Revista Inovação FAPEMA

MOBILIZAÇÃO NACIONAL PAUTA MUDANÇAS NA FORMAÇÃO MÉDICA NO BRASIL

Iniciado no Maranhão, Movimento dos Bolsistas Mais Médicos ganha dimensão nacional e pauta mudanças na educação médica

Jefferson Freitas

Estudante de Medicina (Faculdade Pitágoras/Bacabal) e bolsista do Programa Mais Médicos, atuação no movimento estudantil e na defesa do SUS. É presidente da Associação Nacional dos Bolsistas Mais Médicos e do Centro Acadêmico de Bacabal Dr. Hidalgo Leda. Integra o Comitê Político Executivo do AgPopSUS (Fiocruz/Ministério da Saúde) e a Câmara Técnica de Saúde Digital do Conselho Nacional de Saúde (CTSD/CNS). Atua como educador popular em saúde, tanto pela Fiocruz/Ministério da Saúde quanto no Movimento Participa Mais Médicos. Membro da gestão da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina. Organiza Conferências Livres de Saúde e atua como facilitador de vivências do Programa Nacional de Vivências no SUS, acumulando experiência em liderança, articulação política e formação de profissionais comprometidos com a saúde pública.

Iniciado em março de 2023, em Bacabal (MA), o movimento Mobilização Nacional dos Bolsistas Mais Médicos vem se consolidando como uma das principais vozes estudantis na luta por melhorias na formação médica em regiões prioritárias do Sistema Único de Saúde (SUS). O tensionamento provocado pela mobilização trouxe para o centro do debate o eixo de formação do Programa Mais Médicos, instituído pela Lei n.º 12.871/2013, mas que, passados mais de dez anos, ainda carece de regulamentação clara sobre as prerrogativas educacionais da modalidade.

A ausência dessas regras tem impacto direto na vida de jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica, que enfrentam dificuldades para permanecer na graduação em Medicina, sobretudo nas universidades situadas em áreas remotas e socialmente fragilizadas. Hoje, cerca de 2.000 ativistas de todo o país articulam-se para pressionar pela implementação de políticas de assistência e permanência estudantil, além da regulamentação do formato de bolsas, garantindo condições dignas de formação.

Ao longo do último ano, o movimento participou de reuniões e eventos com o Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Ministério da Igualdade Racial e com as Secretarias de Relações Institucionais e Sociais da Presidência da República. As pautas discutidas vão desde a redução das desigualdades no acesso e permanência até a adequação do ensino médico às demandas sociais, passando pelo fortalecimento do SUS, pela aplicação do COAPES (Contrato Organizativo de Ação Pública Ensino-Saúde), pela defesa das cotas e pelo enfrentamento da privatização da educação médica no Brasil.

A urgência dessas reivindicações foi reforçada nas Conferências de Saúde e na Câmara Técnica de Saúde Digital do Conselho Nacional de Saúde. Além disso, a mobilização conquistou um marco inédito: tornou-se a única organização estudantil da área da saúde aprovada no Programa de Formação de Agentes de Educação Popular em Saúde (AGPOPSUS), reforçando sua inserção nas políticas de base.

No campo formativo, o movimento tem dialogado com as Diretrizes Curriculares Nacionais e com o perfil de médico que se pretende formar no Brasil, priorizando a integração ensino-serviço-comunidade. Entre as competências desenvolvidas nesse processo estão comunicação assertiva, protagonismo, liderança, mediação de conflitos e trabalho em equipe — habilidades essenciais para um médico comprometido com o cuidado integral e a realidade do SUS.

A análise crítica dos organizadores reforça a importância dessa participação. “A presença ativa dos estudantes, como processo democrático, é fundamental para superar os desafios da integração ensino-serviço-comunidade e para potencializar a força de trabalho do SUS, afirma Jeferson Alves, representante do movimento.

Ele efetuou a apresentação do trabalho “Mobilização Nacional dos Bolsistas Mais Médicos: Maranhão, berço da resistência nas regiões prioritárias do SUS”, no Congresso Cuidar de Todos, promovido pela Escola de Saúde Pública do Maranhão, e conquistou o segundo lugar no eixo Educação na Saúde.

O trabalho apresentado tem co-autoria de Tamires Brenda Conceição Benites, Francilene Vieira da Silva Freitas, Ana Margarita Beltrán Cintra e Douglas Vinicius Reis Pereira

Mais do que uma pauta estudantil, a Mobilização Nacional dos Bolsistas Mais Médicos representa uma agenda estratégica para o futuro da saúde pública brasileira, ao defender que os graduandos sejam reconhecidos não apenas como aprendizes, mas como sujeitos e operadores de políticas públicas.

Tamires Brenda Conceição Benites

Estudante de Medicina Bolsista Mais Médicos, agente comunitária de Saúde,  diretora da Associação Nacional dos Bolsistas Mais Médicos e membro da coordenação da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (DENEM).

 

Francilene Vieira da Silva

Doutora em Biotecnologia pela Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO/UFPI) e mestre em Farmacologia pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Graduação em Ciências Biológicas (UFPI). Pesquisadora permanente do Núcleo de Pesquisa em Plantas Medicinais (UFPI). Avaliadora ah hoc PIBIC UEMA. Coordenadora de Pesquisa Científica e Extensão do curso de Medicina (Faculdade Pitágoras Bacabal). Coordenadora de Pesquisa, Inovações e Tecnologia do Centro Acadêmico de Medicina Bacabal Dr. Hidalgo Leda. Membro do Conselho Editorial do Journal of CAM Research Progress. Docente Universitária.

 

Ana Margarita Beltrán Cintra

Médica graduada pelo Instituto Superior de Ciências Médicas de la Habana FCM Julio Trigo Lopez, com revalidação e homologação pela Universidade de Brasília (UNB). Especialista em Medicina da Família e Comunidade. Secretária adjunta de Saúde de Bacabal e professora titular no curso de Medicina da Faculdade Pitágoras de Bacabal (MA). 

 

 

Douglas Vinícius Reis Pereira 

Cursa mestrado em Ensino em Ciências da Saúde (Universidade Federal de São Paulo). Médico de família e comunidade (PUC/MG). Especialista em Gestão em Saúde (Universidade Federal da Integração Latino Americana). Professor do curso de medicina (PUC MG). Presidente da Associação Mineira de Medicina de Família e Comunidade. Vice Coordenador Docente da Regional Minas Gerais da Associação Brasileira de Educação Médica. 

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