Ao leitor !
Na primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92), realizada no clima carioca ou Rio-92, de 150 chefes de Estado chegaram a uma conclusão preocupante. Se o padrão de crescimento dos países (considerados) ricos fosse almejado por todos as nações emergentes, em breve já não haveria recursos naturais à disposição e o meio ambiente sofreria danos irreversíveis.
Desde então, novas ações ocorreram. Em 2012 foi realizada uma nova reunião no Brasil, novamente no Rio de Janeiro (a Rio +20), em que as metas propostas duas décadas foram avaliadas e os objetivos para o futuro começaram a ser traçados. Finalmente, em 2015, as Nações Unidas compilaram os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS), agenda global para a construção e implementação de políticas públicas até 2030.
Os 17 objetivos são Erradicar a pobreza ; Erradicar a Fome ; Saúde de Qualidade; Educação de Qualidade; Igualdade de Gênero; Água Potável e Saneamento; Energias Renováveis e Acessíveis; Trabalho Digno e Crescimento Econômico; Indústria, Inovação e Infraestrutura; Reduzir as Desigualdades; Cidades e Comunidades Sustentáveis; Produção e Consumo Sustentáveis; Ação Climática; Proteger a Vida Marinha; Proteger a vida Terrestre; Paz, Justiça e Instituições Eficazes e Parceria para a Implementação dos Objetivos.
Essa compilação dos objetivos é fruto de um processo que se iniciou 30 anos atrás. No mundo em que vivemos, as mudanças acontecem de forma cada vez mais rápida e as metas de longo prazo (estabelecidas em 1992, já tiveram que ser readequadas para a realidade atual. Apesar disso, uma frase popularizada ainda naquele primeiro encontro segue sendo o fio condutor de todas as ações que buscam o desenvolvimento sustentável: “pensar globalmente, agir localmente”.
E é nesse “agir localmente” que o Governo do Maranhão fornece a sua contribuição para o mundo, através das políticas públicas e de projetos implementados pelas secretarias, fundações e empresas públicas para o desenvolvimento sustentável. A FAPEMA, órgão de fomento do Governo do Maranhão, vem atuando de várias formas para o alcance desse objetivo, pois a ciência, a tecnologia e a inovação são três dos principais motores para o alcance desse cenário.
E a edição nº 44 da Revista Inovação apresenta uma amostragem de pesquisas de iniciação científica, de mestrado, doutorado e pós-doutorado realizadas com apoio com bolsas da FAPEMA, nos últimos três anos, que dialogam com os objetivos de 2030. O esforço, dedicação e resultados científicos de tais pesquisas, como de tantas outras apoiadas pelo Governo do Maranhão, certamente, servirão de base para novos estudos, descobertas e políticas públicas que vão levar o nosso estado, o Brasil e o Mundo um pouco mais próximo das metas estabelecidas pelos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável.
Igualdade racial e de gênero no mercado de trabalho, educação ambiental, proliferação de palafitas e o impacto nos manguezais, cultivo de plantas com propriedades medicinais, subjetividade dos povos tradicionais, dinâmica de bacias hidrográficas da capital maranhense, investigação sobre resistência a antibióticos, justiça social e dignidade do ser humano, geografia cultural, avaliação epidemiológica, resgate histórico de acervo cultural, design com olhar antropológico. Esses são alguns dos temas abordados nesta edição da revista e que, de algum modo, dialogam com um ou mais objetivos da agenda global.
Não podemos deixar de mencionar a pesquisa sobre frameworks que pode contribuir para a consolidação das cidades inteligentes e o Parque Tecnológico do Centro Histórico de São Luís – objeto de entrevista dos principais atores envolvidos – que buscam levar o Maranhão à consolidação de seu ingresso no ecossistema nacional de inovação e tecnologia. E, nesse cenário, a parceria entre a FAPEMA e a Empresa Maranhense de Administração Portuária – gestora do Porto do Itaqui – conquista contorno de extrema relevância.
A atuação conjunta das duas instituições tem resultado em oportunidades, estímulo à promoção de projetos e – o mais importante – inserção efetiva da sociedade no cenário de desenvolvimento do Maranhão de forma sustentável. É uma forma de garantia da transmissão do conhecimento científico e tecnológico do Maranhão à sociedade.
Afinal, quando investimos em iniciação científica e pós-graduação, estamos produzindo conhecimento e aperfeiçoando, ainda mais, os nossos cientistas na direção dos objetivos globais.
Mas, a ação não termina no investimento. Depois que investimos no profissional e a pesquisa é realizada, também é nosso dever fazer a divulgação científica para que a comunidade conheça todos os projetos desenvolvidos e para que os pesquisadores tenham o seu trabalho cada vez mais valorizado e reconhecido.
E a Revista Inovação, em seus 16 anos de trajetória, juntamente com os outros canais de comunicação da FAPEMA, busca cumprir este papel.
Boa leitura e excelente navegação !
São Luís, outubro de 2022
Cláudio Moraes
Editor