Valéria Pinheiro atraiu atenção nacional criou com banco de bacilos para inovação no controle de arboviroses

Valéria Pinheiro
Doutorado e mestrado em Ciências Biológicas (Entomologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, área em que se graduou (Universidade Estadual do Maranhão/UEMA). Professora da UEMA no Programa de Pós-graduação Biodiversidade, Ambiente e Saúde da UEMA e no Programa de Doutorado da Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (BIONORTE).
Líder do grupo de pesquisas Biodiversidade, ecologia e medidas de controle dos vetores das doenças negligenciadas. Bolsista Produtividade Sênior da UEMA. Coordena o Laboratório de Entomologia Médica (LABEM) no Campus da UEMA em Caxias. Fundadora e Curadora da coleção de isolados de Bacillus thuringiensis do Banco de Bacilos Entomopatogênicos do Maranhão.
Desenvolve pesquisas em doenças tropicais transmitidas por vetores.
Nascida em Caxias, no Maranhão, Valéria Cristina Soares Pinheiro construiu uma das mais sólidas trajetórias científicas da região Norte-Nordeste na área da entomologia médica. Professora, pesquisadora e gestora universitária, Valéria liderou iniciativas que transformaram o ensino e a pesquisa sobre vetores de doenças tropicais no estado.
A história de Valéria com a biologia começou quando ingressou na graduação em Ciências Biológicas na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Após a graduação, ela seguiu com uma especialização em Zoologia dos Vertebrados na PUC Minas. O interesse pela entomologia médica a levou ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), onde concluiu o mestrado e o doutorado. Foi lá que seus primeiros projetos científicos começaram a germinar, abrindo caminhos que moldaram sua carreira.
Desde 1997 na UEMA, Valéria assumiu o cargo efetivo em 2000 e, com dedicação exclusiva a partir de 2005, criou o Laboratório de Entomologia Médica (LABEM) no Campus Caxias. O espaço é o único laboratório do estado a manter colônias de mosquitos vetores como Aedes aegypti, Aedes albopictus e Culex, além de realizar estudos sobre anofelinos (transmissores da malária) e flebotomíneos (vetores da leishmaniose).
“Minha motivação sempre foi enfrentar os problemas de saúde pública que mais afetam nossa população”, afirma Valéria. E ela fez isso com estratégia: captando recursos de agências de fomento como CNPq, FAPEMA e Ministério da Saúde, formou equipes, estruturou o laboratório e transformou ideias em dados, pesquisa e soluções.

Ciência aplicada à saúde pública
Foi no LABEM que nasceu uma das iniciativas mais significativas da trajetória da pesquisadora: o Banco de Bacilos Entomopatogênicos do Maranhão (BBENMA), criado em 2010 com o intuito de explorar o potencial de Bacillus thuringiensis, bactéria usada no controle biológico de mosquitos. O banco se tornou referência regional e atraiu atenção nacional como fonte de inovação no controle de arboviroses como dengue, chikungunya, zika e febre amarela.
Além do impacto científico, a professora também priorizou a formação de novos pesquisadores. Até o primeiro semestre de 2024, orientou 33 trabalhos de conclusão de curso e 55 bolsistas de iniciação científica, muitos dos quais seguiram para o mestrado, doutorado e atualmente atuam como professores. “Formar pessoas é plantar ciência no presente e colher soluções no futuro”, diz.
Expansão e cooperação em rede
Em 2013, Valéria colaborou na criação do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade, Ambiente e Saúde no Campus Caxias da UEMA, onde já orientou 19 dissertações de mestrado. Também atua como orientadora no Mestrado em Saúde do Adulto e do Idoso da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e, desde 2019, é professora permanente na Rede Bionorte, voltada ao doutorado em biodiversidade e biotecnologia na Amazônia Legal.
Sua atuação ultrapassa fronteiras. Em parceria com a Johns Hopkins University, nos EUA, coordena um projeto de cooperação internacional aprovado pela FAPEMA para estudar a microbiota de mosquitos do Maranhão como barreira à malária. Recentemente, coorientou uma tese da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que resultou no pedido de patente de um processo inovador de microencapsulamento de microrganismos para uso no controle vetorial.
Reconhecimento e legado
Com 51 artigos científicos publicados, muitos com qualis A, Valéria construiu uma carreira baseada em excelência e compromisso social. Ela também foi professora colaboradora da pós-graduação da UFMA entre 2006 e 2022 e recebeu bolsas de produtividade da FAPEMA (BEPP) e da UEMA (BATI).
Na gestão universitária, foi eleita diretora do Campus Caxias da UEMA em 2011, reeleita em 2014 e novamente em 2022, conduzindo melhorias estruturais e acadêmicas significativas.
Como idealizadora da Jornada Multidisciplinar de Biologia e Saúde (JORBIOS), que teve seis edições até 2017, criou um espaço de visibilidade para estudantes e pesquisadores da região. Também representou a FAPEMA em Caxias por seis anos e coordenou o Doutorado Interinstitucional (Dinter) entre a UEMA e a Universidade Federal de Goiás.