsidiar políticas públicas de prevenção desses transtornos mentais no Maranhão, contribuindo com a prevenção futura de outras doenças não transmissíveis do âmbito físico a elas associadas. “Reconhecer que eventos precoces do diabetes e da doença cardiovascular já estão associados em jovens pode contribuir ao conhecimento de como essas associações se iniciam, bem como para adoção de medidas de prevenção dos eventos maiores dessas doenças no futuro”, pontua a pesquisadora.
O estudo foi financiado pelo Ministério da Saúde/Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT), Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).