Revista Inovação FAPEMA

BIOLARVICIDA BRASILEIRO APRESENTA RESULTADOS PROMISSORES NO CONTROLE DO AEDES AEGYPTI NO MARANHÃO

Pesquisa integra esforços nacionais para combater arboviroses na Amazônia e dialoga com temas que serão debatidos na COP 30.

Pesquisa está sendo realizada no município de Codó

Joelma Soares da Silva

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Maranhão (2009), mestrado em Ciências Biológicas (Entomologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (2011) e doutorado em Ciências Biológicas (Entomologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (2017). É docente permanente no programa de Pós-Graduação em Ensino na Educação Básica (PPEEB). 

Uma pesquisa desenvolvida no Maranhão está chamando atenção pela inovação e pelos resultados expressivos no combate ao mosquito Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, zika e chikungunya. Coordenado pela professora doutora Joelma Soares da Silva, do Centro de Ciências Sociais UFMA Campus Codó, o projeto “Inovações tecnológicas para monitoramento, controle vetorial e agentes etiológicos da malária e dengue na Amazônia” busca testar, em condições reais de campo, um biolarvicida brasileiro, o BR101, desenvolvido pela Universidade Estadual de Londrina.

“Os resultados obtidos até agora indicam que o biolarvicida BR101 é eficaz no controle populacional do Aedes aegypti e do Aedes albopictus, mostrando-se uma alternativa promissora e de produção nacional para uso em políticas públicas de saúde”, afirma a coordenadora do projeto, professora Joelma Soares da Silva.

A pesquisa está sendo realizada em três residenciais da cidade de Codó (MA), cada um com cerca de mil habitações. Em dois deles, foram tratados criadouros dos mosquitos com o BR101, enquanto um terceiro residencial recebeu o larvicida VectoBac®️ WG – atualmente usado pelos órgãos de saúde – e serviu como área controle.

O monitoramento foi feito ao longo de 24 meses, divididos entre 12 meses antes e 12 meses após a aplicação do biolarvicida. Nesse período, foram coletados 227.166 ovos de Aedes spp. Nas três áreas foi observada uma redução significativa na densidade vetorial após a aplicação do BR101, além da queda de 304 para 205 mosquitos adultos capturados.

O projeto está no terceiro ano de execução e conta com a parceria das universidades Estadual de Londrina (UEL) e Federal do Paraná (UFPR), responsável pela análise da presença de arbovírus nos mosquitos coletados e do Instituto Nacional de Pesquisa Amazônica (INPA) – por meio do Laboratório de Malária e Dengue. Até o momento, não foi detectada a presença de vírus, mas as análises referentes ao último ano ainda estão em andamento.

Os resultados reforçam que o BR101, uma formulação brasileira, pode se tornar uma importante ferramenta para o controle de mosquitos transmissores de doenças em regiões do Nordeste e da Amazônia, contribuindo com estratégias mais sustentáveis e eficazes.

 

Sensibilização dos estudantes do Ensino Fundamental sobre a importância do biolarvida

Ciência e comunidade lado a lado

Além da pesquisa em campo, a equipe também realiza ações de extensão nos três residenciais envolvidos no estudo. Panfletagens, palestras e atividades socioeducativas em escolas públicas ajudam a sensibilizar e engajar a comunidade no combate ao mosquito.

“O sucesso do uso do biolarvicida depende também da mobilização social. Por isso, trabalhamos lado a lado com a comunidade para que ela entenda a relevância e os benefícios dessa tecnologia”, explica a pesquisadora.

Aspirações dos mosquitos adultos 2

 

Amazônia em pauta na COP 30

A iniciativa integra o Edital Amazônia + 10, que fomenta pesquisas estratégicas para a região amazônica e envolve pesquisadores de diferentes estados. O tema dialoga diretamente com os debates que serão destaque na COP 30 — a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas — que será realizada de 10 a 21 de novembro, em Belém (PA).

O Amazônia+10, cujos dados preliminares serão apresentados na COP 30,  é resultado de parceria do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundações de Amparo à Pesquisa, entre elas a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) que financia cinco projetos de pesquisadores maranhenses.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *