Revista Inovação FAPEMA

Estudo analisa novos aspectos da tuberculose em relação à resposta imunológica

O estudo avaliou de genes relacionados à hipóxia associados à resposta imune

A pesquisa foi realizada no Laboratório de Imunologia e Microbiologia das infecções respiratórias da Universidade CEUMA, em parceria com o Laboratório de Imunopatologia das doenças infecciosas da UFG.

Aline Rezende

Graduada em Biomedicina pela Universidade CEUMA. Mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), na linha de pesquisa de investigação clínica e laboratorial de doenças infecciosas e parasitárias. Membro do Laboratório de Imunologia e Microbiologia das Infecções Respiratórias da Universidade CEUMA.

Possui experiência em Imunologia e Biologia Molecular. Foi agraciada no Prêmio FAPEMA 2022 na categoria Melhor Dissertação de Mestrado na área de Ciências Biológicas.

A reposta imunológica da tuberculose estudada sob seus novos aspectos é tema da pesquisa “Avaliação de genes relacionados à hipóxia associados à resposta imune de pacientes com tuberculose pulmonar ativa e latente”. A hipóxia é a condição em que não chega oxigênio suficiente às células e tecidos do corpo. Há possibilidade que isso aconteça mesmo que o fluxo sanguíneo seja normal e pode levar a muitas complicações graves – às vezes fatais.

A pesquisa é da biomédica e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Aline de Oliveira Rezende, com orientação de Eduardo Martins de Sousa, doutor em Medicina Tropical pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Foi realizado no período de março 2019 a novembro 2021, no Laboratório de Imunologia e Microbiologia das infecções respiratórias da Universidade CEUMA, em parceria com o Laboratório de Imunopatologia das doenças infecciosas da UFG. O estudo foi publicado na revista Biomedicines, periódico internacional (suíço) e científico, que trata de biomedicinas.

A tuberculose é uma doença infecciosa causada pelo bacilo de Koch e cerca de 95% dos infectados desenvolvem a forma latente da doença (ILTB), explica a pesquisadora. “Essa forma se caracteriza pela formação de uma estrutura chamada granuloma, que mantém os bacilos da doença no interior de um conjunto de células de defesa. A formação do granuloma tuberculoso é essencial para que a infecção latente se estabeleça ou progrida para a tuberculose ativa. O granuloma é considerado hipóxico, pois possui pouca vascularização, o que dificulta o fornecimento de nutrientes e oxigenação das células. A resposta à hipóxia é regulada pelo fator induzido por hipóxia – HIF-1α”, exemplifica Aline de Oliveira Rezende.

Nesse sentindo, o projeto teve como objetivo avaliar se expressão de HIF-1α e os mecanismos adjacentes estavam envolvidos na manifestação da infecção de tuberculose latente e ativa. “Para essa análise, recrutamos pacientes com tuberculose ativa, latente e controles saudáveis. A expressão dos genes de citocinas IL15, IL18, TNFA, IL6, HIF1A e A20 foram avaliadas em células mononucleares do sangue periférico (PBMCs). Além disso a vitamina D também foi avaliada. Os níveis do fator nuclear kappa B (NF-κB) e do fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α) foram analisados em lisados de PBMC e sobrenadantes de cultura, após bloqueio de HIF-1α com 2-metoxiestradiol”, explica a pesquisadora, ao comentar o processo de elaboração dos testes aplicados no estudo.

 

A infecção latente por tuberculose é um grande desafio para a erradicação da doença

Como resultado, acrescenta Aline Rezende, a expressão de IL-15 foi maior em indivíduos com ILTB, do que em pacientes com tuberculose ativa; enquanto a expressão de IL-18 e TNF-α foi semelhante entre os grupos de tuberculose latente e normal. “Os níveis séricos de 25(OH)D3 e a expressão foram maiores em pacientes com tuberculose ativa do que em indivíduos com a doença latente. A expressão de HIF-1a e A20 foi menor de indivíduos com a doença latente que na ativa. Na latente, houve diminuição da fosforilação de NF-κB e aumento da produção de TNF-α, após o bloqueio do HIF-1α”, exemplifica a pesquisadora. Ou seja, juntos, esses resultados sugerem que, em condições hipóxicas, a produção de TNF-a e a ativação da via NF-kB, estão associados ao avanço da infecção latente da tuberculose.

Aline Rezende explica a aplicação do estudo na prática. “A tuberculose é uma doença infectocontagiosa considerada uma das principais causas de problemas de saúde e uma das principais causas de morte em todo o mundo. A infecção latente por tuberculose é um grande desafio para a erradicação da doença. O nosso estudo traz novos aspectos em relação a resposta imunológica da doença. A avaliação realizada mostra um novo papel para genes já conhecidos. Além disso, acreditamos que a inibição de HIF-1a pode ser uma alternativa terapêutica para o tratamento da tuberculose, pois aumenta a resposta imune contra o bacilo de Koch”, disse.

O estudo obteve apoio da FAPEMA, o que trouxe confiança e mais estímulo para a pesquisadora. “A sensação de ter um projeto aprovado é indescritível. Foi muito importante para a realização da nossa pesquisa. O projeto é fruto de muito esforço e dedicação, portanto, é muito gratificante para nós, alunos e professores, o reconhecimento do nosso trabalho”, afirma Aline Rezende.

Ela destaca, ainda, o apoio da FAPEMA para a realização de pesquisas no Maranhão. “É de extrema importância, tanto para o nosso projeto quanto para muitos outros que são desenvolvidos. A FAPEMA incentiva os pesquisadores a continuarem os seus trabalhos financiando a compra de equipamentos, reagentes e materiais de uso nos laboratórios, contribuindo para a formação de vários alunos de graduação e pós-graduação, permitindo a concretização e divulgação de pesquisas realizadas em nosso estado”, conclui.

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