Estudo integra o Amazônia +10, programa que será apresentado durante a COP 30
Rafael Godoi

Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Maranhão (1992); Mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Pará (1998); Mestrado em Antropologia Social pela Universidad Autónoma de Barcelona (2002) e Doutorado em Antropologia Social também pela Universidad Autonoma de Barcelona (2004). É professor do Departamento de Sociologia e Antropologia e do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão.
Em um momento em que os desafios ambientais e sociais da Amazônia se tornam cada vez mais urgentes, uma pesquisa maranhense desponta como exemplo de integração entre ciência, comunidade e sustentabilidade.
O projeto “Territórios Sociobiodiversos no Maranhão e Pará: ambiente, conhecimento e sustentabilidade”, coordenado pelo professor Benedito Souza Filho, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), vem revelando como o conhecimento tradicional e as práticas locais podem se tornar poderosas ferramentas para o desenvolvimento sustentável do Maranhão e da Amazônia Legal.
A iniciativa, que integra os cinco projetos maranhenses contemplados na primeira chamada do programa Amazônia+10, é um esforço conjunto entre a UFMA, a UNICAMP e a UFOPA, com o apoio das fundações estaduais FAPEMA, FAPESP e FAPESPA. O estudo busca compreender as formas como comunidades tradicionais do Maranhão e do Pará têm respondido às pressões do agronegócio, da pecuária e das políticas públicas sobre seus territórios, especialmente na conservação dos sistemas agroflorestais e na valorização da sociobiodiversidade local. No Maranhão, a pesquisa se debruça sobre dois territórios emblemáticos: Enseada da Mata, em Penalva, e o Parque Nacional Chapada das Mesas, em Carolina.
O projeto apoia a organização comunitária e o fortalecimento da proposta de criação da Reserva Extrativista (Resex) Enseada da Mata, que visa garantir o uso sustentável dos recursos naturais e a autonomia das famílias locais. “Nosso projeto vem contribuir com alternativas que fortalecem a autonomia das famílias e apoiam a criação de uma reserva extrativista. Queremos valorizar o modo de vida dessas comunidades, reconhecendo que sua forma de se relacionar com a natureza é essencial para manter viva a sociobiodiversidade da região”, explica o professor Benedito Souza Filho.
Já em Carolina, na região do Parque Nacional Chapada das Mesas, a pesquisa analisa as transformações econômicas vividas pelas famílias locais após a criação da unidade de conservação. A partir da valorização das cachoeiras e belezas naturais da região, o turismo de base comunitária tornou-se uma nova fonte de renda. O projeto vem promovendo oficinas e formações sobre turismo familiar e sustentável, incentivando o diálogo entre comunidades e o Estado sobre o uso responsável do território e orientações de adoção de práticas sustentáveis pelos turistas.

Os resultados do trabalho já demonstram o potencial transformador da pesquisa científica quando aliada ao saber popular e ao compromisso social. O projeto vem contribuindo para a preservação ambiental, e também para a geração de renda e o fortalecimento das identidades culturais das populações tradicionais. O apoio da FAPEMA tem sido decisivo para a execução do projeto.
Além de viabilizar a atuação integrada entre instituições de diferentes estados, o fomento estadual mostra o compromisso do Governo do Maranhão com a pesquisa científica voltada à transformação social e ambiental. “O apoio da FAPEMA foi fundamental para consolidar essa rede de pesquisa e cooperação entre universidades. Esse incentivo do governo estadual demonstra que investir em ciência é investir em um futuro sustentável para o Maranhão e para toda a Amazônia”, destaca Benedito.
O Amazônia +10 representa um marco histórico na política de fomento à pesquisa na região Norte e Nordeste, promovendo estudos que unem conhecimento científico e saberes tradicionais.
No caso maranhense, o projeto coordenado pela UFMA mostra que é possível desenvolver o estado valorizando suas comunidades e seus territórios, fortalecendo alternativas econômicas que preservam o meio ambiente e melhoram a qualidade de vida de quem vive da floresta. Com iniciativas como essa, o Maranhão avança rumo a um modelo de desenvolvimento que reconhece a ciência, a cultura e a natureza como pilares indissociáveis de um futuro sustentável e humano para a Amazônia.





