Pesquisadora estuda a relação entre a população e importantes praças da cidade
Luana dos Reis Silva
Cursa Licenciatura em Geografia pela Universidade Tocantina do Maranhão (UEMASUL). Premiada, em 3º lugar, na 2ª Semana Acadêmica de Pesquisa, Inovação e Extensão da UEMASUL (SAPIENS), com o trabalho “Estudo das Representações Simbólicas no Município de Imperatriz na Produção Literária”. Integrou o projeto “Saberes Ambientais, Literários e Artísticos: Estudo da Geografia Cultural no Município de Imperatriz-MA”. Co-autora do artigo “Literatura de Imperatriz/MA: Território das Representações Culturais”, publicado no livro “Geografia: ensino, desenvolvimento e sustentabilidade”, lançado em 2020 pela Editora Conhecimento Livre (GO).
Localizada no sudoeste do estado, a mais de 600 km de distância da capital, Imperatriz representa o segundo maior centro político, cultural, populacional e econômico do Maranhão. Com o segundo maior PIB do estado e com o status de polo universitário, comercial e de serviços de saúde, Imperatriz recebe cerca de 700 mil pessoas das cidades vizinhas do Maranhão, Pará e Tocantins. Segundo o último Censo, realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população da cidade é de 247.505 pessoas, ocupando uma área de 1.369,039 km², o que significa uma densidade demográfica de pouco mais de 180 habitantes por m².
O Censo é a principal fonte de referência para o conhecimento das condições de vida da população em todos os municípios do país, mas os números divulgados não contam toda a história. Com os dados é possível obter o quantitativo de pessoas que vivem nos mais de 100 bairros da cidade, mas não se consegue saber qual é a relação dessas pessoas com o ambiente em que vivem. Existe um ramo da Geografia que visa estudar especificamente as manifestações religiosas, musicais, econômicas e artísticas de uma determinada região, para entender de que forma a cultura de um povo interage com o ambiente físico que ele ocupa: este ramo é denominado Geografia Cultural.
E foi justamente com essa vontade de entender melhor essa relação que Luana dos Reis Silva, estudante de Licenciatura em Geografia pela Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL), realizou entre 2019 e 2020 a pesquisa “Geografia Cultural da Cidade de Imperatriz: Abordagens culturais nos espaços públicos de Imperatriz-MA”. A pesquisa foi apoiada com Bolsa de Iniciação Científica pela Fapema (BIC Quota UEMASUL 2019).
A pesquisa de Luana teve como objetivo discutir as práticas culturais em espaços públicos, com reflexões acerca das paisagens e geograficidades nas praças da cidade. Geograficidades, segundo Luana, são “parte do viver e sobreviver de uma comunidade, onde o espaço público é a condição preponderante para o acontecer dessas práticas”. As praças escolhidas foram a Praça da Cultura, localizada na Rua Coronel Bandeira, no Centro, e a Praça de Fátima, que ganhou o nome por ser o local da Catedral Nossa Senhora de Fátima.
Metodologia
A metodologia que norteou a pesquisa foi uma abordagem qualitativa desenvolvida por meio da Geografia Cultural fenomenológica, que consistiu em uma série de etapas: levantamento bibliográfico, trabalho de campo, entrevistas, filmagens e registros fotográficos. As entrevistas, segundo Luana, não seguiram um padrão definido. “As perguntas da entrevista são diferentes e seguem um roteiro com perguntas livres que por vezes dependem das respostas dos entrevistados”, explicou.
Com a pesquisa, Luana estudou os vínculos formados entre a população e as duas praças da cidade, ou seja, qual a função que esse lugar exerce na vida de quem frequenta. Essa relação pode ter um valor econômico ou não. Para as pessoas que usufruem da praça pelo lazer, o seu valor se configura por meio das manifestações culturais e políticas, alimentação, encontro com a família e apreciação da natureza, além de também ser um local utilizado para a comunidade exercer sua fé.
Também existem as pessoas que cultivaram uma relação diferente com as praças, em que o local, ao invés de deter a função de lazer, constitui-se como ambiente de trabalho. Para taxistas, donos de lanchonetes, artesãos e todas as pessoas que aproveitam o movimento para garantir o sustento, os valores atribuídos para a praça são outros: trabalho, compromisso e segurança.
A autora explica que apesar dos imprevistos impostos pela pandemia, o estudo foi capaz de evidenciar parte das práticas culturais de Imperatriz manifestadas na relação da comunidade com a cidade. “Esses espaços públicos nos possibilitam compreender o espaço vivido, apontando para o direito aos espaços públicos nas cidades como direito à própria sobrevivência, pois conforme apresentado nos resultados, as paisagens e geograficidades são tanto de uso para lazer, divertimento e expressão cultural como por trabalho para sobrevivência”, explicou.
A pesquisadora reconheceu o apoio da Fapema à sua pesquisa por meio da Bolsa de Iniciação Científica. “Sem o apoio da Fundação, esse trabalho não poderia ser realizado”, avaliou. “Foi por meio desse apoio que houve condições de acessibilidade ao levantamento bibliográfico e a possibilidade de aquisições materiais para o trabalho de campo”, destacou Luana. Ela também ressaltou que, por meio do Programa de Iniciação Científica, ela passou a conhecer a pesquisa acadêmica e pôde ter “autonomia dentro dos caminhos da ciência, além de exercer a apropriação do meu próprio conhecimento intelectual”.
Maravilhosa amei