Revista Inovação FAPEMA

Cobertura de manifestações contra cortes na educação é premiada na categoria jornalismo científico

Ingrid Pereira de Assis

Doutora em Jornalismo pelo Programa de Pós-graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestra em Ciências Sociais, com graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). É membro do grupo de pesquisa GIPTele, da UFSC. Durante o mestrado, desenvolveu pesquisa intitulada “Descendentes de libaneses na política do Maranhão: ascensão econômica, relações pessoais e afirmação política” e na graduação teve pesquisa, na área de Comunicação e Design Gráfico, financiada pela Fundação de Amparo a Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema). Atuou como editora e repórter do jornal O Estado do Maranhão, como produtora e repórter da TV Mirante e como coordenadora do portal Imirante.

Com o intuito de ter um espaço especificamente destinado à curadoria, criação e divulgação de conteúdos sobre cidadania, ciência & tecnologia, comportamento e cultura, o jornalista Jonas Sakamoto fundou há sete anos a plataforma de jornalismo digital alternativa Sobreotatame.com. Atualmente, o grupo é formado por 16 profissionais fixos e sete colaboradores das áreas de Comunicação Social, Psicologia e Direito. Eles realizam trabalho por meio de textos, fotografias, audiovisual, coberturas e eventos com conteúdos próprios que causam comprovamente engajamento cultural, cidadão e comportamental.

” É extremante positivo o reconhecimento dado pela Fapema aos pesquisadores de diferentes áreas do Maranhão. “

Um dos trabalhos realizados pela plataforma foi a cobertura audiovisual e fotográfica realizada coletivamente pela equipe do #SobreOTatame.com das manifestações ocorridas no dia 15 de maio de 2019, simultaneamente, em São Luís (MA), São Paulo, Bauru (SP), Florianópolis (SC) e Santa Maria (RS) que reuniu estudantes e trabalhadores contra os cortes na educação federal.

 A cobertura rendeu a produção de três materiais em série intitulados “#15M Por que lutar por educação é tão importante para um país?”, “Educar tem preço?! O grito de São Luís pela educação” e “Não é gasto, é investimento: Floripa vai às ruas contra cortes na Educação”, assinados conjuntamente pelos jornalistas Gustavo Sampaio, Ingrid Assis e pela equipe da plataforma digital.

Com as reportagens jornalísticas realizadas em 16, 19 e 21 de maio de 2019, sobre as manifestações, Ingrid Pereira de Assis, doutora em Jornalismo pelo Programa de Pós-graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro do #SobreOTatame.com, foi a grande vencedora na categoria Jornalismo Científico do Prêmio Fapema Terezinha Rêgo.

Ciência e jornalismo são fundamentais

Para Ingrid Assis é extremamente importante o espaço destinado à divulgação científica produzida no Maranhão e destaca que, mais do que nunca, o jornalismo científico se mostra imprescindível na atualidade. “Estamos vivenciando um momento de profundo obscurantismo, no qual grande parte da sociedade nega fatos científicos comprovados e dissemina mentiras e teorias conspiratórias como se fossem ciências”, afirma. “Esse contexto tem sido profundamente desafiador para os cientistas brasileiros, que realizam as suas pesquisas tentando equilibrar os gastos com eventos e publicações com recebimento de bolsas que há anos estão com os valores defasados”, pontua.

Outro ponto ressaltado por Ingrid Assis é de que a ciência brasileira é sustentada em uma cadeia de sacrifícios pessoais dos cientistas, que, hoje, ainda têm que provar cotidianamente, para a sociedade, a importância dos seus trabalhos desenvolvidos em várias áreas do conhecimento. “Divulgar a ciência e, principalmente, a ciência do nosso estado é entrar na batalha contra esse obscurantismo que vivemos”, assinalou. “Vemos, atualmente, a propagação do Maranhão como um estado rico em belezas e riquezas naturais, mas, junto a isso, existe um Maranhão rico em ciência, produzindo estudos nas mais diferentes áreas e entregando para o mundo pesquisadores qualificados”, prosseguiu. “Precisamos que a sociedade conheça e reconheça esse Maranhão também e isso pode se dar por meio do jornalismo científico”, complementa.

A cobertura jornalística vencedora do Prêmio Fapema Terezinha Rêgo foca na batalha política dos cientistas brasileiros, que foram às ruas para reivindicar o respeito à educação e à ciência do país, no momento em que o governo brasileiro, sob a presidência de Jair Bolsonaro, sinalizava um corte de verbas das universidades federais. “Os cientistas foram às ruas protestar e a nossa cobertura jornalística demonstrou que fazer ciência neste país também é um ato político”, ressaltou. “Jornalisticamente foi desafiador realizar esta cobertura pela dimensão da equipe e pela gama de localidades cobertas e, também, por lidar com algo muito sensível politicamente, em um momento de muita tensão social. Mas, se não desafia e incomoda, não é jornalismo, não é mesmo?”, afirma e interroga Ingrid Assis.

Prêmio Fapema

Sobre sua inédita participação no Prêmio Fapema Terezinha Rêgo, Ingrid Assis ressalta que até então nunca havia se inscrito para concorrer num prêmio jornalístico. “Sempre me cobro muito com relação às minhas produções e nunca dei muita atenção para prêmios no geral”, relata. “No caso do Prêmio Fapema, avaliei que tínhamos uma cobertura que foi feita de modo coletivo, de boa qualidade e que valia inscrever em um prêmio já consolidado no Maranhão, que leva o nome de uma brilhante pesquisadora maranhense”, ressalta com entusiasmo.

No momento da premiação, Ingrid estava em Portugal, cumprindo estágio de doutorado sanduíche na Universidade de Aveiro. Mesmo à distância, ela vibrou com o grande feito da equipe do #SobreOTatame.com através de vídeos feitos. “Foi uma felicidade imensa para toda a equipe que trabalhou na cobertura levar o prêmio”, comemora. “Não pude comparecer à cerimônia, mas recebi vídeos emocionantes da premiação, que ficarão para sempre em minha memória”, extasia-se a doutora em jornalismo.