Evitar o desperdício de medicamentos em unidades hospitalares representa um desafio significativo para a gestão da assistência farmacêutica no SUS

Rafaella de Castro
Farmacêutica graduada pela UNINASSAU. Especialista em Farmácia Hospitalar pela Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAF). Atua na Coordenação da Assistência à Saúde como supervisora de Assistência Farmacêutica da Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares (Emserh), com experiência nas áreas de gestão hospitalar e políticas públicas de saúde. Desenvolve atividades voltadas à promoção do uso racional de medicamentos e à qualificação dos serviços farmacêuticos no SUS.
Evitar desperdícios e promover maior eficiência no gerenciamento de estoque das unidades hospitalares, além da economia de recursos, garante melhoria na prestação do serviço. No entanto, para isso é necessário implantar fluxos mais eficazes nas unidades. Esta é a proposta da pesquisadora Rafaella Franco de Castro no estudo ‘Gerenciamento de medicamentos próximos ao vencimento em unidades hospitalares: um fluxo para otimização de recursos’.
Segundo a pesquisadora, evitar o desperdício de medicamentos em unidades hospitalares representa um desafio significativo para a gestão da assistência farmacêutica no Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, ela realizou a implementação de um novo fluxo de gerenciamento no início de junho de 2024, como parte de uma estratégia contínua de aprimoramento da gestão hospitalar para evitar desperdícios e promover maior eficiência no gerenciamento de estoque das unidades hospitalares.
O novo fluxo implantado visa otimizar o remanejamento desses itens e promover o uso eficiente dos recursos disponíveis. “A ausência de um fluxo estruturado para o gerenciamento de insumos próximos ao vencimento pode resultar em prejuízos financeiros e comprometer o abastecimento de medicamentos essenciais”, explica a pesquisadora Rafaella Franco de Castro.
A implementação do fluxo foi conduzida pela Supervisão de Assistência Farmacêutica, em parceria com a Central de Abastecimento e os coordenadores de farmácias hospitalares. Mensalmente, os coordenadores de farmácia realizam o levantamento de medicamentos e materiais com prazo de validade entre 30 e 90 dias, ou que estejam sem utilização na unidade.
Os dados são reportados até o quinto dia útil por meio de um formulário padronizado, revisado pela Supervisão e compartilhado com os departamentos envolvidos para análise e redistribuição.
Redução de perdas
As ações resultaram na redução das perdas de medicamentos por vencimento e favoreceram a integração entre as unidades hospitalares. “O compartilhamento de informações permitiu a realocação dos insumos que seriam descartados, possibilitando sua utilização em unidades com maior necessidade”, assinala a pesquisadora Rafaella.
A experiência evidenciou a importância de um fluxo estruturado para minimizar desperdícios de insumos hospitalares. E a comunicação entre as unidades e o acompanhamento contínuo foram essenciais.
No entanto, a pesquisadora Rafaella Castro ressalta que para a estratégia funcionar como esperado são necessários aprimoramentos na relação de todos os entes envolvidos. “O envolvimento da Central de Abastecimento, responsável pela logística, ainda precisa ser aprimorado, especialmente para itens oriundos do interior. Recomendo ampliar a iniciativa, incluindo todos os envolvidos e aprimorando continuamente o processo com indicadores de desempenho”, aponta.
O projeto conquistou primeiro lugar no Congresso Saúde para Todos, no eixo “Gestão em Saúde”, promovido pela Escola de Saúde Pública do Maranhão, da Secretaria de Estado da Saúde (SES).