Revista Inovação FAPEMA

Pesquisa avalia impacto epidemiológico da chikungunya no Maranhão

Foi realizada pesquisa quantitativa com aplicação de questionário e coleta de material biológico

A pesquisa de campo foi realizada em São José de Ribamar, Paço do Lumiar, Raposa, São Luís, Vargem Grande, Santa Inês e na capital, São Luís

Eduardo Santos

Mestre em Saúde do Adulto (2022) pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde do Adulto (PPGSAD) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Graduado em Biomedicina pela Faculdade Estácio de São Luís.  Atualmente, trabalha em uma agência de transfusão sanguínea do Grupo GSH especialista em hemoterapia e terapia celular. Desenvolveu os trabalhos ‘Análise espacial e temporal dos casos de febre de chikungunya no Maranhão’ e ‘Análise espacial de caos prováveis de dengue, chikungunya e zika no Maranhão’.

Apontar os fatores, impactos e reflexos da doença Chikungunya, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, na população maranhense. Esse é o foco do projeto de pesquisa intitulado ‘Avaliação dos aspectos clínicos, moleculares e epidemiológicos da Chikungunya na população do Estado do Maranhão’, de Eduardo Santos, graduado em Biomedicina e mestre em Saúde do Adulto. O estudo se desenvolveu a partir do apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), por meio do Edital Cidades.

O pesquisador e equipe estiveram em diversas cidades maranhenses, durante a pesquisa de campo. O objetivo do trabalho, explica ele, foi avaliar os aspectos clínicos, moleculares e epidemiológicos da doença, na população do estado, considerando a necessidade de se ter melhor compreensão do dinamismo dessa modalidade de aborvirose. A pesquisa de campo foi realizada em São José de Ribamar, Paço do Lumiar, Raposa, São Luís, Vargem Grande, Santa Inês e na capital, São Luís.

“Levamos em consideração, não somente a problemática em si, mas fatores como o Índice de Desenvolvimento Humano dos municípios envolvidos e o Índice Infestação Predial, um dos indicadores de risco para a transmissão da dengue, zika e a chikungunya. Esses dados nos levaram a estudar o comportamento da chikungunya em humanos, no nosso estado”, pontuou Eduardo Santos. 

Ele destaca que foi realizada pesquisa quantitativa com aplicação de questionário para avaliar dados clínicos, sociodemográficos e epidemiológicos. Houve, ainda, coleta de material biológico (sangue) dos participantes para a investigação do material genético do vírus e a presença de anticorpos. “Para cada seguimento fizemos uso de metodologias aprovadas para esse fim”, ressalta.

Os resultados obtidos com o desenvolvimento da pesquisa mostram que, em 2019 e 2020, o Maranhão registrou 706 casos prováveis de chikungunya, sendo que, em 2020, houve redução de 74,8% dos casos, se comparado a 2019. Das 179 amostras apenas três deram positivo para chikungunya. A febre e a mialgia foram os sintomas mais relatados pelos participantes. O pesquisador observou que esses sintomas clínicos não mostraram ser devido à arbovirose. “Provavelmente, estão relacionados à Covid-19, que estava no ápice naquele momento e ainda não havia diagnóstico adequado”, avalia. 

O trabalho de pesquisa foi desenvolvido durante três anos

“No entanto, devido ao tamanho de nossa amostra e dados mais robustos, salientamos que é preciso continuar com essa hipótese, uma vez que os dados refletem positivamente para a dosagem da colinesterase plasmática em pacientes acometidos por Covid-19. Porém, considero que tivemos como benefício a obtenção de dados importantes sobre a circulação, não só da chikungunya, mas da co-circulação de dengue e zika nos municípios estudados, além dos impactos que essas arboviroses geraram em tempos de pandemia”, avaliou o pesquisador.

Para o estudo, ele se baseou em estudos anteriores que abordam o assunto e observou que, relacionando os aspectos presentes no seu trabalho, havia bem poucos. “É um trabalho bastante direcionado e que durou três anos para ser concluído. Foram muitas pesquisas e dedicação de todos os envolvidos. Agora estamos na etapa de produção de artigos”, explicou. 

Ele acrescenta ainda os avanços que podem ser conseguidos, a partir desse trabalho, com outros estudos em projetos futuros. “Com nossa pesquisa acreditamos que ainda há muito a se fazer em relação às principais aboviroses que acometem o maranhense. Precisamos aprofundar os estudos sobre o perfil de nossa população, comportamentos urbanos e rurais, principalmente, em se tratando da localização geográfica do nosso estado”, disse.

Eduardo Santos também agradeceu o apoio de seus orientadores, os professores Maria do Desterro Soares Brandão Nascimento e Josélia Alencar Lima. “Ambas com um conhecimento muito vasto sobre a área e sobre o mundo científico. Com elas, pude beber um pouco da fonte do conhecimento da área acadêmica. Elas são um grande exemplo de luta e amor pelo ofício de ser pesquisador, pois, mesmo diante dos desafios que passamos juntos, elas sempre estavam lá confiantes e me incentivando a abraçar os ‘ossos’ da profissão”, enfatizou.

Além da FAPEMA, o trabalho de Eduardo Santos também foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). 

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