Revista Inovação FAPEMA

ALEXANDRE NAVARRO E ARQUEOLOGIA: PONTE ENTRE O MARANHÃO E O MUNDO

Pesquisador consolida trajetória acadêmica com inovação e colaboração internacional

Alexandre Navarro instituiu um marco na arqueologia maranhense com a criação de laboratório nessa área

Alexandre Navarro

Doutor em Antropologia (Universidad Nacional Autónoma de México), com reconhecimento, no Brasil, pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo.

Mestre em Arqueologia (USP) e graduação em História.

Pós-doutoramentos em Arqueologia Histórica (UNICAMP), em Arqueologia da Amazônia (University of Illinois at Chicago) e na Universidade de Paris I Panthéon-Sorbonne.

Estágios pós-doutorais na Smithsonian Institute of Washington, no Penn Museum – University of Pensylvannia Museum of Archaeology and Anthropology  e no American Museum of Natural History em Nova York.

Estágio em Arqueologia da Paisagem no Laboratório de Paleoambiente, Patrimônio e Paisagem do Instituto de Estudios Gallegos Padre Sarmiento, Santiago de Compostela, Espanha.

Professor do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História Conexões Atlânticas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), onde gerencia Coleções Arqueológicas.

Bolsista de Produtividade do CNPq nível 2. 

Por mais de uma década, o pesquisador e professor Alexandre Guida Navarro tem desvendado, com dedicação incansável, os vestígios das civilizações que habitaram o Maranhão em tempos imemoriais. Desde sua chegada a São Luís em 2009, após aprovação em concurso público para o Departamento de História da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Navarro transformou o cenário da pesquisa arqueológica no estado.

A sua trajetória é marcada por uma produção científica expressiva e muitas parcerias nacionais e internacionais. Um trabalho estreitamente apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) e que consolida um importante legado para a História e a Arqueologia maranhense.

Natural de São Paulo, Navarro trilhou um caminho acadêmico de excelência. Concluiu seu doutorado entre 2003 e 2007 na Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) e, ao retornar ao Brasil, ingressou em um pós-doutorado na Unicamp, complementando com outros três no exterior. Atuou em museus e universidades renomadas, é bolsista do CNPq e professor visitante nos EUA, com apoio da Fulbright – programa de intercâmbio educacional e cultural norte-americano. Premiado e consultor científico, também colabora com projetos internacionais e tem interesses em poesia e judô. Um histórico de 14 anos na universidade, a publicação de 21 livros, 41 capítulos de livro, 65 matérias em jornal, 45 apresentações de trabalho, participação em 48 eventos nacionais e internacionais e 65 artigos publicados em revistas especializadas nacionais e internacionais.

Foi esse percurso que consolidou sua expertise em civilizações mesoamericanas, especialmente os maias, gerando dois livros, que foram lançados após sua chegada à UFMA e publicados com o apoio direto da FAPEMA. “O Maranhão me deu a oportunidade de iniciar algo novo, de olhar para o nosso solo e perceber o quanto ainda havia por ser descoberto. E o apoio da FAPEMA contribuiu para essas aspirações”, enfatiza Alexandre Navarro. 

Com esse pensamento, em tirar do papel as aspirações, o pesquisador instituiu um marco na pesquisa arqueológica maranhense. Percebendo a carência de infraestrutura para estudos arqueológicos no estado, Navarro propôs e coordenou a criação do Laboratório de Arqueologia da UFMA (LARQUFMA) – o primeiro do gênero no Maranhão. “Era preciso oferecer aos alunos um espaço onde pudessem tocar a arqueologia com as próprias mãos. O laboratório nasceu da vontade de explorar um mundo ainda oculto sob nossos pés”, explica.

O laboratório logo se tornou o coração de vários projetos de grande envergadura. Entre eles, a Carta Arqueológica dos Sítios Tupi-guaranis na Ilha de São Luís, que mapeou ocupações pré-históricas utilizando tecnologias como GPS e GIS. O projeto resultou em publicações científicas e formação de recursos humanos qualificados. Outro projeto emblemático foi o Acervo Museológico do LARQ, que organizou e disponibilizou artefatos das estearias da Baixada Maranhense. O trabalho gerou quatro artigos científicos, oito capítulos de livros, uma cartilha educativa e presença em congressos de destaque.

A arqueologia é um processo de escuta do passado e de revelação de identidades esquecidas”, pontua Navarro[/caption]

Navarro liderou o projeto O Povo das Águas´, que utiliza a tecnologia do Ground Penetrating Radar (GPR) para localizar artefatos enterrados em estearias. “O GPR representa o futuro da arqueologia. Ele nos permite ver o invisível, traçar mapas do passado sob a superfície”, afirma. Atualmente, desenvolve trabalho de extensão em Arqueologia Pública com a participação de professores e alunos nas comunidades onde realiza pesquisas em sítios arqueológicos, promovendo ações de preservação e proteção desses locais.

Ampla colaboração acadêmica

O professor Alexandre Navarro construiu uma sólida rede de cooperações científicas. Desde 2016, colabora com a University of Illinois Chicago, onde realizou pós-doutorado com apoio da FAPEMA e, posteriormente, uma bolsa da Fulbright. Já passou por instituições renomadas nos EUA, como o Museu de História Natural de Nova York, Penn Museum (Filadélfia, Pensilvânia), Fundação Smithsonian (Washington D.C.) e Universidade de Illinois em Chicago. Em outra frente, coopera com pesquisadores da Suíça (Laboratory of Underwater Archaeology and Dendroarchaeology) e França (Universidade de Paris I), ampliando a importância global da arqueologia maranhense.

Quanto aos parceiros nacionais, realizou cooperação científica com pesquisadores de renome nacional das universidades de São Paulo (USP), Minas Gerais (UFMG), do Pará (UFPA), UNICAMP.  “Cada parceria é uma ponte entre saberes, e o Maranhão tem muito a ensinar e aprender com o mundo”, diz Alexandre Navarro.

Como reconhecimento por essa atuação contínua, recebeu diversos prêmios, a exemplo do Prêmio FAPEMA na categoria Jovem Cientista (2015), o Prêmio CONFAP de Boas Práticas em Ciência, Tecnologia e Inovação (2023)  – 1º lugar em Ciências Humanas –, dois prêmios Maria Ozanira AGEUFMA (2021 e 2023) e Menções Honrosas no Prêmio FAPEMA (2022 e 2023).

Impacto e legado

As inúmeras produções – livros, artigos em revistas nacionais e internacionais, participação em eventos científicos, mentorias, orientações – tornou-o uma das referências em Arqueologia. Somado à coordenação de vários projetos, o professor se mantém na divulgação do conhecimento sobre as estearias, formando novas gerações de pesquisadores. “É um voto de confiança à ciência feita no Maranhão e que disseminamos com muito orgulho e dedicação, ajudando a construir um futuro que conhece e valoriza seu passado”, enfatiza.

Alexandre Navarro demonstra que a arqueologia vai além de escavações. “É um processo de escuta do passado, de revelação de identidades esquecidas e de conexão profunda com as raízes culturais do Brasil”, finaliza. O seu trabalho, com forte respaldo de suas produções, publicações, orientações, é um convite para que a ciência siga contando as histórias que ainda precisam ser contadas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *